Com Jorginho no controle, a segura estreia do Flamengo na Copa do Mundo

Nas últimas edições do Mundial de Clubes, não foram poucos as ocasiões em que criamos a expectativa de que clubes brasileiros iriam se impor claramente a times da África ou da Ásia, por exemplo. E não foram raras as vezes quem nos desapontamos ao deparar com partidas equilibradas, ou mesmo com derrotas dos nossos clubes. Sendo assim, por mais que o Espérance da Tunísia não seja o atual campeão africano, a forma como o Flamengo controlou o jogo não tem sido rotina neste tipo de confronto. É algo a valorizar na estreia rubro-negra na Copa do Mundo.

E quando se fala em controle, é natural que venha à cabeça a escalação de Filipe Luís. Com zagueiros de ótimo passe, volantes como Pulgar e Jorginho, além de Gérson e Arrascaeta, estava em campo um time que pedia mais cadência do que aceleração. No entanto, é impossível não ressaltar o papel de Jorginho, estreante da noite.

Ele formava uma dupla com Pulgar na hora de defender. Quando o time iniciava as jogadas, em muitos momentos os dois alternavam as alturas ocupadas no campo: se um recuava para perto dos zagueiros, o outro se adiantava. Conforme o Flamengo se colocava no campo adversário, os laterais abriam campo, enquanto Arrascaeta, Luiz Araújo e Gérson se colocavam como um trio de meias ofensivos à frente de Pulgar e Jorginho - ou por vezes dos dois.

Neste cenário, Jorginho parecia atuar há muito tempo no time, aparecendo em diferentes situações. Na primeira boa chance, foi ele quem se aproximou dos zagueiros, ocupando uma posição lateral e iniciando a jogada que quase resultou em finalização de Gérson. No primeiro gol, com Pulgar entre Léo Ortiz e Léo Pereira, colocou-se alguns metros à frente para usar sua grande capacidade de encontrar passes decisivos. Nesta ocasião, achou Arrascaeta às costas dos volantes.

No segundo gol, Jorginho inicia a jogada entre os dois zagueiros, com um lançamento longo para Plata desviar e o time se instalar no ataque. Mais adiante, surge nas imediações da área do Espérance, sempre como um organizador colocado por trás das jogadas. Com o corpo direcionado para a linha lateral, faz o rival imaginar que devolveria a bola a Varela, mas encontra Luiz Araújo em posição de finalizar para marcar.

O Flamengo foi eficaz na pressão para não deixar o rival à vontade, executou bem suas variações de saída de bola, teve posse e permitiu pouco aos tunisianos. O que não significa que teve uma partida perfeita. Se há uma questão que acompanha o time é a frequência com que seus jogos não têm um número de finalizações, ou de chances importantes de gol, proporcional ao tamanho do domínio. É um risco, porque em torneios como este os momentos de descontrole sempre aparecerão. E os rubro-negros tomaram um ou dois sustos desnecessários quando perderam bolas e viram o adversário finalizar com algum perigo. O Flamengo, por vezes, mantém abertos jogos em que é muito superior.

De todo modo, seja pela capacidade de controlar, seja pelo bom desempenho dos defensores, o time parece seguro, capaz de permitir poucas chances. Em torneios com esta característica, é sempre um ponto favorável.

Em três dias, é o Chelsea quem espera pelos rubro-negros, num jogo de características muito diferentes – e nível de dificuldade obviamente mais alto. A ponto de colocar à prova a capacidade defensiva da dupla Pulgar e Jorginho, a boa saída de pressão pelos pés de zagueiros e volantes e, claro, o poder de aproveitar as chances que surgirem. Até lá, algumas questões vão se colocar. Uma delas, se Filipe Luís irá manter Pedro, que não foi bem na estreia, ou se a característica do jogo pedirá atacantes que não apenas pressionem mais do que o camisa 9, mas que também ataquem espaços contra um rival que assumirá mais riscos e terá uma linha defensiva bem mais adiantada.

A estreia, descontado o nível do rival, deixou boas sensações e foi um passo importante para a classificação no grupo. Mas, na sexta-feira, o teste será bem mais desafiador.

Fonte: Globo Esporte
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