Pela segunda vez em quatro dias, o suor se sobrepôs à inspiração em um encontro entre Flamengo e Atlético-MG no Maracanã. Diferentemente da vitória rubro-negra pelo Campeonato Brasileiro no domingo passado, o alvinegro saiu com o triunfo por 1 a 0 e largou na frente no confronto das oitavas de final da Copa do Brasil. Cuello fez o gol do jogo ao aproveitar uma chance de ouro entregue por Léo Pereira no segundo tempo.
A partida de ontem era a oportunidade para o rubro-negro mostrar se existe ou não a priorização de competições nesta temporada. Mas o discurso ficou no papel. O técnico Filipe Luís lançou a campo um time modificado — sem Jorginho, Arrascaeta e Bruno Henrique —, mas ainda assim dominado por jogadores titulares, mesmo antes de uma longa viagem pelo Brasileirão, torneio que lidera.
Na segunda etapa, o treinador lançou a campo os três reforços recém-anunciados — Saúl, Emerson Royal e Samuel Lino. Acabou sendo um batismo na “fogueira”, já que entraram em campo com pouquíssimo tempo de treinamento com os companheiros. Mesmo em um cenário adverso, Lino mostrou qualidade e deixou um bom cartão de visita.
O Flamengo tem protagonizado inícios lentos de partida e deixado a desejar em criatividade. Ainda assim, vinha vencendo no Brasileirão com paciência e aproveitamento das bolas paradas, muitas vezes definidas por seus defensores. Por ironia do destino, foi um zagueiro que comprometeu ontem.
Em um lance de saída de bola que já vinha se mostrando arriscado diante da pressão alta do Atlético, Léo Pereira recebeu de Rossi, mas entregou a bola nos pés de Cuello, que mandou para as redes.
Até o gol do Atlético, o grande momento do Flamengo no jogo foi uma bola de Evertton Araújo no travessão. A equipe teve o domínio, mas faltou refinar melhor as jogadas. Léo Ortiz e Léo Pereira deram sinais de cansaço e não apresentaram a mesma verticalidade de costume, enquanto Matheus Gonçalves tentava ser o cérebro pela direita, mas sem que os homens de frente acompanhassem seu ritmo. A beleza ficou restrita ao terceiro uniforme, que estreou com uma derrota marcante.
Enquanto o Atlético redobrou a aposta nos contra-ataques, Varela se destacou na partida. O lateral fez uma série de intervenções cruciais, incluindo uma logo antes do gol adversário.
Com a desvantagem no placar, o rubro-negro se lançou ao ataque e, ao menos, viu seus reforços se tornarem fatos novos. Royal acertou o travessão em finalização na segunda trave após cruzamento de Lino. E o ponta-esquerda entrou em campo se mostrando disposto a tomar conta da posição.
Anunciado pelo Flamengo no dia anterior, o jogador mais caro da história do clube (quase R$ 150 milhões) perturbou a defesa do Atlético, chegando a ter um gol anulado por impedimento no último lance do jogo, para desespero dos mais de 60 mil rubro-negros que haviam explodido de felicidade com o que seria o empate. Lino também protagonizou boas jogadas de infiltração e dribles, e forçou Everson a fazer grande defesa.
— Uma pena, podia ser uma estreia com um gol que impediria a derrota — lamentou Lino. — Eu me senti muito bem. No começo, ainda estava um pouco confuso, é tudo muito novo estar no Brasil, onde nunca joguei profissionalmente. Depois fui me adaptando, me sentindo bem fisicamente.
O Flamengo escolheu utilizar força máxima na Copa do Brasil e agora precisará reverter o prejuízo em Belo Horizonte, na próxima quarta-feira, às 19h. Antes, sem ter dosado o elenco da melhor forma no meio de semana, terá compromisso contra o Ceará, no Castelão, pelo Brasileiro, às 18h30 de domingo.
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