A Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) denunciou Bruno Henrique e mais quatro pessoas na noite desta sexta-feira. O atacante do Flamengo será julgado e pode ser suspenso por até dois anos por ter forçado dois cartões amarelos em partida contra o Santos, no Brasileirão de 2023, para beneficiar apostadores.
A informação foi trazida inicialmente pelo site Uol e confirmada pelo GLOBO, que teve acesso ao documento da denúncia. O jogador foi enquadrado em quatro artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD): 243 (1º parágrafo), 243-A, 184 e 191. E também no artigo 65 do Regulamento Geral de Competições da CBF.
O artigo 243 trata sobre "atuar deliberadamente, de modo prejudicial à equipe que defende", havendo ainda o agravamento de ter levado vantagem financeira, e tem como punição prevista uma suspensão de 360 a 720 dias. Já o 243-A fala sobre "atuar, de forma contrária à ética desportiva, com o fim de influenciar o resultado de partida, prova ou equivalente". A punição vai de 12 a 14 partidas.
"O comportamento ilícito do atleta pode ser enquadrado no conceito de spot-fixing, definido como uma forma específica de manipulação de resultados esportivos, na qual um evento ou ação isolada dentro de uma partida é deliberadamente manipulado para beneficiar apostas ou interesses indevidos", diz trecho da denúncia.
A primeira instância do Tribunal irá agora avaliar se aceita a denúncia e os artigos nos qual os réus podem ser julgados. A data para um julgamento ainda será definida, com prazo de finalização do processo em até 60 dias. Neste domingo, às 18h30, Bruno Henrique deve voltar a campo para enfrentar o Ceará, pelo Brasileirão.
Cinco denunciados
Ontem, o blog do Diogo Dantas havia adiantado que a Procuradoria havia finalizado o relatório sobre o caso e tinha até o dia 6 de agosto para se manifestar. O cenário avaliado apontava para uma denúncia.
Bruno Henrique é acusado de ter compartilhado informações antecipadas sobre o recebimento do cartão amarelo contra o Santos, em jogo que ocorreu no estádio Mané Garrincha, em Brasília — por isso virou réu num processo criminal que tramita na Justiça do Distrito Federal.
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O lance teria beneficiado seu irmão Wander Nunes Pinto Júnior, que também é acusado. Segundo o Ministério Público, ele teria intermediado a negociação e repassado informações privilegiadas sobre o jogo.
Além da dupla, também foram denunciados Claudinei Vitor Mosquete Bassan, Andryl Reis e Douglas Barcelos. Todos possuem registro de atletas amadores e também podem ser enquadrados pelo STJD, por terem se utilizados das informações repassadas por Bruno Henrique.
Por fim, também estão envolvidos nas apostas irregulares Ludymilla Araújo Lima, a esposa de Wander, e Poliana Ester Nunes Cardoso, prima de Bruno.
Conversas
A investigação traz conversas entre o jogador e seu irmão, em que Bruno Henrique aparece avisando a data em que receberia o cartão amarelo.
"Quando o pessoal mandar tomar o 3 liga nós hein kkkk", pediu o irmão. "Contra o Santos", respondeu Bruno Henrique.
Em seguida, garantiu que não receberia o cartão na partida anterior: "Não vou reclamar", "só se eu entrar duro em alguém", escreveu o jogador. "Boua já vou guardar o dinheiro investimento com sucesso", comemorou o irmão.
Na partida contra o Santos, o atacante recebeu o amarelo e reclamou com o árbitro, levando ao cartão vermelho direto. Isso teria beneficiado o irmão, de acordo com a denúncia.
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