Santos no Rio: Pelé e cia adotaram Maraca por campo e renda maiores

jornal o globo, santos, pelé, maracanã, 1963 (Foto: Reprodução) Santos 4 x 2 Milan em 1963 no Maraca: a vitória brasileira mais sensacional, segundo o jornal O Globo (Foto: Reprodução)

O Rio de Janeiro de 1960 vivia uma época de mudanças. Com a fundação de Brasília, que passou a ser capital do Brasil a partir de 21 de abril, o município virou uma cidade-estado, com no nome Guanabara. A história, a partir daquela década, iria indicar diversas novidades, no campo político e social, como a ditadura militar. No futebol, não foi diferente. Os anos 60, de hegemonia do Santos de Pelé, trouxe glórias, como o bi da Libertadores e do Mundial. E teve o Maracanã como palco. Ao adotar o estádio carioca visando explorar um campo maior e arrecadar rendas polpudas, a direção do Peixe fez no passado o que as de Flamengo e Fluminense repetem no presente. Muito antes do Fla-Flu do Pacaembu, neste domingo, a partir das 16h, o time paulista teve como casa o Rio.

Foram seis jogos com mando do Santos no Maraca, entre Libertadores, Mundial e Recopa Sul-Americana. Quatro títulos, uma eliminação. O Peixe ainda enfrentou o Bahia, em 1960, e perdeu a final da Taça Brasil de 59: 3 a 1, no terceiro jogo em campo neutro. Como visitante, o time paulista tem 151 duelos.

Tabela Santos no Rio de Janeiro (Foto: GloboEsporte.com)

- O Santos jogava (no Maracanã) porque na Vila Belmiro cabia 15 mil e queria uma renda maior. Com a popularidade de Pelé e cia., não tinha por que ganhar pouco dinheiro. E por que não jogar em São Paulo? Porque Santos fugia da torcida de lá. Se jogasse no Pacaembu, por exemplo, teria minoria de santistas, e os rivais para torcer contra. Já no Rio de Janeiro, torcedor carioca apoiava. Cidade praiana como Santos. Torcedor queria ver Pelé no auge - conta o historiador Guilherme Gomes Guarche.

A decisão da gestão do presidente Athiê Jorge Coury teve críticas. Os jornais paulistas da época reclamavam.

- Criticavam o time sair da sua cidade e do seu Estado. Para ser politicamente correto, Santos dizia que teria no máximo 70 mil torcedores em São Paulo e que no Maracanã, em final de Libertadores ou Mundial, passaria de 100 mil. Mas a verdade era que Santos fazia isso para fugir da torcida de São Paulo, ter estádio cheio, maior renda, e também o apoio dos cariocas - completa o historiador.

E foi o que aconteceu. De acordo com reportagem do jornal O Globo de 15 de novembro de 1963, os 132.728 espectadores de Santos 4 x 2 Milan, partida definida pela reportagem como "A mais sensacional vitória brasileira", que obrigou o terceiro jogo para apontar o campeão mundial, geraram uma arrecadação recorde do estádio: Cr$ 98.075.500,00. Mas não era só financeiro.

Pelé, em entrevista à TV Globo em 2012, contou algo que ajudava ele e os demais colegas (veja no vídeo acima, que conta a história do Rei no Maracanã) . E era o terror dos adversários:

- Aquele ataque do Santos, com Pelé, Dorval, Coutinho e Pepe era muito rápido. Então, quanto mais espaço, melhor para a gente. E o Maracanã dava isso. Passou a ser a nossa casa.

Também deu certo. Só houve uma derrota. Em 1964, para o argentino Independiente: 3 a 2 e eliminação da semifinal da Libertadores. Mas a casa adotada valeu a pena...

Fonte: Globo Esporte