Há problemas diferentes em cada clube, mas existe um vilão em comum, ingrediente chave da atual mediocridade: o calendário.
Cada rodada é um exercício de minimização de danos. Ufa, deu para o gasto. Avançamos à próxima fase. Com sorte, sem ninguém se machucar.
O desgaste resultante de dois anos de insanidade está cada vez mais aparente, especialmente no topo, onde a qualidade deveria ser maior.
Mesmo clubes com excelente histórico de seu departamento médico, como o Palmeiras, estão começando a sofrer com lesões recorrentes. O Flamengo tem, agora, fora de combate: Santos, Diego Alves, Gustavo Henrique, Fabricio Bruno, Filipe Luís, Matheus França e Vitinho.
Não há tempo para o jogador brasileiro se recuperar. Abel Ferreira nota isso em seu livro, "Cabeça Fria Coração Quente". Que o surpreendeu como os atletas daqui se dispõem a voltar mesmo sem estar 100% recuperados, para não perder partidas demais. Acostumam-se a viver com a dor e machucados. A sobreviver.
Duas semanas de DM equivalem a quatro, cinco ou seis partidas, possivelmente decisivas. Um mês? Impensável.
Se você joga em um dia, viaja, treina e joga de novo no outro, a que horas o corpo se regenera? Mesmo aquele ainda saudável?
Assistir a equipes brasileiras, hoje, é ver um futebol machucado. Cansado. Lento. Um que até dá para o gasto, mas claramente não vive seu potencial máximo.
Como escrevi semana passada , a Copa do Brasil vem sendo a maior prova disso. Os maiores clubes do país, com as mais robustas folhas salariais, suando para eliminar times de Série D.
O Atlético-MG só venceu uma de suas últimas seis partidas. O início da temporada 2021 do Galo também foi claudicante, então pode ser só o ajuste ao trabalho do novo treinador, mas...
Estamos nivelados. Por baixo. Por motivos de cansaço. É uma pena, porque temos mais futebol do que isso aí.
Bora continuar esse papo. Vocês me encontram no Twitter , Instagram e em vários lugares aqui do UOL.
Imagem: VINICIUS NUNES/AGÊNCIA F8/ESTADÃO CONTEÚDO