Boto encara primeira turbulência no Flamengo e é blindado por Bap, que mantém respaldo, mas não incondicional

A forma como o diretor de futebol José Boto tem conduzido as situações que envolvem a gestão de elenco e o mercado do Flamengo resultaram na primeira turbulência que o português encara no clube.

Acostumado a emitir opiniões sinceras e representar o departamento, o executivo tem gerado ruídos internos pela forma como avalia os jogadores. Com isso, perdeu o apoio incondicional do presidente.

Luiz Eduardo Baptista, o Bap, indicou internamente que não vai se importar em expor ninguém que atrapalhar a gestão do futebol, nem que seja o homem mais forte da pasta. Mas o respaldo persiste.

Explica-se: hoje Boto executa tudo que Bap determina e funciona como seu porta-voz. Isso tem colocado o português em algumas situações que geraram desconforto com jogadores e agentes.

A maioria delas passa por questões contratuais. Houve desgaste com Gerson, depois com Pedro e agora também Arrascaeta, em função das renovações pretendidas.

No dia a dia, justamente por representar os interesses da diretoria e do clube em termos financeiros, Boto não é figura de diálogo fácil com os atletas. Normalmente, trata com seus empresários.

Avesso ao vestiário

O vestiário do Flamengo tem o comando do técnico Filipe Luís. E é ele que com a boa relação com Boto faz do dirigente uma figura que circula bem em todo departamento. O diretor mantém distância.

Por conta do jeito do português e das recentes declarações, houve até um movimento político na Gávea para tentar sugerir a Bap outros nomes para o cargo.

Por sua vez, o presidente mantém a confiança no executivo e espera dele uma gestão eficiente no mercado, maximizando receitas, como aconteceu na venda de Gerson.

Bap também blinda Boto do acesso a conselheiros e dirigentes amadores. O diálogo é restrito entre a dupla e com Filipe Luis. O presidente deixa claro ao diretor que a decisão final é dele, que tem a caneta.

Seis meses depois de assumir o cargo, Boto tem sua sustentação vinda de cima. Mas na avaliação interna precisa saber lidar melhor com os que estão abaixo.

Segundo a própria avaliação, as opiniões internas que emite são fruto de análise de mercado, pensando no melhor para o Flamengo. E com aval do presidente. Até agora.

Fonte: O Globo
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