Marcelo Gallardo completa neste sábado, 6 de junho, incríveis seis anos ininterruptos no comando do River Plate . Sob a direção do ex-meia, o gigante argentino e sul-americano deixou os tempos ruins para trás, voltou a ser protagonista e recuperou a mania de ser campeão: foram 12 títulos, entre eles duas Libertadores , em 2015 e 2018 (além do vice na temporada passada).
O sucesso do projeto de Gallardo contrasta, e muito, com o que existe atualmente no futebol brasileiro. De junho de 2014 até hoje, os chamados 12 grandes clubes do país foram exatamente no caminho contrário e abusaram das trocas de técnico. O resultado final chama atenção: quem foi mais vezes campeão só conseguiu metade das taças do River no mesmo período.
No levantamento feito pelo ESPN.com.br , quem mais se destaca é o Grêmio , que, ao segurar Renato Gaúcho por quase quatro anos, foi quem menos trocou de técnico e quem mais foi campeão – seis vezes. Só o Flamengo , com seis conquistas, se iguala, mesmo que para isso tenha uma média assustadora de dois comandantes por temporada.
Doze técnicos diferentes também foi a marca do São Paulo , único dos chamados grandes do Brasil a não ser campeão no período. O último título tricolor foi a Sul-Americana de 2012. Vale lembrar que o levantamento não leva em conta os interinos – caso contrário, a equipe do Morumbi estaria ainda pior.
Veja abaixo a situação de casa clube:
ATLÉTICO-MG - 12 TÉCNICOS, 4 TÍTULOS
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Levir Culpi (2014-15)
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Diego Aguirre (2016)
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Marcelo Oliveira (2016)
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Roger Machado (2017)
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Rogério Micale (2017)
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Oswaldo de Oliveira (2017-18)
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Thiago Larghi (2018)
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Levir Culpi (2018-19)
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Rodrigo Santana (2019)
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Vagner Mancini (2019)
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Rafael Dudamel (2020)
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Jorge Sampaoli (2020)
Títulos : Recopa Sul-Americana 2014, Copa do Brasil 2014, Campeonato Mineiro 2015 e Campeonato Mineiro 2017
O Atlético-MG passou a acumular técnicos de estilos completamente diferentes: de Levir Culpi (duas vezes, aliás) para Diego Aguirre, de Rogério Micale para Oswaldo de Oliveira, por exemplo. A aposta atual para quebrar a rotatividade é Jorge Sampaoli, argentino que fez o Santos ter uma identidade. O problema: já é o segundo comandante em 2020.
BOTAFOGO - 11 TÉCNICOS, 2 TÍTULOS
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Vagner Mancini (2014)
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René Simões (2014-15)
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Ricardo Gomes (2015-16)
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Jair Ventura (2016-17)
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Felipe Conceição (2018)
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Alberto Valentim (2018)
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Marcos Paquetá (2018)
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Zé Ricardo (2018-19)
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Eduardo Barroca (2019)
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Alberto Valentim (2019-20)
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Paulo Autuori (2020)
Títulos : Série B 2015 e Campeonato Carioca 2018
O Botafogo chegou a ameaçar uma continuidade, quando manteve René Simões, Ricardo Gomes e Jair Ventura de uma temporada para a outra, mas depois passou a ter menos paciência com os professores a cada resultado ruim. Assim como o Atlético-MG, teve um mesmo técnico em duas passagens diferentes (Valentim) e já trocou de nome este ano.
CORINTHIANS - 10 TÉCNICOS, 5 TÍTULOS
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Mano Menezes (2014)
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Tite (2015-16)
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Cristovão Borges (2016)
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Oswaldo de Oliveira (2016)
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Fábio Carille (2017-18)
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Osmar Loss (2018)
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Jair Ventura (2018)
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Fábio Carille (2019)
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Dyego Coelho (2019)
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Tiago Nunes (2020)
Títulos : Campeonato Brasileiro 2015 e 2017, Campeonato Paulista 2017, 2018 e 2019
Elogiado pela manutenção de uma filosofia entre 2008 e 2016, quando basicamente teve Mano Menezes e Tite no comando, o Corinthians passou a adotar o mesmo estilo de outros grandes e rotacionar o cargo de treinador. O ponto fora da curva foi Fábio Carille, único, desde o atual comandante da seleção, a ficar um ano consecutivo. Não à toa, quatro dos últimos cinco títulos foram com ele.
CRUZEIRO - 10 TÉCNICOS, 5 TÍTULOS
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Marcelo Oliveira (2013-15)
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Vanderlei Luxemburgo (2015)
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Mano Menezes (2015)
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Deivid (2015-16)
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Paulo Bento (2016)
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Mano Menezes (2016-19)
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Rogério Ceni (2019)
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Abel Braga (2019)
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Adilson Batista (2019-20)
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Enderson Moreira (2020)
Títulos : Campeonato Brasileiro 2014, Copa do Brasil 2017, Campeonato Mineiro 2018 e 2019, Copa do Brasil 2018
Nem a alta longevidade de Mano Menezes, por três anos seguidos na Toca da Raposa, impediu que o Cruzeiro tivesse dez comandantes em seis anos. Se por um lado deu tempo a Mano, por outro o time mineiro não fez o mesmo com Deivid, Paulo Bento, Rogério Ceni e Adilson Batista, de ínfimas passagens pelo clube. No período, são cinco títulos, mas também o inédito rebaixamento à Série B.
FLAMENGO - 12 TÉCNICOS, 6 TÍTULOS
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Ney Franco (2014)
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Vanderlei Luxemburgo (2014-15)
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Cristovão Borges (2015)
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Oswaldo de Oliveira (2015)
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Muricy Ramalho (2016)
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Zé Ricardo (2016-17)
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Reinaldo Rueda (2017)
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Paulo César Carpegiani (2018)
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Maurício Barbieri (2018)
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Dorival Júnior (2018)
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Abel Braga (2019)
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Jorge Jesus (2019-atual)
Títulos : Campeonato Carioca 2017 e 2019, Libertadores 2019, Campeonato Brasileiro 2019, Supercopa do Brasil 2020, Recopa Sul-Americana 2020
Até encontrar Jorge Jesus, o português que colocou o Flamengo nos eixos e venceu quase tudo que disputou de um ano para cá, o Flamengo patinou nas escolhas de técnicos. São 12 em seis anos, muitos de pouquíssimo tempo de trabalho. Cristovão, Muricy, Carpegiani e Dorival são apenas alguns desses exemplos. Além do Mister, o único a ser campeão no clube foi Zé Ricardo.
FLUMINENSE - 10 TÉCNICOS, 1 TÍTULO
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Cristovão Borges (2014-15)
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Ricardo Drubscky (2015)
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Enderson Moreira (2015)
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Eduardo Baptista (2015-16)
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Levir Culpi (2016)
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Abel Braga (2016-18)
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Marcelo Oliveira (2018)
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Fernando Diniz (2018-19)
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Oswaldo de Oliveira (2019)
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Odair Hellmann (2020)
Título : Primeira Liga 2016
A conta do Fluminense também é negativa. Para vencer apenas um único título nos últimos seis anos, a já extinta Primeira Liga, o Tricolor carioca acumulou professores no banco. Só em 2015, por exemplo, foram quatro nomes diferentes. O único a completar uma temporada inteira foi Abel Braga, em 2017.
GRÊMIO - 4 TÉCNICOS, 6 TÍTULOS
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Enderson Moreira (2014)
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Luiz Felipe Scolari (2014-15)
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Roger Machado (2015-16)
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Renato Gaúcho (2016-20)
Títulos : Copa do Brasil 2016, Copa Libertadores 2017, Recopa Sul-Americana 2018, Campeonato Gaúcho 2018 e 2019, Recopa Gaúcha 2019
Até 2016, o Grêmio mantinha a sina de trocar o comando, tanto que já o tinha feito com as saídas de Enderson Moreira, Felipão e Roger. Mas Renato Gaúcho chegou em meados daquele ano e liderou uma mudança de filosofia em Porto Alegre. Em quase quatro anos no comando, o ídolo fez o clube erguer seis canecos, entre eles o tricampeonato da Libertadores, em 2017.
INTERNACIONAL - 11 TÉCNICOS, 4 TÍTULOS
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Abel Braga (2014)
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Diego Aguirre (2015)
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Argel Fucks (2015-16)
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Paulo Roberto Falcão (2016)
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Celso Roth (2016)
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Lisca (2016)
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Antônio Carlos Zago (2017)
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Guto Ferreira (2017)
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Odair Hellmann (2017-19)
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Zé Ricardo (2019)
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Eduardo Coudet (2020)
Títulos : Campeonato Gaúcho 2015 e 2016, Recopa Gaúcha 2016 e 2017
Diferentemente do maior rival, o Inter teve muitos técnicos de 2014 para cá. Foram 11, alguns por pouquíssimos jogos, como Falcão, Lisca e Zé Ricardo. A bola da vez é Eduardo Coudet, argentino que chegou respaldado pelo trabalho no Racing e que tenta por fim à mudança no Beira-Rio.
PALMEIRAS - 11 TÉCNICOS, 3 TÍTULOS
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Ricardo Gareca (2014)
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Dorival Júnior (2014)
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Oswaldo de Oliveira (2015)
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Marcelo Oliveira (2015-16)
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Cuca (2016)
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Eduardo Baptista (2017)
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Cuca (2017)
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Roger Machado (2018)
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Luiz Felipe Scolari (2018-19)
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Mano Menezes (2019)
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Vanderlei Luxemburgo (2020)
Títulos : Copa do Brasil 2015, Campeonato Brasileiro 2016 e 2018
Campeão nacional três vezes no período (duas do Brasileirão e uma da Copa do Brasil), o Palmeiras não escapou da alta rotatividade nem nos anos em que terminou campeão. Em 2015, por exemplo, teve Oswaldo de Oliveira e Marcelo Oliveira, substituído por Cuca na campanha do título brasileiro. A maior longevidade foi de Felipão, campeão em 2018 e demitido no ano seguinte após derrota para o Flamengo.
SANTOS - 8 TÉCNICOS, 2 TÍTULOS
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Enderson Moreira (2014-15)
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Marcelo Fernandes (2015)
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Dorival Júnior (2015-17)
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Levir Culpi (2017)
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Jair Ventura (2018)
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Cuca (2018)
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Jorge Sampaoli (2019)
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Jesualdo Ferreira (2020)
Títulos : Campeonato Paulista 2015 e 2016
O Santos é quem mais se aproxima do Grêmio. Em seis anos, foram oito comandantes, número ajudado pela permanência de Dorival Júnior em duas temporadas e também pelo trabalho de Sampaoli em 2019. Cabe a Jesualdo Ferreira convencer a diretoria a segurá-lo por mais tempo.
SÃO PAULO - 12 TÉCNICOS, SEM TÍTULO
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Muricy Ramalho (2014-15)
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Juan Carlos Osorio (2015)
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Doriva (2015)
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Edgardo Bauza (2016)
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Ricardo Gomes (2016)
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Rogério Ceni (2017)
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Dorival Júnior (2017-18)
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Diego Aguirre (2018)
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André Jardine (2019)
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Vágner Mancini (2019)
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Cuca (2019)
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Fernando Diniz (2019-20)
A equipe do Morumbi patinou muito na "era Gallardo". Com perfis completamente diferentes (dos ídolos Muricy e Ceni aos cautelosos Bauza e Aguirre, passando pela modernidade de Osorio), o São Paulo nunca teve um mesmo comando por um ano desde a saída de Muricy. Fernando Diniz, que começou cheio de desconfiança e parece ter ganho moral, luta para ser o primeiro campeão desde 2012.
VASCO - 13 TÉCNICOS, 2 TÍTULOS
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Adilson Batista (2014)
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Joel Santana (2014)
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Doriva (2015)
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Celso Roth (2015)
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Jorginho (2015-16)
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Cristovão Borges (2017)
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Milton Mendes (2017)
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Zé Ricardo (2017-18)
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Jorginho (2018)
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Alberto Valentim (2018-19)
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Vanderlei Luxemburgo (2019)
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Abel Braga (2020)
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Ramon Menezes (2020)
Títulos : Campeonato Carioca 2015 e 2016
O grande brasileiro com mais técnicos nos últimos seis anos é o Vasco, que, com a demissão de Abel Braga e a efetivação de Ramon Menezes, chegou a 13 professores durante a "era Gallardo" no River. Tanta rotatividade rendeu uma volta para a Série B, muitas campanhas sem brilho e dois troféus, ambos do Carioca, em 2015 e 2016.
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