Fred Luz foi um dos ouvidos nesta sexta-feira, na segunda sessão da CPI que investiga o incêndio no Ninho do Urubu. Ex-CEO do Flamengo entre 2014 e 2017, ele disse, durante depoimento na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, que o clube tratava os contêineres como "perfeitamente adequados" para alojamento.

"Quando começamos (a trabalhar no Flamengo) já existiam módulos e houve até uma expansão, contratação de mais módulos com objetivo de hospedar os meninos dentro do Flamengo. A informação que eu sempre tive era que esses módulos eram perfeitamente adequados para os meninos ficarem. Quem me informou foram os diretores da área técnica do Flamengo, que eram subordinados a mim". disse o cartola.

O presidente Rodolfo Landim, convocado na sessão da última sexta-feira , não compareceu novamente à Alerj e foi representado pelo vice-presidente jurídico Rodrigo Dunshee e o ex-vice de patrimônio, Alexandre Wrobel. O diretor de futebol Marcos Braz também marcou presença.

O primeiro depoimento foi de Fred Luz, que assumiu a direção geral do Flamengo em 2014. O ex-dirigente falou como era o funcionamento da diretoria rubro-negra, desde o futebol até a parte patrimonial, mas não apontou nomes de quem teria aprovado o uso de contêineres com o propósito de alojamento.

"A gente já usava como dormitórios para os profissionais, então não havia motivo para acreditar que aquilo era inadequado. (...) O Flamengo alugou módulos da NHJ com o propósito de alocar meninos. Se o módulo foi alugado para alojar pessoas lá, com ar condicionado e camas, acredito que tenha sido (com este propósito). Alguns deles eram usados com essas funções, de ambulatório, escritório e tudo mais, e outros eram utilizados como hospedagem aos meninos da base", afirmou.

Além dos cartolas do Flamengo, a segunda sessão da CPI contou também com a presença dos familiares de Christian Esmério, Bernardo Pesetta, Pablo Henrique e Jorge Eduardo.

Em determinado momento, Darlei, pai de Bernardo, ficou incomodado com o uso da palavra "jaula" para definir o contêiner usado pelos meninos e, de forma emocionada, pediu a palavra para pedir respeito.

"Quando o senhor se refere à jaula, cuidado. Eram nossos filhos que estavam lá. Se fosse seu filho, você não deixaria lá. Respeitem as crianças, assim como o Flamengo tem que nos respeito. Só quero respeito, assim como o doutor Landim disse que nenhum chegaria aos profissionais do Flamengo, quero o mesmo respeito quando trata de jaula. O meu filho não era animal para estar em jaula. É uma crítica para que isso não afete a gente".

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Após depoimento de Darlei, os deputados pediram desculpa e deram sequência aos depoimentos. Foram convocados também representantes da prefeitura do Rio de Janeiro, da empresa NHL (que alugou os contêineres ao clube) e outros.