Uma rivalidade construída ao longo de décadas, e inflamada nos últimos anos, deu o ar da graça em mais um embate acalorado entre Flamengo e Atlético-MG, neste domingo, no Maracanã. Regado de reclamações com a arbitragem, o jogo com cara de final testou os nervos das equipes e terminou melhor para o rubro-negro carioca, que venceu por 1 a 0 com gol de Léo Ortiz no segundo tempo. O resultado foi melhor que o desempenho. E leva o Flamengo à liderança do Brasileiro, com 36 pontos.
Depois de um primeiro tempo equilibrado, intenso e nervoso, a etapa final teve mais estratégia dos treinadores. E com nova aposta em Wallace Yan, Filipe Luis levou a melhor sobre Cuca. O jovem sofreu falta em arrancada, Luis Araújo, outro que entrou no fim, cobrou, e Ortiz testou no fundo do gol, com direito a provocação de Yan em cima de Hulk e princípio de confusão. Na quinta-feira, as equipes se reencontram para iniciar a disputa das oitavas de final da Copa do Brasil, também no Rio, em mais um capítulo da rivalidade.
Esquema diferente
Enquanto não pode usar o meio-campo Saúl, reforço apresentado ao lado do lateral-direito Emerson Royal antes da partida, Filipe Luís iniciou o jogo com uma esquema com três atacantes - Pedro, Bruno Henrique e Plata - e uma linha de quatro com laterais mais construtores - Varela e Viña. O excesso de homens de frente não significou maior poderio ofensivo. Pelo contrário. Embora tenha começado mais em cima do Atlético-MG, faltou finalizar a gol com mais contundência e ter mais calma para escolher a melhor jogada com a posse no campo do adversário.
Com uma postura reativa e apostando na velocidade para sair em transição, o Galo surpreendeu o Flamengo com bolas longas a partir do momento em que recuava e conseguia neutralizar os ataques. Scarpa e Rony foram peças importantes nessa condução e obrigaram o Flamengo a se fechar rapidamente, o que é difícil para uma equipe que joga com as linhas muito altas. Varela e Viña tiveram papel importante para os bloqueios, já que Allan e Jorginho foram mais facilmente superados por dentro.
O Atlético-MG também conseguiu jogar no campo de ataque e incomodar. O Flamengo não fazia um jogo com a posse de bola de costume e por isso mesmo construiu mais a partir das laterais e dos zagueiros, com bolas esticadas para Plata e Bruno Henrique, uma vez que não tem mais Wesley, vendido. Por dentro, Arrascaeta e Jorginho tinham ações mais tímidas com a bola, o que denotava a falta de outro jogador negociado, Gerson. Em uma rara jogada, Plata, o jogador com maior movimentação do Flamengo, foi lançado e derrubado perto da área. O juiz foi ao vídeo, não atendeu ao pedido de pênalti, mas não expulsou Fausto Vera, o último homem na defesa.
Mudanças definem jogo
No segundo tempo, Everton Araújo foi a campo no lugar de Allan para melhorar a marcação frouxa do Flamengo. Para a falta de criatividade, entraram Wallace Yan e Luiz Araújo, e saíram Plata e Arrascaeta. Filipe Luís manteve a estrutura, mas promoveu mais intensidade. Cuca respondeu com Junior Santos na vaga de Gabriel Menino. Armado para o contragolpe, o Galo esperava a hora certa. Mas foi o Flamengo que a encontrou. Se não tinha meia criativo, o zagueiro apelidado de "camisa 10 da zaga" resolveu.