Diego Alves recebeu a maior nota (7,87) da 15ª rodada do Campeonato Brasileiro no Prêmio ESPN Bola de Prata Sportingbet . Na goleada de 4 a 1 do Flamengo sobre o Vasco , o goleiro defendeu nada menos que dois pênaltis: um de Yago Pikachu, e outro de Bruno César.

Aos 34 anos, o jogador nascido no Rio de Janeiro começou no futebol em São José dos Campos antes de se mudar com a família para Ribeirão Preto. Após jogar por times amadores, ele foi para as categorias de base do Botafogo-SP.

Nesse período, ele engordou 20 kg por causa de um tratamento contra paralisia facial feito com o medicamento cortisona. Com a nova silhueta, ele ganhou o apelido de “X-Tudo” dos colegas.

Mesmo assim, Diego não parou com o futebol e conseguiu voltar ao peso normal e a se destacar na base do time paulista. Aos 16 anos, ele viajou pela primeira vez para Europa para disputar a Milk Cup na Irlanda do Norte, em 2001.

“Nossos adversários eram Manchester United, Leeds, seleção do Japão e do Paraguai. Os paraguaios foram os campeões. Nós perdemos para o Manchester na semifinal por 2 a 1 na malandragem (risos)”, disse o goleiro, ao ESPN.com.br , em 2017.

O Botafogo de Ribeirão Preto terminou na terceira posição do torneio.

“Depois que voltei ao Brasil com a mentalidade de jogar na Europa. Eu gostei do estilo e do futebol. Foi essa viagem que me despertou essa vontade. Via o gramado perfeito, gostei do ambiente e pensei: ‘Poxa, eu quero isso para mim’”, recordou.

O arqueiro fez seu primeiro contrato e foi promovido para treinar entre os profissionais. Além disso, fazia algumas partidas nas categorias sub-17 e sub-20.

“Eu joguei a Copa São Paulo de futebol júnior 2004 como titular. Saímos na primeira fase, mas fui muito bem. O Atlético-MG me viu jogando um Come-Fogo [clássico da cidade de Ribeirão Preto entre Comercial-SP x Botafogo-SP] e me contrataram junto com o [atacante] Eder Luis, que jogava no Comercial”, relembrou.

Diego Alves assumiu a titularidade do time sub-20 do Galo que antes pertencia ao goleiro Bruno. Em 2005, ele fez sua estreia como profissional na goleada por 4 a 1 contra a URT-MG pelo Campeonato Mineiro.

“Eu fiz mais dois jogos antes de ir para a seleção brasileira sub-20. O Bruno ficou na reserva. Só que o Danrlei pegou uma suspensão de cinco jogos depois de uma briga com o Tévez. O Bruno jogou e foi bem. Quando eu voltei, virei reserva”, afirmou.

O Atlético-MG acabou rebaixado para a segunda divisão nacional. No ano seguinte, Diego ficou mais oito meses no banco de reservas. Com a saída de Bruno para o Corinthians, em agosto, a disputa entre os goleiros acabou.

“O time estava na 14ª posição da Série B quando chegou o [técnico] Levir Culpi. Me deram cinco jogos para ver como iria me sair e fui bem. Acabamos sendo campeões”, comemorou. Em 2007, Diego Alves manteve a posição durante a conquista do Campeonato Mineiro. Por ter feito ótimas atuações e possuir passaporte italiano, o goleiro despertou cobiça do futebol europeu.

“Recebi uma proposta da Lazio-ITA, mas como o pagamento era muito parcelado o Atlético-MG recusou. Veio o Bétis-ESP e ofereceu um bom dinheiro, mas com o mesmo problema e recusou. Já o Almería-ESP iria pagar em apenas duas parcelas e tudo deu certo”, explicou.

Além do lado financeiro, a ligação de um futuro companheiro de equipe foi fundamental para o acerto.

“O Felipe Melo já estava lá e me ligou: ‘Diego, pode vir que aqui é um clube correto e tudo mais’. Conversamos bastante. Eu não conhecia o Almería e com o Felipe tive as primeiras informações. Nos ajudamos muito nesse período na Espanha”, rememorou.

Após ter feito 61 partidas pela equipe profissional, Diego Alves saiu do Atlético-MG na 14ª rodada do Campeonato Brasileiro.

Ao chegar à Espanha, o brasileiro enfrentou desconfiança e precisou esperar por meses na reserva antes de conseguir uma oportunidade.

“Eu virei titular porque o goleiro do Almería tinha uma cláusula no contrato de que não poderia jogar contra o Sevilla. Eu fui bem e não saí mais. Foi um jogo inesquecível para mim e me fez ganhar muita confiança. Tinham muitas dúvidas sobre mim. Pude demonstrar que o Brasil tinha bons goleiros”, bradou.

Virou o maior pegador de pênaltis da história do Campeonato Espanhol, com 22 defesas – incluindo penalidades de Cristiano Ronaldo e Messi.

No Brasil, ele quebrou outra marca. Desde outubro de 2017, o Campeonato Brasileiro não via um goleiro defender dois pênaltis na mesma partida. Foi Wilson, do Coritiba, o último autor do feito, contra o Sport.

Para Diego Alves, contudo, não foi novidade parar dois rivais da marca da cal em uma mesma partida. O mesmo já havia acontecido na Espanha, pelo Valencia, contra o Atlético de Madrid. Assim como contra o Vasco, foram duas vítimas distintas: Griezmann e Gabi, dois ícones colchoneros.

"Segunda vez na minha carreira que acontece isso. Foi uma pelo Valencia contra o Atlético de Madrid e hoje. Tento encarar isso com normalidade e naturalidade. É uma coisa diferente, mas tem que ter controle, tranquilidade, que permitem fazer isso de vez em quando. A torcida quer que pegue todos os pênaltis, mas é difícil (risos)”, brincou o jogador rubro-negro após o jogo.

Mas qual o segredo? "Isso eu respondo há 15 anos (risos). Concentração, tranquilidade e tentar desestabilizar ao máximo o batedor. Importante é que a gente ganhou. Independentemente do momento, do gol que levei, agradeço a todos que confiaram no meu trabalho”, completou.