Uma relação distante, mas carinhosa e ligada por algo em comum: a popularidade. Flamengo e Maradona nunca se aproximaram profissionalmente, sequer flertaram. Os feitos de ambos na década de 80, no entanto, os une na imagem de Zico e em raros momentos de proximidade e afeto fosse no Maracanã ou na Bombonera.
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Faixa exibida pelo Flamengo antes de duelo na Bombonera — Foto: Reprodução
O Galinho e Diego foram os protagonistas do futebol sul-americano em sua geração. Os duelos para valer, por sua vez, ficaram para Brasil x Argentina e Udinese x Napoli. Contra o Flamengo, Maradona entrou em campo apenas duas vezes, ambas em amistosos no Rio de Janeiro. Em 1991, o clube carioca retribuiu a visita e os gestos de carinho em meio a uma batalha contra o Boca Juniors pela Libertadores.
Registro da Libertadores de 1991, quartas de final, Boca x Flamengo. Uma faixa em homenagem a Maradona fez torcedores trocarem vaias aos rubro-negros por gritos de “Diego! Diego! Diego!”.
— November 25, 2020
Era um gesto de solidariedade após suspensão e prisão por porte de drogas #gefla pic.twitter.com/yv3bHt5ULD
Após vitória por 2 a 1 em casa, o Flamengo teve que enfrentar o ambiente hostil da Bombonera no jogo de volta das quartas de final. O confronto aconteceu em meio ao caos que se tornou a vida de Maradona por conta do envolvimento com drogas.
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Tradicional "La 12" ficou com a faixa e a exibiu em jogos na Bombonera — Foto: Reprodução
Suspenso por 15 meses ao ser flagrado no exame antidoping quando defendia o Napoli, Maradona voltou à Argentina, entrou em depressão e chegou a ser preso por porte de droga em seu apartamento. O Flamengo viu a oportunidade de prestar solidariedade e tentar atenuar o clima pesado que o esperava na Bombonera com uma faixa: "Maradona, o Flamengo te ama. Hoje e sempre".
A estratégia até que deu certo, mas somente por alguns segundos de trégua, como relembra o ex-goleiro Gilmar Rinaldi:
- Pensamos em entrar com a faixa para dar apoio até pensando que ele pudesse estar no estádio, mas ele não foi. Naquele jogo, o Luxemburgo quis fazer o aquecimento em campo e foi um inferno. Fomos vaiados por 15 minutos, teve até um jogador que comentou: "Se existe o inferno, é aqui".
"Depois, quando fomos entrar em campo, o time saiu na boca do túnel, Bombonera lotada e recebemos muita vaia. Quando chegamos no meio de campo, começamos a abrir a faixa e isso abafou o grito da torcida. Houve um momento de silêncio e todo estádio começou a gritar "Diego! Diego! Diego!""
O historiador e escritor Maurício Neves de Jesus lembra bem daquele momento. Da arquibancada, sentiu uma desconfiança dos argentinos em um primeiro momento com o gesto que não era novidade para o Flamengo.
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Maradona x Zico: único duelo com camisas de Boca e Flamengo foi em despedida de Carpegiani — Foto: Reprodução
- A ideia foi inspirada no Domingos Bosco (supervisor nas décadas de 70 e 80), que sugeriu que o time entrasse com a bandeira do Uruguai na final da Libertadores de 81, em Montevidéu, e com a bandeira do Japão no Mundial, contra o Liverpool. Quando o Flamengo entrou e os barra bravas viram, virou uma vaia por parecer oportunismo, mas o resto do estádio gostou muito e gritou "Diego, olê, olê...".
"Era uma expectativa de que diminuísse o clima hostil, mas não diminuiu nada. Foi porrada para tudo que é lado"
A vitória por 3 a 0 do Boca facilitou ainda mais a receptividade dos barra bravas da famosa torcida La 12, que ficaram com a faixa e a expuseram em jogos seguintes na Bombonera.
Registros históricos cedidos pelo @flapravaler de momentos que unem Flamengo e Maradona. Despedida de Carpegiani, em 1981; retorno de Zico, em 1985; e a relação próxima dos maiores craques sul-americanos da década de 80 #gefla pic.twitter.com/jGXKmpAUzq
— November 25, 2020
Flamengo e Maradona no Maracanã
Diego Armando Maradona entrou em campo para enfrentar o Flamengo somente duas vezes, e em clima festivo. Já ídolo em seu país, dividiu com Zico os holofotes da despedida de Paulo César Carpegiani dos gramados no dia 15 de setembro de 1981. O time que passaria seria comandado pelo ex-volante meses depois na conquista da Libertadores e do Mundial venceu o Boca Juniors por 2 a 0.
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Maradona recebe camisa do Flamengo das mãos de Zico e George Helal — Foto: Reprodução
Quatro anos depois, Maradona voltou ao Maracanã para um momento de celebração da torcida do Flamengo. Desta vez, em 1985 no retorno de Zico ao clube rubro-negro após duelar pela Udinese contra o Napoli de Diego na Itália. Foi o camisa 10 do time dos Amigos do Zico e consagrou o folclórico Jacozinho com um passe para o gol de honra no 3 a 1.
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Maradona e Zico, já os maiores craques da América do Sul em 1981 — Foto: Arquivo Maurício Neves