Além de ter sido eliminado da Copa do Mundo de Clubes, o Flamengo perdeu seu capitão. A segunda passagem do volante Gerson pelo clube chegou ao fim com a confirmação de que o Zenit, da Rússia, efetuou o pagamento da multa rescisória de 25 milhões de euros (R$ 161 milhões). Embora tenha recebido um valor alto por um atleta de 28 anos, o rubro-negro terá agora o desafio de seguir em frente sem um jogador que era líder e referência técnica.
A despedida — ainda não anunciada — de Gerson aconteceu no domingo, na derrota para o Bayern de Munique, da Alemanha, com uma boa atuação que resume seu atual momento. Além do golaço marcado contra Neuer, o volante demonstrou ímpeto físico que poucos do elenco conseguem igualar.
Gerson evoluiu bastante em sua segunda experiência vestindo a camisa rubro-negra. Entre 2019 e 2021, ano em que foi contratado pelo Olympique de Marseille, da França, ele já se destacava pela técnica e capacidade atlética. Porém, desde que voltou da Europa, no início de 2023, cresceu mais fisicamente, mostrou mais versatilidade e melhorou sua leitura tática.
Tanto que não se limitava apenas ao posto de segundo volante: atuava também de ponta-direita. Esta variação do camisa 8 virou marca registrada sob o comando de Tite e se intensificou com Filipe Luís. O Coringa ainda tem deficiências na hora de aproveitar boas chances de finalização, mas sua capacidade de combate aliada à de construção de jogadas em curto espaço faz sua perda ser de difícil reposição.
Os números também ajudam a compreender sua importância para o time. Nesta passagem, foram 12 gols e 24 assistências em 144 jogos, superiores às sete bolas na rede e 11 passes para gol nas primeiras 109 partidas.
A principal valorização veio da própria diretoria rubro-negra, que, em abril, elevou seu salário e renovou contrato até 2030. Ao mesmo tempo, diminuiu o valor da multa rescisória. Ainda assim, Gerson deixa o Flamengo como a quarta maior venda da história do clube — a quinta foi sua saída para o Olympique, por 20,5 milhões de euros (R$ 126 milhões na cotação da época).
Quem permanece
Mesmo com dinheiro em caixa, a reposição não será fácil. Mas é necessária. Especialmente para cobrir a função de volante de Gerson. O setor deve ficar ao menos dois meses desfalcado também de Erick Pulgar. O chileno fraturou o quinto metatarso do pé direito na partida contra o Bayern.
Não há, porém, movimentação para contratações. A única até agora foi a de Jorginho, que não chegou para cobrir saídas. Assim, a volta de De la Cruz à sua melhor forma será determinante para a equipe se sustentar no meio.
Já as pontas seguem como a grande carência do elenco, com Michael e Everton Cebolinha destoando tecnicamente. Ambos, porém, atuam pela esquerda. Já Luiz Araújo e Gonzalo Plata darão conta do recado pelo lado direito, onde Gerson se postava. São, entretanto, jogadores de velocidade e com comportamentos totalmente diferentes dos do Coringa.