A notícia sobre o indiciamento do atacante Bruno Henrique caiu como uma verdadeira bomba nos bastidores do Flamengo . O atleta foi citado pela Polícia Federal por supostamente forçar um cartão amarelo em um jogo contra o Santos , pelo Brasileirão de 2023, a fim de beneficiar apostadores.
A decisão da PF é o avanço de uma investigação que acontece desde 2024. O jogador chegou a ser alvo de uma operação da Polícia Federal e do Ministério Público do Rio de Janeiro ainda no último mês de novembro.
Bruno Henrique teve o celular apreendido em uma ação que contou com mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vespasiano (MG), Lagoa Santa (MG) e Ribeirão das Neves (MG). Policiais estiveram no Ninho do Urubu, CT do Flamengo, e a casa do jogador na Barra da Tijuca.
O atacante chegou a se manifestar sobre a operação em 2024, logo após a conquista da Copa do Brasil . Em entrevista ao SporTV , Bruno Henrique reafirmou sua inocência.
“Sim (sou inocente). Recebi (a operação) de uma forma agressiva. Não esperava da forma que foi, mas acredito na justiça lá de cima. Deus é um cara que sempre sabe”, disse o camisa 27. “Minha vida, minha trajetória, desde quando comecei a jogar futebol...Deus sempre foi comigo. E, cara, eu estou tranquilo em relação a isso. As pessoas que estão aí nessa batalha comigo, eu só peço que a justiça seja feita e separar fora de campo com dentro de campo”.
Além do atacante, outras dez pessoas também foram indiciadas, incluindo o seu irmão, Wander Nunes Pinto Júnior, Ludymilla Araújo Lima , esposa do irmão, e Poliana Ester Nunes Cardoso , prima do atleta, uma vez que todos realizaram apostas.
Bruno Henrique e Wander foram indiciados por fraude e estelionato. Na primeira, a pena é de dois a seis anos de prisão, na segunda, de um a cinco anos de reclusão.
"Estou, neste momento, oficiando para a Polícia Federal para solicitar o compartilhamento de informações deste caso", Luis Veríssimo , presidente do STJD.
A PF analisou 3.989 conversas no celular do atacante do Flamengo. A maior parte estava vazia ou apagada, o que pode indicar que o atleta possa ter deletado parte dos registros.
Entretanto, no aparelho de Wander há registros de diálogos que mostram o suposto envolvimento do jogador no esquema para levar o cartão contra o Santos. Uma das conversas divulgadas pelo Metrópoles e obtida pela ESPN mostrou uma troca de mensagens do dia 29 de agosto de 2023 , meses antes do duelo pelo Brasileirão, disputado no dia 1° de novembro e que terminou em derrota do Flamengo por 2 a 1. Confira:

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Wander: "O tio você está com 2 cartão no brasileiro?"
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Bruno Henrique: "Sim"
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Wander: "Quando (o) pessoal mandar tomar o 3 liga nós hein kkkk"
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Bruno Henrique: "Contra o Santos"
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Wander: "Daqui quantas semanas?"
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Bruno Henrique: "Olha aí no Google "
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Wander: "29 de outubro"; "Será que você vai aguentar ficar até lá sem cartão kkkkkk"
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Bruno Henrique: "Não vou reclamar"; "Só se eu entrar forte em alguém"
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Wander: "Boua já vou guardar o dinheiro investimento com sucesso"
De acordo com a PF, na véspera da partida, Bruno Henrique ligou para Wander para confirmar que tomaria o cartão.
O irmão do jogador apostou R$ 380,86 no cartão e obteve um retorno de R$ 1.180,67 . Ludymilla fez apostas em duas plataformas diferentes, com um ganho total de R$ 1.180,67 e R$ 1.425,00 , respectivamente. Já Poliana, apostou R$ 380,86 e obteve o mesmo valor de retorno.
Procurada, a assessoria do jogador preferiu não se manifestar. O Flamengo, por sua vez, já se manifestou sobre o tema.
"O Flamengo não foi comunicado oficialmente por qualquer autoridade pública acerca dos fatos que vêm sendo noticiados pela imprensa sobre o atleta Bruno Henrique. O Clube tem compromisso com o cumprimento das regras de fair play desportivo, mas defende, por igual, a aplicação do princípio constitucional da presunção de inocência e o devido processo legal, com ênfase no contraditório e na ampla defesa, valores que sustentam o estado democrático de direito."