Parceiros políticos desde as administrações mais recentes, Flamengo e Fluminense duelam na final do Campeonato Carioca num momento em que a relação está estremecida. E o motivo para isso está no palco do confronto: o Maracanã.
Em lados opostos no que se refere aos consórcios que disputam a gestão do estádio, os dois times entraram em rota de colisão - que culminou em leves alfinetadas públicas de ambos os lados.
A Odebrecht, que venceu a licitação em 2013, anunciou que deseja romper o contrato. Apesar de a empresa ter acertado o repasse da concessão à Lagardère, o governador Luiz Fernando Pezão avalia a abertura de novo processo licitatório. Esta possibilidade é defendida pelo Flamengo e criticada pelo Fluminense.
Pelo lado das Laranjeiras, o presidente Pedro Abad não gostou da opinião do vice-presidente de administração do Flamengo, Rafael Strauch, que no Twitter ressaltou que o Maracanã deveria ser 100% do clube da Gávea.
Presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello não quis polemizar, mas firmou sua posição antes da semifinal contra o Botafogo, neste domingo (23).
"Ontem mesmo, antes de saber dessa entrevista, eu já tinha procurado o Abad, que considero excelente dirigente, para conversar sobre Maracanã. Tenho esperança para que em situação futura Flamengo e Fluminense possam estar juntos. O formato nós vamos discutir. Se quiser compartilhar a solução, os custos, ótimo. Talvez seja melhor para a gente. Se o Fluminense não quiser correr riscos, também tudo bem", disse o dirigente.
"Vão ter condições excelentes para poder jogar aqui, melhor do que temos hoje com a Odebrecht. Se Botafogo e Vasco quiserem também, podem também sob a administração do Flamengo a qualquer momento. Se o Fluminense quiser ser nosso parceiro, vai ser. Se quiser ser contratante, não tem problema. Não queremos brigar com ninguém. Entendo que entre Flamengo e Fluminense pode haver sempre diálogo, sempre entendimento", completou.
Unidos pela Primeira Liga e contra Ferj
Flamengo e Fluminense haviam se aproximado politicamente nos últimos anos em função de ideologias contrárias a decisões da Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj) e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A postura firme da dupla resultou, por exemplo, na criação da Primeira Liga - em conjunto com outros clubes das regiões Sul e Minas.
No momento de maior embate, houve um claro racha no Rio de Janeiro em que Flamengo e Fluminense ficaram de um lado e, de outro, Botafogo, Vasco e Ferj.
Este ano, porém, reuniões entre as cinco instituições amenizaram os ânimos e o diálogo melhorou entre as partes.
Final em dois jogos
Flamengo e Fluminense disputarão o título do Campeonato Carioca em uma final com dois jogos, que acontecerão no Maracanã nos dias 30 de abril e 7 de maio. Não há vantagem do empate neste duelo. Os clubes não se enfrentavam na decisão do estadual desde 1995.
O campeão carioca levará o prêmio de R$ 3,5 milhões. Já o vice ficará com R$ 1,5 milhão.