A mexida de Sampaoli que fez a 'fusão' acontecer no Maracanã

Um dos mandamentos para furar retrancas no futebol é ter um jogador com presença forte na área. Jorge Sampaoli sabe muito bem disso! E a alteração que fez no posicionamento de Bruno Henrique, foi determinante para o Flamengo apresentar uma nova alternativa diante do ferrolho do Olímpia. Sem Pedro disponível, o atacante rubro-negro foi escolhido para atuar centralizado no 2º tempo, e o time pôde tirar proveito da maior conexão de sua história recente. O entendimento entre ele e Gabigol.

A comemoração inspirada no desenho Dragon Ball Z é feita em referência aos gestos dos principais personagens da série japonesa, que se utilizam disso para virar uma única força. Metáfora melhor impossível! O resultado magro é menor do que se esperava, dada a diferença técnica entre as equipes, mas o jogo da próxima semana, em Assunção, terá um contexto tático diferente. O time da casa terá que atacar o Flamengo e espaços devem surgir.

Escalações

Jorge Sampaoli não pôde contar com Léo Pereira e Filipe Luís, e voltou a escalar David Luiz e Ayrton Lucas pelo lado esquerdo da defesa. Allan e Gérson foram os volantes. Na parte ofensiva, o ''quarteto mágico'' de 2019. Já Francisco Arce, em sua terceira partida dirigindo o Olimpia, reforçou a marcação pelo lado esquerdo com uma dobra de laterais no setor, e recuou Hugo Fernández para o meio-campo.

Como Flamengo e Olimpia iniciaram o duelo válido pelas oitavas de final da Libertadores no Maracanã — Foto: Rodrigo Coutinho

O jogo

Negar espaços nas próximidades da própria área, compactar setores com uma marcação em bloco baixo, agressividade na abordagem ao homem da bola, tentar tirar o Flamengo do equilíbrio com entradas duras, e demora para bater faltas, tiros de meta e laterais. A estratégia do Olímpia para ser competitivo no Rio de Janeiro foi esta. E o time carioca sofreu para superá-la.

Seria muito inocente esperar um cenário diferente, mas faltou ao rubro-negro apresentar artifícios para impor sua maior qualidade técnica. Teve Ayrton Lucas quase sempre preso aos zagueiros em uma ''saída de três'' desnecessária. O Olímpia não dava o primeiro combate com dois homens. Apenas Walter Gonzalez fazia uma ''meia-´pressão'' inicial. O camisa 6 rubro-negro poderia ter recebido mais liberdade.

Wesley e Bruno Henrique mantinham-se bem abertos e espetados em cima da defesa do Olímpia. Isso fazia com que Iván Torres retornasse e compusesse uma linha de cinco atrás. Gérson e Arrascaeta se projetavam entre o meio a defesa rival. Gabigol circulava. Everton Ribeiro ocupava a meia-direita, Allan era o primeiro homem à frente dos zagueiros e de Ayrton.

Uma estrutura um pouco engessada, com poucas trocas de posição, ritmo baixo nos movimentos e na circulação da bola. Isso fazia com que a equipe ''mexesse'' pouco com a sólida marcação por zona dos paraguaios. As linhas não precisaram flutuar tanto de um lado para o outro, e os espaços não surgiram.

Wesley é marcado de perto por Zabala — Foto: André Durão

Para completar, o Flamengo achou poucas linhas de passe para acionar Arrascaeta ou Gérson nas costas do meio-campo adversário. Errou bastante ao tentar verticalizar a jogada assim. O mais perto que o Mais Querido chegou de marcar antes do intervalo veio em chutes de Gérson e Ayrton Lucas da entrada da área.

O lance de maior perigo, porém, foi do time paraguaio. Naquilo que poderiam ser mais contundentes: a bola parada aérea. Walter González mandou no travessão ao desviar cabeçada de Richard Ortiz. O Flamengo até se defendia bem dos contragolpes, mas retomava poucas bolas no campo contrário. Poderia ser mais intenso nas pressões pós-perda.

Mesmo sem fazer substituições, Sampaoli mexeu na ocupação de espaços do Flamengo ao atacar. Ao invés de Bruno Henrique aberto pela esquerda, o argentino fez com que Gérson assumisse esse posicionamento. O camisa 27 pôde então ocupar a área. Gerou mais presença na parte central dos últimos metros do campo e isso não demorou a surtir efeito.

Em uma das jogadas mais repetidas pelo Flamengo nas últimas cinco temporadas. Gabigol recebeu pelo lado direito e cruzou para Bruno Henrique subir entre o zagueiro Romaña e o lateral-direito Alejandro Silva. A cabeçada firme aos três minutos abriu os caminhos para a vitória rubro-negra.

Bruno Henrique comemora gol em Flamengo x Olímpia — Foto: André Durão

Mesmo atrás no placar, o Olímpia não mudou a postura. Encampou o lema ''dos males o menor''. E jogou para não sofrer mais gols. Ayrton Lucas foi outra ferramenta melhor utilizada na 2ª etapa. Ainda que pelo meio, se apresentou em regiões mais avançadas do gramado com maior frequência. Acrescentou velocidade na circulçação da bola.

David Luiz e Bruno Henrique tiveram boas chances de ampliar, mas desperdiçaram e o Olímpia segue vivo no duelo. Com uma conexão muito conhecida e pródiga na trajetória do clube, o rubro-negro conseguiu encontrar a forma de abrir uma mínima vantagem. Mas o time ainda precisa crescer ao encarar defesas fechadas.

O melhor e o pior em campo

Bruno Henrique já era o jogador que dava mais trabalho ao sistema defensivo paraguaio na 1ª etapa. Com a mudança de função no 2º tempo foi extremamente influente no resultado. Se tornou a ferramenta rubro-negra para enfim causar danos ao Decano! Já o pior em campo foi o lateral-direito Salazar. Mesmo jogando pouco mais de 20 minutos, maltratou a bola. Errou domínios e passes simples, e sofreu com Gérson e Everton Cebolinha.

Fonte: Globo Esporte
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