Zico, o maior ídolo da história do Flamengo, concedeu uma entrevista exclusiva para o podcast oficial da Conmebol Libertadores para falar sobre a decisão entre Flamengo e River Plate, no sábado (23 de novembro), em Lima, no Peru. A final em jogo único terá transmissão do FOX Sports, a partir das 15h. O camisa 10 da Gávea evitou comparações entre o time de 1981 e de 2019; as virtudes de Jorge Jesus; de como a torcida do Flamengo cresceu e virou uma nação; e o recorde de gols dele ter sido batido por Gabigol. Confira!
Vai ver o jogo?
“Colocarei meu despertador às 5h para ver a final e vou tirar do meu sono. Agora está dando prazer de ver, pela forma do time jogar. Só acordo de madrugada quando há algo interessante. O Flamengo é diferente, sempre precisa de algo mais: a luta, a determinação.”
O que mais encanta no time atual?
“A filosofia de jogo do Flamengo faz o time não esmorecer jamais. Se está ganhando, quer fazer mais gols e mantém a forma de jogar independente do resultado. Mesmo ganhando, mantém a pressão e quer logo liquidar. Todo esporte é assim. No boxe, se você der dois, três, já coloca ele no chão. Se deixar ele se recuperar, vai acabar tomando um.”
O que aconteceu com o Flamengo contra o Vasco? Que lição tirar do 4 a 4?
“Foi bom acontecer em um momento que é possível. Não atrapalhou muito a caminhada do Flamengo, mas abriu os olhos para que o time não cometa esses erros. . Não é normal sofrer quatro gols. Todos estão traçando estratégias para jogar contra o Flamengo. Precisa ter cuidado para não se expor mais que o normal em uma final.”
O time do Flamengo é suficientemente experiente para pegar o River?
“Todos os jogadores que atuaram na Europa estão acostumados com esse tipo de jogo. Ele tem Diego Alves, Pablo Marí, Rafinha, Filipe Luís, Gerson, Gabigol, Bruno Henrique... Todos habituados com esse tipo de jogo.”
Mérito é do Jesus ou do time? Qual o tamanho da influência dele?
“Eu passei quatro anos comentando Champions League, alguns do Jorge Jesus. Já conheço bem o trabalho dele e é lógico que, aliado ao plantel que ele recebeu, soube colocar em prática. Ele é o responsável pelo time estar jogando dessa forma.”
Virtudes do Jesus e do time?
“Todos sabem da responsabilidade e entenderam o que é o Flamengo. Jorge Jesus passou bem isso para eles. Isso ajuda muito. E, de fora, dá a impressão de que o profissionalismo é muito grande. Eles sabem o que representa para eles e para o Flamengo as conquistas que estão por vir.”
Fla 1981 x Fla 2019
“Não existe (comparar Flamengo 2019 com o de 1981). São épocas diferentes, gerações diferentes, infraestruturas diferentes, modos de competir diferentes. O Flamengo investiu muito nesse time e nada na gente. Eram todos de casa. Nos últimos seis meses, treinamos em um campo de terra, não tinha campo de grama. Jogamos sete partidas decisivas, e não tinha esse negócio de poupar jogadores. Tudo peladeiro, acostumados a jogar descalços, e ganhamos tudo. Final feliz igual de novela.”
O boom da torcida do Flamengo pós 81
“O Flamengo triplicou sua torcida (depois de 1981). Virou Nação, um Flamengo Brasil e não um Flamengo Rio de Janeiro. Em 71, quando jogávamos em São Paulo, não tinha nenhum gato pingado nosso. Hoje, tem torcida do Flamengo em todo lugar.”
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O jogo polêmico contra o Galo, das expulsões, em 81
“Os jogos mais difíceis (da Libertadores de 1981) foram contra o Atlético-MG. Quem passasse, seria campeão. Eram dois timaços. Foi duro para gente passar sem ter jogado. Ninguém gostou daquilo. Aquelas expulsões todas foram uma pena.”
Libertadores ou Mundial? Qual título foi mais emocionante?
“Foi muito mais emocionante (ganhar a Libertadores do que o Mundial). No Japão, não tinha ninguém, não sabiam o que era futebol. Davam porrada para cima e batiam palmas, achando que era baseball. Tinham dois torcedores do Flamengo no estádio.”
Sobre Everton Ribeiro ou Diego levantar a taça
“Voltamos a ver o Everton Ribeiro que foi duas vezes o melhor do Brasil. Torci muito para que isso acontecesse. Não tem frescura, capitão também serve para isso. Tomara que ele consiga realizar esse objetivo para nós rubro-negros (levantar a taça de campeão da Libertadores).”
Gerson
“O Gerson é um cara que encaixou. Protege, segura, dá suporte para o Arão.”
Sobre o Gabigol ter batido o recorde de gols dele em um Brasileiro
“Marcas foram feitas para serem superadas. Demorou, e é lógico que as possibilidades hoje em dia são maiores, porque são mais jogos.”
O lado torcedor do Zico ainda é aflorado?
“Eu sou Flamengo. Vivi como torcedor uma das piores fases do clube, quando não ganhava nada. Eu quero ver se ainda terei essa alegria de ver as maiores glórias do time.”
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