Sörloth e Pedro já se despediram da Copa do Mundo de Clubes, mas o desempenho em campo da dupla de atacantes chamou a atenção pela ineficiência nas conclusões a gol. Os dois desperdiçaram boas oportunidades nos minutos em campo no torneio e deixaram os Estados Unidos sem balançar as redes no Mundial.
O Gato Mestre* analisou todas as 1423 finalizações da competição e montou duas listas: os mais e os menos eficientes da disputa. Para determinar o "nível de ameaça" das jogadas concluídas por Sörloth e Pedro, por exemplo, comparamos as características de suas finalizações com as de 1.423 feitas no torneio, uma métrica conhecida como "expectativa de gol" ou simplesmente "xG".
Carrossel eficiência Mundial - Harry Kane, Yildz, Pedro Neto, Pedro e Sörloth — Foto: Infoesporte
Um exemplo prático: Sörloth fez duas finalizações cara a cara com o goleiro adversário, lances em que a chance de fazer um gol é muito alta, mas nenhum virou gol. É disso que se trata. Comparadas com todas as outras finalizações, é possível calcular qual o potencial de cada finalização virar gol. E nesse quesito, o norueguês foi o mais ineficiente da competição.
O camisa 9 do Atlético de Madrid foi quem mais desperdiçou chances claras no Mundial e deveria ter saído do torneio com pelo menos um gol marcado, segundo a expectativa de gols em seus arremates. Logo na primeira tentativa, na estreia contra o Paris Saint-Germain, Sörloth finalizou da pequena área sem goleiro e isolou. Todas as demais finalizações do jogador foram de dentro da área. Veja no vídeo abaixo.
Segundo lugar da lista, o atacante Pedro virou pauta do noticiário esportivo nos últimos dias . Segundo análise do ge, o centroavante foi um dos jogadores que deixaram o torneio em baixa no Flamengo . Os números corroboram a análise, uma vez que ele foi o segundo jogador mais ineficiente da Copa do Mundo de Clubes.
Com três jogos e 150 minutos em campo, o camisa 9 rubro-negro teve oito tentativas de marcar um gol na competição. Nenhuma em direção ao gol. Nem mesmo o chute no travessão já com o goleiro fora de disputa. A expectativa era de 1,13 gol, mas ele não marcou nenhum.
Entre os mais ineficientes do Mundial da Fifa, outro atacante do Flamengo está na lista: o equatoriano Plata. Estêvão, do Palmeiras , figura em quinto lugar na lista e ainda não balançou as redes. Ele terá nova chance nesta sexta contra o Chelsea . Confira a lista completa dos mais ineficientes do torneio abaixo:
10 jogadores mais ineficientes da Copa do Mundo de Clubes — Foto: Infoesporte
O atacante Yildiz, da Juventus , é o jogador mais eficiente da Copa do Mundo de Clubes. As nove finalizações do turco tinham expectativa de apenas 0,55 gol, mas ele marcou três vezes. Uma eficiência de 2,45. Foram três arremates contra o Al Ain, três contra o Wydad Casablanca, um contra o Real Madrid e mais dois diante do Manchester City.
O segundo lugar dessa lista é do craque Harry Kane, do Bayern de Munique . Ele finalizou seis vezes no torneio e marcou três. A expectativa era de 0,76 gol. Nas oitavas contra o Flamengo, o alemão mostrou precisão cirúrgica: marcou nas duas únicas finalizações que teve. Apesar de um xG de 0,86, o Bayern fez quatro gols e atropelou as projeções.
O atacante Pedro Neto, do Chelsea, fecha o pódio desta lista com uma eficiência de 2,08. O xG das sete finalizações que teve projetava quase um gol, mas ele marcou três no Mundial de Clubes. Entre os jogadores mais eficientes, dois brasileiros: Paulinho, do Palmeiras, e Wallace Yan, do Flamengo.
10 jogadores mais eficientes da Copa do Mundo de Clubes — Foto: Infoesporte
Em parceria com o economista Bruno Imaizumi, apresentamos as probabilidades estatísticas baseadas nos parâmetros do modelo de "Gols Esperados" ou "Expectativa de Gols" (xG), uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência as finalizações cadastradas pelo Gato Mestre.
As variáveis consideradas no modelo são: (1) a distância e o ângulo da finalização em relação ao gol; (2) se a finalização foi feita cara a cara com o goleiro; (3) se foi feita sem a presença do goleiro; (4) a parte do corpo utilizada para concluir; (5) se a finalização foi feita de primeira, ajeitada ou carregada; se o chute foi feito com a perna boa ou ruim do jogador; (6) a origem do lance (pênalti, escanteio, cruzamento, falta direta, roubada de bola, lateral etc); (7) se a assistência foi feita de dentro da área; (8) a posição em que o atleta joga; (9) indicadores de força do chute; (10) o valor de mercado das equipes em cada temporada a partir de dados do site Transfermarkt (como proxy de qualidade do elenco); (11) o tempo de jogo; (12) a idade do jogador; (13) a altura do goleiro em jogadas originadas de bolas aéreas; (14) a diferença no placar no momento de cada finalização.
O desempenho de um jogador é comparado com a média para a posição dele, seja atacante, meia, volante, lateral ou zagueiro, e consideramos o que se esperava da finalização se feita com o "pé bom" (o direito para os destros, o esquerdo para os canhotos) e para o "pé ruim" (o oposto). Foram identificados os ambidestros, que chutam aproximadamente o mesmo número de vezes com cada pé.
De cada cem finalizações da meia-lua, por exemplo, apenas sete viram gol. Então, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada pontuação é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo.
O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística chamada Poisson Bivariada, que calcula as probabilidades de eventos (no caso, os gols de cada equipe) acontecerem dentro de um certo intervalo de tempo (o jogo). Para chegar às previsões sobre as chances de cada time terminar o campeonato em cada posição foi empregado o método de Monte Carlo, que basicamente se baseia em simulações para gerar resultados. Para cada jogo ainda não disputado, realizamos dez mil simulações.
*O Gato Mestre é formado pelos jornalistas Arthur Sandes, Davi Barros, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, Gustavo Figueiredo, Ingrid Fernandes (estagiária), Leandro Silva, Roberto Maleson, Roberto Teixeira, Rodrigo Breves e Valmir Storti, pelos cientistas de dados Bruno Benício e Vitor Patalano e pelo programador Gusthavo Macedo.