Derrotado nos pênaltis para o Racing , o Flamengo deu adeus à Conmebol Libertadores nas oitavas de final. E a eliminação carioca deixou o clima dentro do clube ainda mais quente.

Nas redes sociais, o vice-presidente Rodrigo Dunshee de Abranches rebateu com dureza uma postagem Daniel Orlean, ex-vice-presidente de marketing do clube de 2016 a 2018.

Enquanto o cartola da gestão Eduardo Bandeira de Mello publicou a seguinte mensagem: “Perder é muito ruim. Ver a destruição é péssimo”, o atual braço-direito do presidente Rodolfo Landim respondeu de forma áspera.

“Aceito todas as críticas da torcida. Vamos trabalhar, consertar as falhas junto com esse grande elenco. O que não aceito são pessoas da gestão passada, dos jogadores ruins e hiperinflacionados, os milhões do Vinicius Jr. e da Globo jogados no lixo. Um (título) só Estadual, do banana... Esses não podem falar”, disse Dunshee, que completou.

“Deveriam ter o mínimo de ‘simancol’. Respeitar a instituição. Esses deveriam criticar internamente, não ficar torcendo contra, esperando um deslize do time para atacar. Só lamento. Mas agradeço à torcida que sempre apoia e mesmo agora que critica, acredita que podemos acertar”, finalizou.

Com as eliminações na Copa do Brasil e na Conmebol Libertadores, o Flamengo sofre financeiramente. O clube já sabe, por exemplo, que dificilmente alcançará R$ 726,2 milhões em receitas, como previsto inicialmente no orçamento. Até setembro de 2020, o faturamento foi de R$ 509,5 milhões, com quase todas as fontes de entrada de dinheiro abaixo do esperado.

Caso tivesse vencido o Racing, o Flamengo garantiria US$ 1,5 milhão (quase R$ 8 milhões na cotação atual) com a classificação às quartas. A meta no orçamento era ir além, até as semis, o que garantiria mais US$ 2 milhões (R$ 10,5 milhões). O título valia US$ 15 milhões (R$ 79 milhões).

A previsão inicial do Flamengo era fazer em 2020 R$ 282,8 milhões com dinheiro de televisão e premiações. O problema é que as competições ainda em andamento só terminarão em 2021, ou seja, o total das receitas só será complementado no próximo exercício fiscal.

No Campeonato Brasileiro , por exemplo, embora o time de Rogério Ceni tenha chances de título, o pagamento final ainda depende, além da classificação na tabela, do número de jogos transmitidos. Assim, a maior parte do dinheiro só chegará aos cofres no próximo ano.

O retorno de público aos estádios também é outro fator improvável para 2020. Entre sócios-torcedores, bilheteria e o Maracanã, o Flamengo chegou a projetar R$ 204,4 milhões no ano. Até setembro, foram apenas R$ 81,1 milhões com essa fonte de receitas.

O único segmento no qual o Flamengo não ficou abaixo do que previu antes da pandemia foi a venda de jogadores. Na verdade, até superou a meta inicial de R$ 80 milhões, fazendo R$ 221,1 milhões até o terceiro trimestre, quase metade de tudo que arrecadou.

O problema é que somente as vendas não foram suficientes para evitar que o Flamengo chegasse aos últimos meses do ano no vermelho, ou seja, gastando mais do que faturou: déficit de R$ 19,8 milhões. As despesas em atividades sociais e esportivas foram de R$ 433,7 milhões – o restante é completado com gastos administrativos.

No futebol, o impacto do momento financeiro já é sentido, por exemplo, na renovação do goleiro Diego Alves, que chegou a encaminhar um acordo com a direção futebol, mas teve o acerto barrado pelos valores envolvidos.

O Flamengo ainda tem outros gastos importantes pela frente, pensando no planejamento de 2021, sendo o principal deles a compra do atacante Pedro, emprestado pela Fiorentina até dezembro. O valor para a aquisição é de 12 milhões de euros (R$ 75,8 milhões).