A semana do Corinthians foi pautada por assuntos ligados à dinheiro. Primeiro pela descoberta de uma dívida de R$ 566 milhões em impostos com a União . Segundo pela ordem de execucação da Caixa Econômica Federal de uma dívida de R$ 487 milhões por conta de financiamento das obras da Arena em Itaquera.
Tais temas fizeram com que o presidente do clube, Andrés Sanchez, convocasse uma coletiva de imprensa para esta sexta-feira.
O time alvinegro vive um período de caos financeiros e não é exagero. Apesar de ser o quarto melhor em arrecadação em 2018, com R$ 389 milhões, segundo análise econômico-financeira do clubes nacionas feita pelo Itaú BBA, o time deve R$ 352 milhões (valor que não conta o estádio) e é o nono neste ranking de dívidas.
Aqui vale uma explicação: é o próprio Corinthians que separa a dívida contraída pela Arena de outras nos balanços financeiros. Ou seja, o valor devido é bem maior.
Um comparativo com os principais rivais alvinegros em termos financeiros esclarece melhor o assunto. Em 2018, o Palmeiras liderou o ranking do futebol brasileiro em arrecadação (foram R$ 654 milhões em receitas). Atrás, em segundo e terceiro lugares, respectivamente, estavam Flamengo (R$ 536 milhões) e São Paulo (R$ 399 milhões).
Fazendo o mesmo, mas observando o valor que essas equipes devem, o Palmeiras ocupa a quinta colocação do ranking (com débitos de R$ 437 milhões, boa parte deles relacionado ao modelo de negócio com a Crefisa), o Flamengo é o sétimo (R$ 398 milhões) e o São Paulo, o décimo (R$ 332 milhões).
Retornando no tempo e analisando números de 2011, ano em que o Corinthians iniciou as obras da Arena de Itaquera, é possível perceber o quanto o clube andou para trás. Para efeito de esclarecimento, os dados coletados são de estudos financeiros do especialista Amir Somoggi.
Naquele ano, o clube do Parque São Jorge liderava o ranking de receitas, com R$ 290,5 milhões, e era o décimo na tabela de devedores, com R$ 178 milhões. Números positivos após a agremiação passar por um processo de reestruturação em 2008 sob o comando de Andrés Sanchez, então em seu primeiro mandato.
A situação dos rivais ajuda a entender melhor o panorama financeiro do futebol brasileiro em 2011.
O São Paulo era o segundo no ranking de receitas (R$ 266 milhões), o Flamengo era o quinto (R$ 185 milhões) e o Palmeiras, o sexto (R$ 148 milhões). Vale lembrar que nem o clube da Gávea tinha passado pela sua reestruturação nem o Palmeiras tinha vivido a era Paulo Nobre e o início da parceria com a Crefisa.
Até por isso, o ranking de dívidas daquele ano é totalmente diferente. O Flamengo devia R$ 355 milhões e estava na quinta colocação. O Palmeiras vinha logo atrás, com R$ 245 milhões, enquanto o São Paulo, que ainda não havia iniciado a atual seca de títulos, era o décimo primeiro, com R$ 158 milhões de dívida.