Um dos maiores ídolos do Flamengo, Adílio é velado na Gávea diante de ex-jogadores e torcedores

Um dos maiores ídolos e símbolos do Flamengo , Adílio foi velado na manhã desta terça-feira por figuras importantes e torcedores na sede social do clube, na Gávea. Adílio, que tinha 68 anos, não resistiu a um câncer no pâncreas. Ele deixou três filhos - Soni, Adílio Filho e Bruna - e a esposa Sônia.

A cerimônia foi marcada por muita emoção, grande presença de torcedores e um sem-número de ex-atletas, treinadores e outras importantes figuras do futebol.

Abraço de Júnior e Zico no velório de Adílio — Foto: Fred Gomes/ge

Grandes nomes do Flamengo compareceram ao velório, realizado no Ginásio Hélio Maurício. Andrade, ídolo, amigo e companheiro de meio de campo durante a maioria dos títulos conquistados, foi um dos primeiros a chegarem. Da escalação inicial que venceu o Liverpool por 3 a 0 em 13 de dezembro de 1981, marcaram presença Raul, Leandro, Mozer e Júnior; Andrade e Zico, além de Nunes.

- É duro, doído, 68 anos, tinha muita coisa pela frente. Você nunca está preparado para a perda de um irmão. Sabemos que a morte é inevitável, mas nunca estamos preparados - disse Andrade, bastante emocionado e ídolo que sempre teve seu nome intrinsecamente ligado a Adílio.

Também companheiros de Adílio no Flamengo entre os anos 70 e 80, Bebeto, Zinho, Jayme de Almeida, Gilmar Popoca, o ex-lateral-direito Carlos Alberto e o ex-goleiro Ubirajara foram outros que chegaram cedo ao Ginásio Hélio Maurício.

Andrade no velório de Adílio, na sede do Flamengo, na Gávea — Foto: Fred Gomes / ge

Júlio César Uri Geller, um dos maiores pontas da história do Flamengo e o melhor amigo de Adílio, mostrou muito abatimento durante a cerimônia. A amizade dos craques antecede o período em que os dois defenderam profissionalmente o clube do coração.

Júlio, que hoje em dia mora em Aracaju com a esposa e um filho, veio para o Rio de Janeiro no fim da semana passada para as últimas conversas com o amigo.

Júlio César Uri Geller, o melhor amigo de Adílio e um dos grandes nomes do Flamengo, estava muito abatido — Foto: Fred Gomes

Zico no velório de Adílio — Foto: Fred Gomes/ge

Maior ídolo da história do Flamengo , Zico relembrou a parceria com Adílio dentro e fora dos gramados, destacando como a vitoriosa geração rubro-negra no início dos anos 1980 se conhecia "de olho fechado".

- (Ficam) o sorriso, as brincadeiras, as tiradas, as histórias bem contadas. Foram muitos e muitos anos de amizade, não só aquele período em que nós jogamos juntos. É aquele irmão que não é de sangue, mas faz parte da família da gente - disse Zico, acrescentando:

- Foi uma situação que a gente sabia que era grave, vinha falando com ele. O Adílio não gostava de incomodar ninguém, falar dos problemas dele, e tínhamos que correr atrás pra ajudá-lo. É doloroso pra todos quando perdemos uma pessoa tão ligada a nós. (...) Ele me deixava na cara do gol toda hora, né? E aí a brincadeira era essa. Eu falava "por que você não deu para os outros?", aí ele respondia "é para você porque eu sei que vou dar e me consagrar" (risos). De olho fechado, sabíamos o que o outro ia fazer dentro do campo. O Brown era um cara sensacional, espetacular.

Zinho no velório de Adílio, na sede do Flamengo, na Gávea — Foto: Fred Gomes / ge

Além dos campeões mundiais, que jogaram por muitos anos com Adílio no Flamengo , também marcaram presença inúmeros ex-atletas que foram treinados pelo eterno camisa 8 na base. Campeões da Copa do Brasil em 2006 na categoria profissional, Jônatas, Thiago Coimbra e Nelinho ficaram juntos por muito tempo durante o velório. O ex-volante Douglas Silva também esteve na Gávea.

Crias da Gávea, Jônatas, Thiago Coimbra e Nelinho conversam durante o velório de Adílio — Foto: Fred Gomes

Jônatas e Thiago Coimbra conversam durante o velório de Adílio — Foto: Fred Gomes

Ex-jogadores mais jovens que brilharam no início dos anos 90 também foram em peso à Gávea. Grande parte deles passou a integrar a Fla Master, projeto do qual Adílio era o presidente. Nélio, Piá, Marquinhos e Adriano eram os representantes do pentacampeonato brasileiro, de 1992.

Também jogadores do Fla Master e integrantes de outra geração, os tricampeões estaduais de 2001 Petkovic, Leandro Ávila, Jorginho, Maurinho e Juan ficaram juntos o tempo todo durante a homenagem.

Juan no velório de Adílio — Foto: Fred Gomes/ge

Maurinho e Petkovic conversam no velório de Adílio — Foto: Fred Gomes/ge

Nunes, o Artilheiro das Decisões, foi um dos primeiros a chegar à Gávea para se despedir do antigo companheiro Adílio. O ex-atacante marcou dois dos três gols da final do Mundial de 1981 contra o Liverpool; o camisa 8 fez o outro.

Nunes e Jayme de Almeida no velório de Adílio — Foto: Fred Gomes/ge

Outro grande ídolo do Flamengo a marcar presença foi o "Maestro" Junior, que tinha uma amizade muito forte com Adílio. Ubirajara, primeiro goleiro a marcar um gol pelo Flamengo , também foi à cerimônia.

Ubirajara e Júnior no velório de Adílio, ídolo do Flamengo — Foto: Fred Gomes/ge

Tetracampeão do mundo com a seleção brasileira e campeão brasileiro pelo Flamengo em 1987, Bebeto foi às lágrimas na cerimônia. O camisa 7 do tetra foi aos prantos em diferentes momentos da cerimônia, primeiro quando esteve diante do caixão e depois ao cantar o hino e gritar o nome de Adílio. Quem também se emocionou muito foi Leandro, o "Peixe Frito". O maior lateral-direito da história do clube se aproximou do caixão e deu um beijo no amigo, gesto que Zinho fizera minutos antes.

Leandro se benze diante do amigo Adílio — Foto: Fred Gomes

Bebeto e Leandro se emocionam em velório de Adílio — Foto: Fred Gomes/ge

O presidente do Flamengo , Rodolfo Landim, foi um dos presentes no velório de Adílio na Gávea, no ginásio Hélio Maurício. Os ex-presidentes rubro-negros Eduardo Bandeira de Mello e Márcio Braga também foram à cerimônia.

Rodolfo Landim durante o velório de Adílio — Foto: Fred Gomes

Márcio Braga e Zico no velório de Adílio — Foto: Fred Gomes

Treinadores como Joel Santana e Sebastião Lazaroni também foram ao Flamengo para prestarem suas últimas homenagens ao amigo.

Jogadores que foram rivais dentro de campo de Adílio também foram homenageá-lo na Gávea. Delei, ex-meia do Fluminense nos anos 1980, foi um deles. Branco, campeão da Copa do Mundo de 1994 e também ídolo do Flu, foi outro. O último, aliás, jogou pelo Flamengo em 1995.

Delei, ex-Fluminense, no velório de Adílio, no Flamengo — Foto: Fred Gomes / ge

Branco no velório de Adílio — Foto: Fred Gomes/ge

As homenagens não ficaram restritas a ex-jogadores de futebol, se estendendo também para representantes de outras modalidades. Dois dos técnicos mais vitoriosos do basquete do Flamengo , Paulo Chupeta e José Neto foram ao velório de Adílio.

Paulo Chupeta, ex-técnico do basquete do Flamengo, no velório de Adílio — Foto: Fred Gomes/ge

José Neto, ex-técnico do basquete do Flamengo, no velório de Adílio — Foto: Fred Gomes/ge

O ídolo Nélio Marreco, companheiro de Fla Master, estava muito emocionado — Foto: Fred Gomes

Nascido em 15 de maio de 1956, Adílio de Oliveira Gonçalves estreou nos profissionais do Flamengo em 27 de abril de 1975, quando tinha apenas 18 anos. O "Brown", como era chamado por seus companheiros por causa da adoração ao cantor americano James Brown, vestiu a camisa rubro-negra até 1987 e marcou 129 gols, tornando-se o 14º maior artilheiro do clube com 129 gols.

Raul Plassmann no velório de Adílio no Flamengo — Foto: Fred Gomes / ge

Marcou na final do Mundial Interclubes e nas decisões do Carioca de 1981, contra o Vasco, e do Brasileiro de 1983, diante do Santos. O inédito pentacampeonato da Taça Guanabara, em 82, também em duelo com os vascaínos, foi conquistado com um gol do eterno camisa 8, nos minutos finais do jogo.

Com a camisa rubro-negra, ele conquistou cinco Cariocas (1978, 1979 duas vezes, 1981 e 1986), três Brasileiros (1980, 1982 e 1983), uma Libertadores e um Mundial de Clubes (ambos em 1981), com direito a gol nas finais do Mundial, contra o Liverpool, da Inglaterra; do Brasileiro de 1983, diante do Santos, e no Carioca de 1981, contra o Vasco. Em 2019, o Flamengo homenageou o ídolo com um busto, esculpido pelo artista Eduardo Santos, em sua sede na Gávea.

Adilio em ação pelo Flamengo — Foto: Reprodução

Além do Flamengo , jogou também por Coritiba, Barcelona de Guayaquil (Equador), Alianza Lima (Peru) e, no fim da carreira, por clubes do interior do Rio de Janeiro, como América de Três Rios, Friburguense e Barreira.

Busto de Adílio na sede do Flamengo, na Gávea, com Mozer ao lado — Foto: Fred Gomes / ge

Após encerrar a carreira nos gramados, Adílio também fez sucesso como jogador de futsal, atuando como ala-pivô, e foi campeão do Mundial de Futsal pelo Brasil em 1989. Também chegou a trabalhar como treinador em equipes de base do Flamengo e foi tricampeão carioca sub-20 em 2005, 2006 e 2007. O ídolo nunca se desligou do clube do coração e nos últimos anos era o líder do Fla Master, que faz partidas por todo o país.

Marcos Braz dá seu último adeus a Adílio — Foto: Fred Gomes

Leandro Ávila e Maurinho, tricampeões estaduais pelo Fla, conversam com o advogado Diogo Souza — Foto: Fred Gomes

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Fonte: Globo Esporte