Tostão, ex-jogador e campeão da Copa do Mundo de 1970, fez uma clara reflexão sobre comparações que são feitas entre times do passado e do presente, usou o Flamengo de Jorges Jesus e o Liverpool de Jurgen Klopp como exemplos para explicar alguns equívocos que, para ele, são cometidos e colocou que o Barcelona de Pep Guardiola foi revolucionário, sim, mas citou três seleções que também vê com esta marca na história.

Tudo isto em longa entrevista dada ao jornalista da ESPN Brasil Mauro Cezar Pereira no portal UOL e cuja primeira das três partes foi publicada nesta terça-feira (28).

Entre outras coisas, o ídolo do Cruzeiro de 73 anos afirmou que o ‘padrão’ do futebol brasileiro não deve ser confundido com o estilo de jogo apresentado pelo time carioca desde a chegada do comandante português.

“Daqui a 30 anos vão achar que o futebol jogado no Brasil é o do Flamengo de (Jorge) Jesus. Não é. Pinçam momentos históricos, o próprio Liverpool é um momento histórico, com a forma própria de jogar”, explicou.

Perguntado sobre a importância do Barcelona comandado por Guardiola, Tostão disse que o “time virou um ensinamento”, mas comparou o marco da equipe catalã com estilos de jogo distintos e que tiveram sua importância na história do esporte. Para isto, citou três seleções nacionais.

“Muitos passaram a usar coisas vistas nele. Como nosso time de 1970 era totalmente diferente da média dos times brasileiros. Como a Holanda de 1974 e a Inglaterra de 1966 e suas duas linhas de quatro, que era uma revolução”, disse.

“Depois da Holanda de 1974 havia a tentativa de fazer aquele jogo de pressão, marcação em cima, mas não se conseguia fazer, porque não havia preparo físico, não sabiam fazer, então um pressionava e outros não. Houve uma ou outra exceção”, seguiu.

A ‘comparação pela comparação’, segundo ele, deve ser feita de maneira cautelosa, uma vez que diferentes gerações podem ser influenciadas pela proposta de jogo vencedora em uma determinada época.

“Evidentemente nessas comparações há a turma que acha que no passado é que era bom e confunde saudade com saudosismo, faz-se avaliações totalmente equivocadas, como se no passado tudo fosse melhor e não houvesse coisas ruins. Há ainda quem acompanhe apenas da época da internet para cá, e não consegue olhar o futebol do passado como deveria”, comentou.

Futebol moderno? Tostão citou as novidades apresentadas ao mundo pela seleção brasileira de 1970.

“Tinha o hábito de voltar e marcar do meio-campo para trás. Isso na época não existia, foi uma novidade, nos preparamos até fisicamente para fazer aquilo, que hoje é prática comum. Aí a pessoa vê um jogo da seleção de 1970 e acha que aquilo corresponde ao futebol daquela época, mas não era. Há muita confusão nessas comparações.”