Boto faz balanço de seis meses no Flamengo e explica redução de multas após renovações, como Gerson e Pulgar

A intensidade é algo que os europeus tanto se gabam dentro de campo, mas fora das quatro linhas dá para dizer que ela não faz cócegas no futebol brasileiro ou sul-americano. Calendário apertado, viagens muito longas, jogos em calor elevado ou na altitude, fanatismo da torcida trajado de pressão... Nos corredores do Ninho do Urubu, José Boto costuma brincar que um mês no Flamengo equivale a três ou mais nos outros clubes em que trabalhou.

Ele não esconde que sofreu para se adaptar a muitas coisas. Mas os cabelos brancos não são sinais desse envelhecimento psicológico. Afinal, o dirigente português já chegou grisalho para trabalhar no Brasil como diretor executivo de futebol do Flamengo. Um cargo de tamanho comprometimento que Boto diz ainda sequer ter conseguido aproveitar o Rio de Janeiro. A única folga em seis meses usou para conhecer Búzios, na Região dos Lagos.

Boto posa ao lado de Gerson após a renovação de contrato — Foto: Adriano Fontes/Flamengo

Em entrevista exclusiva ao ge nos Estados Unidos (a segunda parte vai ao ar nesta segunda-feira), Boto fez um balanço de seu primeiro semestre no Flamengo e no futebol brasileiro, que inclui dois títulos, duas derrotas, três contratações (Juninho, Danilo e Jorginho), a liderança do Brasileirão, uma classificação suada na Libertadores e uma surpreendente campanha na Copa do Mundo de Clubes. E passou por temas polêmicos, como por exemplo as reduções das multas rescisórias em recentes renovações de contratos, como de Gerson e Pulgar; e a aposta até aqui infrutífera em Juninho, o seu primeiro reforço.

ge: qual balanço faz desses primeiros seis meses?

Boto: — Só pode ser um balanço positivo. Quando se ganha todos os troféus que havia para ganhar, quando se é líder do Brasileirão, está na fase mata-mata da Libertadores, estamos em um Mundial e passamos da fase de grupos, que era o grande objetivo... É difícil querer mais, né (risos)? Não se pode ser campeão em junho, portanto é difícil pedir mais. As três contratações só provam que o elenco era muito bom e que não valia a pena, naquela fase, até porque havia alguma dificuldade financeira, estar a mexer muito no elenco. Hoje também me sinto mais capacitado para identificar as coisas que temos a melhorar do que naquela altura, embora algumas coisas que eu tinha identificado continuam, mas era sempre coisas "feitas muito em cima do joelho", não sei se vocês têm essa expressão, feito à pressa (risos), do que algo muito ponderado como vai ser agora.

Qual foi a situação mais difícil que precisou lidar?

— Todos os dias são um desafio, da forma que eu tenho de encarar essa função. É uma função que tem que estar no dia a dia. A minha grande preocupação é que não falte nada aos jogadores e o treinador se sinta confortável todos os dias. Isso como é óbvio, implica estar no dia a dia, perceber as coisas que estão mal, tentar que as pessoas que emendem sem ter que ir a extremos de partir, dizer que não servem. Isso para mim foi a parte mais difícil.

— Você quando chega em uma cultura diferente há coisas para se adaptar, e há outras que por mais que sejam culturais não podem acontecer numa equipe profissional. Essa... Ia dizer luta, mas se calhar é demais. Esse estar no dia a dia, não deixar que nada falhe, que tudo esteja perfeito, para treinador e jogadores tenham desempenho que têm que ter, é complicado quando tu vens de cultura diferente. Não estou a dizer que é pior, melhor, há sempre um choque cultural. Essa foi a parte mais difícil.

Boto ao lado de Filipe Luís em viagem do Flamengo — Foto: Gilvan de Souza / Flamengo

Pode dar um exemplo?

— Posso dar de como eu me adaptei, é mais fácil isso do que dar exemplo em que as pessoas têm que se adaptar aquilo que é a realidade. Eu quando cheguei e olhei para o que eram as refeições da equipe, para mim fazia muita confusão: "Esses gajos comem isso"? (Risos) Feijão, arroz, muito doce... Falei com o Felipe sobre isso, e ele disse: "Isso é cultural, não vale a pena mexermos muito nisso". E eu percebo isso. Há outras coisas, por mais cultural que sejam, têm que ser feitas de outra forma e estão a ser feitas com tempo, sem grandes revoluções, mas estão a ser feitas de outra forma.

— Para dizer o que mais machucou foi uma falta de comprometimento, sabe? Não pode ser o treinador e o diretor as pessoas que entram primeiro e saem por último, trabalham de sol a sol. Porque estar num clube como o Flamengo se exige de todos esse comprometimento, tem que ser a coisa mais importante. Eu sei que isso é difícil porque as pessoas têm a vida delas particular, mas estar num clube como Flamengo tem que ser a coisa mais importante das nossas vidas. Não deixe que a cultura atrapalhe esse profissionalismo, essa dedicação, que todos os profissionais do Flamengo, seja em que área for, têm que ter. Não pode ser o treinador e o diretor quem trabalha mais, têm que trabalhar muito também, mas os outros têm que acompanhar esse ritmo de trabalho. Senão não estamos bem.

E essa mudança você conseguiu implementar?

— Podemos dizer que estávamos a 50%, neste momento estamos a 90%. Mas o objetivo é chegar aos 100% (risos).

Quando perguntei da maior dificuldade, achei que ia dizer lidar com empresários, como o atleta Marcão (pai de Gerson)...

— (Risos) Para ser honesto, não é assim tão diferente. Em todo lado há sempre uns personagens mais caricatos, né? Embora, honestamente, nunca tive nenhum problema com ele, o atleta Marcão (risos). Sempre nos demos bem, nos respeitamos naquilo que é o trato pessoal. Em termos de problemas com agentes, é nossa vida no dia a dia. Não é muito diferente no Brasil do que é na Europa.

— Aquilo que realmente me custou mais a adaptar foi a imprensa. Aí sim, aqui é bem diferente do que é na Europa. Essa adaptação me custou, não que tenha sido algo que me preocupasse no dia a dia porque não há como usar, mas se habituar a lidar com a imprensa foi o que me custou mais. Neste momento já estou adaptado, já percebi a dinâmica da coisa. Já não me assusto com as pessoas que falam a gritar (risos).

Boto ao lado de Gerson no treino do Flamengo — Foto: Gilvan de Souza / Flamengo

Falando em Marcão e em Gerson, o Alexander Medvedev, do Zenit, falou na imprensa russa que já há acordo...

— Pode ter um acordo com o Gerson, com a gente é simples, não tem que ter nenhum acordo. Existe uma cláusula, quem pagar, e é óbvio, o Gerson concordar em ir, leva o jogador.

Aproveitando, pode esclarecer a história da mudança nas multas? Porque não foi só Gerson, Pulgar também reduziu ao renovar (a do meia é de 25 milhões de euros, enquanto a do volante chileno é de 50 milhões de euros e cai para 15 milhões de euros em 2026)...

— Não sei se as pessoas percebem ou não, mas vou tentar explicar. O que nós não queremos com alguns jogadores é, em cada janela que venha, se tente abrir uma negociação. É óbvio que se você mete uma multa de 200 milhões de euros, estás a dizer: "Vamos abrir uma negociação". Quando chegamos a um acordo com a outra parte, de que há um valor que considera justo para uma multa rescisória, isso não abre espaço para negociações. O que passou nesse caso com o Gerson, quando chegaram queriam abrir uma negociação e disse que não. Existe uma multa, nós não estamos interessados em vender o jogador, se quiserem paguem pelo jogador.

— Quando coloca uma multa que não é razoável, isso abre espaço para negociação. "Ah, tenho uma oferta de 25 milhões, mas a multa é de 200 milhões" (risos). Tem que abrir espaço para negociar, pelo menos tem que ouvir. É isso um pouco que não queremos com alguns jogadores é que a cada janela que passe, são duas por ano, mas esse ano são três, venham querer negociar a saída. Há uma multa, que foi de comum acordo. Então não há conversa. Outro benefício da multa também é que hoje em dia ninguém paga jogador à vista. E aquilo é dinheiro à vista.

A ideia então é ter valores mais factíveis, digamos assim?

— Acho que tem que ser valores que deem uma ideia ao mercado daquilo que tu queres. Se eu ponho um jogador a 200 milhões de euros, o mercado não sabe... Esse jogador vale 10? Ou oito? .As pessoas põem 30 ou 40, e o jogador se calhar vale 30 ou 35. Estás a perceber? Ter essas multas só para dizer que ninguém vem e paga a multa, eu prefiro às vezes que venham e paguem a multa. Porque as negociações hoje em dia, não é nenhum clube que pague a pronto, pagam sempre a prestações. Se é um clube europeu, os 25 milhões se forem pagos em quatro ou cinco vezes, daqui a um ano o valor que ficou acordado de pagar em reais não é o mesmo em euros. Às vezes uma venda de 25 milhões não sai por isso por causa da desvalorização da moeda. Quanto você faz as prestações, já são em reais. E hoje em dia ninguém paga à vista, ninguém. Receber à vista é algo muito bom.

Lá atrás lembro que você falava que um mês no Flamengo era não sei quantos meses nos outros clubes que passou. Quanto você já envelheceu nesses seis meses?

— (Risos) É muito intenso, é realmente muito intenso. Há uma carga competitiva que é muito diferente do que estamos habituados na Europa. Existe por outro lado uma pressão midiática e da própria torcida que não é muito normal mesmo nos maiores clubes europeus. Eu disse isso há pouco tempo em uma entrevista para a Itália, nós perdemos dois jogos. Me diz uma equipe no mundo que em seis meses tenha perdido só dois jogos? E houve altura em que as pessoas já questionavam o treinador, questionavam tudo e mais alguma coisa, quando tu tens duas derrotas, estás à frente do Brasileirão, tudo que tinha para ganhar ganhou... E isso é viver com uma pressão que eu não estava habituado.

— Não é que isso me tire o sono ou a forma de trabalhar, mas é sempre um ruído fundo que cansa. Além de ter que fazer viagens que na Europa fazes quando as equipes russas estavam na Champions e ir a Moscou é como ir do Rio a Fortaleza.

Boto na apresentação de Jorginho no Flamengo — Foto: Gilvan de Souza / Flamengo

As distâncias e o calendário são o que mais pesam, mas há mais diferenças para a Europa no dia a dia?

— Não, essas são as grandes diferenças. As viagens acabam por condicionar também a preparação da equipe. Não é a mesma coisa fazer uma viagem de uma hora e uma de quatro, em termos de desgaste. Um calendário que é super cheio e na minha opinião tira um pouco de qualidade do jogo. O que é natural, mas não devia ser porque a liga brasileira é uma das mais competitivas do mundo. Se houvesse um cuidado no calendário e nos gramados, era uma liga fabulosa. O Jesus dizia isso e nós ríamos lá na Europa, e eu agora digo a mesma coisa: é uma liga que não fica a dever em nada a Premier League. Agora, os gramados, calendário super cheio, às vezes nem 72 horas temos de intervalo, que é obrigatório na Europa. Isso vai se pagar naquilo que é qualidade do espetáculo. O resto, o dia a dia do clube, é igual aos clubes europeus.

Achei que você fosse falar também em relação à dificuldade de receber de clubes brasileiros...

— Essa é outra questão. Desde que a Uefa implementou o fair play financeiro isso acabou. Mas, há muitos anos no futebol, também passei na Europa algumas dificuldades de não receber, de haver uma concorrência que acaba por ser desleal. Acho que isso é uma das coisas que a CBF vai ter que tomar em atenção para melhorar a qualidade do espetáculo, do produto, que na minha opinião tem muito potencial para ser vendável até para a Europa.

Mas o fuso horário não é um empecilho para isso?

— Depende. É óbvio que ninguém vai ver um jogo às 3h da manhã em Portugal, na Espanha... Mas se o jogo for às 22h, como há alguns... Eu via muitos jogos do Brasileirão, nem por trabalho, mas por lazer, via com meus filhos muitas vezes às 22h, 23h, vai até 1h da manhã.

Voltando ao tema de dificuldade para receber, tem um clube em Portugal que até hoje não pagou pelo Igor Jesus e o André, que é o Estrela da Amadora...

— Não vou dizer que a liga portuguesa é uma maravilha porque não é, há muitos clubes também que devem tanto ou mais que os clubes brasileiros. Mas para nós é muito mais fácil lidar com essas situações na Europa porque fazemos uma queixa à Fifa e ela já fez um transfer ban ao Estrela da Amadora. Ou seja, não podem inscrever jogadores enquanto não nos pagar a dívida, e vão acabar pagando. É isso eu falta no Brasil: não pode inscrever jogadores enquanto não paga o que deve. Acho que é uma medida simples, mas vai tornar a competição muito mais leal.

Rodrigo Caio e José Boto conversam durante treino do Flamengo — Foto: Adriano Fontes/Flamengo

A campanha que o Flamengo vem fazendo na Copa do Mundo de Clubes pode aumentar a cobiça sobre o elenco?

— É óbvio quando tu faz uma boa campanha numa competição que tem uma visibilidade grande, as pessoas têm ideia de que isso pode aumentar o interesse nos jogadores, sejam do Flamengo ou outro clube qualquer. Mas isso é uma área que conheço bem e sei que ninguém compra nenhum jogador por causa de um Mundial. O que pode acontecer num Mundial, numa final de Champions ou Mundial de seleções, é que clubes que estejam à espera de uma competição, onde os jogadores vão ser postos à prova num outro nível, para tomar a decisão se comprar.

— Agora, comprar um jogador pelo que viram no Mundial, hoje em dia isso não acontece. Teria que ser um jogador que já está sendo monitorado. Eu trabalhei muitos anos no Benfica que era clube vendedor e sabíamos que seguiam alguns jogadores nossos e esperavam os jogos da Champions para ver como se portavam num patamar mais alto. Na cabeça de jornalistas: o cara fez dois gols no Mundial, agora vão os clubes todos nele. No futebol real isso não existe.

Mas podem começar a seguir algum jogador aqui, né?

— Isso sim, pode acontecer. Porque estão aqui clubes, não é o caso do Flamengo, nem do Fluminense ou Botafogo. Mas estão aqui alguns clubes de liga que não têm visibilidade nenhuma. E se calhar houve jogadores do Mamelodi que saltaram à vista. Mas não é: "Vamos comprar porque fez um Mundial". Tem que haver um seguimento dos jogadores, embora hoje em dia para fazer esse seguimento precisa de duas ou três semanas com as novas tecnologias.

Queria perguntar sobre dois jogadores específicos que saíram na imprensa estrangeira: o Rossi como interesse da Udinese e o Arrascaeta como alvo do Cruz Azul.

— Temos que diferenciar duas coisas. Uma coisa são os agentes: "Ah, falaram comigo do clube tal". Outra coisa são os clubes, e a maior parte dos clubes europeus sabem quem eu sou, têm meu número de telefone, e se há uma coisa concreta vão ligar a mim, não a mais ninguém. Agora, uma conversa, como jogador é como pessoa, isso pode ter acontecido com pessoas ao redor do jogador. Diretamente ao Flamengo não houve.

— Para ser verdadeiro, houve realmente um contato do Cruz Azul, através de seu diretor esportivo, (Ivan) Alonso, que me ligou, conversamos um pouco e ficou de falar comigo depois do Mundial. Eu disse que tinha que pagar a cláusula, que é bastante grande (risos). Não temos nenhum interesse em vender. Aliás, não temos de nenhum jogador. Tanto é que não abrimos negociações com ninguém. E não temos essa necessidade também (de vender), o que é bom.

José Boto e Filipe Luís com a medalha de campeão carioca no Flamengo — Foto: Adriano Fontes / Flamengo

O Filipe que está tendo uma grande repercussão internacional nessa Copa do Mundo. Qual a avaliação de vocês da campanha até aqui?

— Fomos o primeiro time a se classificar entre todos os participantes, quando muita gente pensava que só iríamos classificar na última rodada. Fomos jogar a última já classificados e em primeiro lugar. Isso diz muito o que foi nossa participação até agora, que foi extremamente positiva. Na minha opinião, fizemos três excelentes jogos, sendo que o último jogo, pelo fato de já estarmos classificados influenciou um pouco. Mesmo assim fomos superiores, mandamos quatro bolas nas traves, acho que a vitória só não aconteceu por mero azar. Embora, se calhar precisássemos desse jogo, teria sido um jogo diferente. Acho que toda a gente só tem que estar orgulhosa de tudo que fizemos até agora.

— Porque não era um grupo fácil, jogamos com o vencedor da Conference League e o quarto colocado da Premier League. E não foi só ganharmos do Chelsea, foi a forma como ganhamos, com domínio quase total do jogo. Isso mostra a qualidade do futebol que praticamos. E agora estamos ansiosos para ver como vamos nos sair contra talvez a melhor equipe da Europa. Melhor no sentido de nome, de peso, nos últimos anos ganharam sete ou oito Bundesligas. Isso tem um peso de estarem acostumados a ganhar, todos que vestem aquela camisa ficam melhores... Mas estamos ansiosos por esse desafio. Sabemos da valia deles, o respeito que temos por eles, mas temos as nossas chances e vamos por elas. Acho que vai ser um bom jogo de futebol.

E soube que o nível do Flamengo foi elogiado pelo Arsène Wenger no jogo do Los Angeles FC, né?

— Foi uma conversa antes do jogo, na tribuna presidencial. Estavam algumas figuras do futebol brasileiro, como Dunga e o Bebeto, e estava o Arsène Wenger, que hoje faz parte do grupo de estudos da Fifa. E é alguém que eu conheço já há alguns anos. Estivemos a conversar um bocadinho, no meu francês, e ele a primeira coisa quando me viu foi dar os parabéns pelos dois jogos que tínhamos feito e disse que éramos a equipe que tinha o futebol mais atrativo que ele tinha visto. E queria ver, com menos não sei quantos titulares, se manteríamos o mesmo padrão de jogo. No intervalo tive com ele novamente e disse: "Parabéns, isso é sinal que o treinador sabe o que está a fazer".

Os clubes brasileiros, de uma forma geral, surpreenderam? O que seus amigos na Europa dizem?

— Aquelas pessoas que conhecem bem o futebol, não é uma surpresa tão grande para eles aquilo que os clubes brasileiros estão a fazer. Hoje o nível tático da liga brasileira está muito mais elevado do que estava há uns anos atrás, continua a haver bons jogadores... Então não é uma surpresa para quem conhece futebol. Agora, para os torcedores europeus, que têm uma imagem de um futebol brasileiro meio lento, pode ter sido uma surpresa a forma como os clubes brasileiros representaram neste Mundial. As pessoas quando vêm falar comigo é sobre Flamengo, e aquilo que dizem é da nossa forma de jogar, muito vincada.

— Se calhar as pessoas achavam que iríamos mudar isso para jogar contra o Chelsea. E não mudamos, isso é algo que marca positivamente a participação do Flamengo neste Mundial. Foi de imposição, uma forma de jogar que nós gostamos e achamos muito válida. Não é melhor nem pior do que outras formas de jogar, porque o futebol já nos ensinou que se pode ganhar com ideias completamente diferentes. E até às vezes sem ideia nenhuma se pode ganhar (risos). Mas é uma ideia de jogo dominante, que é impositivo e que se calhar foi uma surpresa para muita gente conseguirmos fazer isso contra uma equipe como o Chelsea. Mais do que vitória, a forma como ganhamos impressionou muita gente na Europa.

José Boto, Carlo Ancelotti e Vini Jr. durante encontro no Maracanã — Foto: Gilvan de Souza/Flamengo

E muita gente lembrou de uma frase sua falando que o Flamengo venceria 70% dos times da Premier League...

— Não foi isso bem que eu disse, as pessoal talvez deturparam (risos). O que eu disse é: naquilo que é a minha visão de bom futebol, que pode ser diferente da sua ou de outros, o Flamengo joga melhor do que 70% das equipes da Premier League. É diferente que ganhava de 70%. Como eu acredito que jogando melhor está muito mais perto de ganhar do que se jogar mal. Aquilo que também disse é que o Flamengo com sua força como clube, com o elenco, o treinador que temos, competir na Premier League lutava seguramente pelos primeiros lugares.

— Não vou dizer que era campeão, primeiro, segundo... Mas que lutava pelos primeiros lugares. Até porque aquilo que muitas vezes fazem pouca diferença entre o futebol europeu e sul-americano é a intensidade com que se joga. É muito mais rápido o futebol na Europa, mais intenso, só que se você competir em um contexto desse você vai ganhar essa intensidade também. Esses jogadores têm provado isso, que jogando em ritmo mais altos conseguem jogar.

Um confronto que muita gente imaginava seria contra o Benfica. Queria ter enfrentado o seu ex-clube?

— Eu era o mais a esperar (risos). É sempre bom encontrar um clube português e onde trabalhei 12 anos. Muita gente que lá está era do meu tempo, especialmente o presidente. Mas o Benfica mostrou que o futebol é uma caixa de surpresas, ganhou do Bayern quando toda gente já estava à espera de um duelo Benfica x Flamengo. Mas a vitória do Benfica também é uma inspiração para nós.

Nesses seis meses, já conseguiu curtir o Rio de Janeiro?

— É difícil curtir a cidade quando há duas coisas que é diferente entre todas as cidades que eu vivi. Uma são as distâncias da cidade. "Ah, vamos ali na Zona Sul". É uma hora de carro, e se houver trânsito são duas horas (risos). Isso para um europeu, ainda mais habituado a viver em cidades pequenas, é algo diferente. E depois pelo ritmo de trabalho que imponho a mim próprio, eu entro no CT às 8h ou 9h, e saio às 20h. Normalmente o que faço, todas as noites vou jantar fora porque moro sozinho e não sou um grande cozinheiro. Aí vou conhecendo a gastronomia e os bons restaurantes. Come-se muito bem no Rio. E é uma cidade boa para viver.

— Aliás, vou dizer isto pela primeira vez. Já tinha ido ao Rio não sei quantas vezes antes de trabalhar lá, nunca coloquei um pé na praia. Já gostei, agora gosto menos. Mas estive dois dias em Búzios, quando foi a única folga que tivemos em março. Aí tomei banho, mas a água não era assim tão boa como eu estava à espera (risos).

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Fonte: Globo Esporte
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