Tite vê vitória justa do Flamengo sobre Botafogo e elogia 2º tempo: "Domínio e controle total"

Com um gol de Léo Pereira nos acréscimos, o Flamengo derrotou o Botafogo por 1 a 0 na noite desta quarta-feira no Maracanã, voltou a vencer no Campeonato Carioca e saltou para a vice-líderança do estadual. Apesar da atuação ter deixado a desejar, na entrevista coletiva após a partida Tite elogiou o segundo tempo da equipe e considerou o resultado como merecido:

- Equipe que teve domínio e controle no segundo tempo total. Que fez jus e mereceu vencer. No primeiro tempo ainda teve alguns momentos do Botafogo pela qualidade, pela boa equipe, pelo técnico que tem, a jogada de velocidade puxada de contra-ataque, mesmo assim neutralizada.

- Persistência, resiliência, ir até o final, são palavras muito fáceis de dizer, mas muito difícil de fazer isso em campo. Teve um nível de concentração muito alto com a entrada de atletas que proporcionaram nesse aspecto a vitória.

Cléber Xavier e Tite em coletiva no Flamengo — Foto: Fred Gomes / ge

Sobre Léo Pereira, herói pelo segundo jogo seguido (contra o Vasco ele evitou a derrota), Cléber Xavier, auxiliar de Tite, rasgou elogios ao zagueiro:

- O Léo é um menino que terminou muito bem o ano, nos 12 jogos, foi um dos jogadores com nível alto. E começou bem o ano, tem qualidade no posicionamento defensivo, nas coberturas, e também nos ofensivos, com construção, bola longa, diagonal e bons passes. E hoje teve a felicidade no cabeceio. Ele ataca muito o primeiro pau nos escanteios. Hoje fez um gol no segundo. Pode aparecer em qualquer lado. É importante para ele. Ficamos felizes pelo jogo passado que fez defensivo perfeito. E hoje mesmo que não tenha salvado, ajudou bastante.

- E tem margem de crescimento. Isso é importante no atleta. Ele não bateu o topo, tem margem de crescimento - acrescentou Tite.

Tite, técnico do Flamengo, durante o clássico contra o Botafogo, no Maracanã — Foto: André Durão

Veja outras respostas de Tite:

- Com o tempo você me cobra. Guarda essa pergunta que você vai me fazer de novo e nós vamos considerar. Requer tempo de entrosamento dos quatro homens de meio de campo com um jogador de profundidade na lateral. Guarda a pergunta.

- Teste não. Com jogadores desse nível... Eu tenho um carinho muito grande pelo lado humano de todos. Como técnico tenho que escolher. Sei do trabalho por trás do pano. Não me engano. Não boto panos quentes em situação. Falo porque sinto. Tenho que escolher e tenho respeito muito grande por eles. Antes do jogo, coloquei isso a eles antes de começar o jogo e fazerem o aquecimento, falei que a preparação seria fundamental para entrar e ser decisivo. Não porque sou advinho, o futebol é assim, te traz isso. No lado direito, o Varela dá quando a jogada é de combinação e dá o timing para passar. O Wesley não precisa nem de timing, só o lançamento longo já dá infiltração.

- Teve problema, sim. Já estava determinada a substituição dele (Varela). Do Nico (De la Cruz) também. Gente, jogamos dois clássicos em quatro dias, início de temporada. A exigência física e mental é muito grande. As duas substituições já estavam determinadas, prontas para fazer no segundo tempo.

- Coordenação fina se pega com o tempo. O atleta vai adquirindo sua melhor condição. Estou falando de todos: nós, Botafogo, todas as equipes. Ela retoma uma finesse maior com a sequência de jogo. É da jogada individual, mas é do posicional. A gente não engessa na frente, dá o plano criativo. Por vezes vai ser do drible, da tabela, da assistência... O Arrascaeta é um jogador assim. Ele fala para você que precisa da sequência de jogos. Eu ouvia mesmo quando não era do Flamengo . Os jogadores são assim, precisam para encontrar essa finisse.

Cléber Xavier: - A questão da bola parada a gente tem trabalhado bastante. Analisando os adversários a gente decide quando usar. Até o processo ofensivo, das movimentações, tem muito do atleta e muito do trabalho. É o crescimento que a equipe precisa, faz parte da evolução. No sábado a gente faz o quarto jogo em 10 dias. É recuperar e treinar pouco. A evolução vai acontecer nessas movimentações.

- A torcida deu apoio. Ela estava até um pouco impaciente pelo resultado. Temos que entender a reação da torcida. Às vezes tocava uma bola de lado e ela reclamava. Reclamava aqui atrás do banco. Mas não dá para perder a consciência, que vai sair de qualquer jeito e fazer o gol. Por isso que falo para os atletas terem maturidade. Vai dando crédito. Titularidade é a sequência de jogos que dá. São os momentos de cada um. Pedro tem sido o goleador.

- Gabi da mesma forma tem a possibilidade de como a gente utilizou, em algum momento estratégico, os dois desde o início. A gente usou os dois (contra o Audax). Se o Arrasca, aventamos a possibilidade hoje, ele poderia não ter continuidade, a gente estava monitorando. E tinha a possibilidade de jogar ele (Gabigol). São dois grandes atletas.

- O Gerson não trabalha como segundo meio-campista. Trabalha como jogador de articulação dentro do bolsão na meia esquerda. Se o olhar o lance em que o Cebolinha faz cruzamento no final do primeiro tempo, ele é acionado na meia esquerda. Porque nossa fase ofensiva é de um primeiro meio-campista e ele avança para ser um articulador. No segundo, há um cruzamento da direita e ele ataca o canal central para fazer o gol, e o Luiz Henrique ganhou o cabeceio. Os dois exemplos mostram bastante o posicionamento do Gerson não como segundo meio-campista, mas como jogador com liberdade criativa.

- Para não ser um jogo imaginário. O lance que o Arrascaeta finalizou contra o Vasco foi um lance cavado nas costas do adversário. Numa infiltração do Gerson, tem uma bola do Varela de retorno, ele faz o cruzamento e o Arrascaeta vem, parecido com o gol contra o Palmeiras. Não vale pegar 15 minutos de um lado e 15 do outro, juntar as duas coisas e não olhar que no segundo tempo chutamos oito, nove, e eles chutaram uma. Não vale porque aí o número fica fatiado.

Cléber Xavier: - O Botafogo veio num 4-1-4-1. Mudou o jeito dos últimos jogos, baixando, não pressionou alto. Reduziu nossos espaços ofensivos. Em algum momento, a ânsia para criar situação faz com que o jogador faça uma bola longa, não encontre o espaço no meio. Isso entra na finesse que a gente falou. Finesse das movimentações para poder desenvolver com calma. Trabalhar boas bolas longas, teve uma bola para o Gerson atrás da defesa. Por ter errado algumas, parece que a gente precipita. Calma. A gente tem trabalhado e orientado. Amanhã a gente vê o jogo novamente, prepara o treinamento.

- Manteve consistência, nível de concentração, que é muito difícil. Com a pressão e necessidade do resultado que a grandeza do Flamengo requer. Sei disso, muito claro. Não pense que não sei que se não ganhar não estarei técnico do Flamengo . Mas sei que tem um processo para a evolução acontecer. A primeira bola do jogo foi representativa. Ela dá e o Pedro finaliza de média distância. Está trabalhando nesse sentido.

- Acho que foram vocês da imprensa que me alertaram numa crítica, que o Flamengo perdeu muito ano passado. Talvez desde 2015 não tinha perdido tanto. Coloquei para os atletas que legal nós, de 12 do ano passado, ganhar sete. Mas perder quatro é muito para Flamengo . Estou falando do meu trabalho. Não dá para perder quatro de 12. Tem que vencer, sim, mas perder menos. Isso é uma equipe equilibrada.

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Fonte: Globo Esporte