Em reunião na manhã desta terça-feira , em um hotel em São Paulo, seis clubes da Série A assinaram um documento que prevê a criação de uma liga para organizar o Campeonato Brasileiro.
Assinaram o documento com a Codajas Sports Kapital: Bragantino, Corinthians, Flamengo, Palmeiras, Santos e São Paulo. O Cruzeiro e a Ponte Preta, que estão na Série B, também assinaram.
Uma nova reunião, com a participação dos 40 clubes que estão nas Séries A e B do Campeonato Brasileiro foi marcada para a semana que vem, na sede da CBF, no Rio de Janeiro.
– Os 40 clubes são a favor da criação da liga. Agora é só acertar as arestas e dia 12, com certeza, será uma grande festa na CBF – declarou o presidente do Santos, Andrés Rueda.
A reunião desta terça foi convocada por um bloco composto por Flamengo, Bragantino, Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo, com a carta-convite assinada por esses clubes, que estão mais alinhados a uma proposta de criação da liga formada pela empresa Codajas e pelo banco BTG.
Estiveram na reunião representantes de 18 clubes da Série A - as exceções foram Cuiabá e Juventude. Das equipes atualmente na Série B, marcaram presença dirigentes de Cruzeiro, Guarani, Ponte Preta, Sport e Vasco.
O tom otimista não foi compartilhado por todos ao fim da reunião. O presidente do Athletico-PR, Mário Celso Petraglia, fez críticas ao bloco dos cinco paulistas mais o Flamengo.
- Para os nossos 14 clubes, não consideramos (que a liga está criada). Fomos surpreendidos com a pauta de reunião. A intenção seria uma conversa entre os clubes para ajustar. Aí vieram com os estatutos prontos e que os seis assinariam, e quem quisesse assinar também que ficasse à vontade. Eu nem estudei o estatuto.
O dirigente continuou:
- O Athletico vai ouvir o seu Conselho e, se estiver de acordo com os nossos princípios, assinaremos. Desde que fique claro que a fundação será dos 20. E não iremos a reboque dos seis. O que nós queremos é dividir melhor, mais justo, e não o Flamengo ter 70 vezes o valor do Athletico-PR em pay-per-view. 70 vezes na mesma competição. Que joguem sozinhos. Que jogue Flamengo contra Corinthians, Corinthians contra Flamengo. Agora eles precisam dos outros 18 para fazer um produto que é o Campeonato Brasileiro. E querem ficar, como sempre, com tudo.
Veja a lista de alguns dos dirigentes presentes:
- Rodolfo Landim (Flamengo)
- Duilio Monteiro Alves (Corinthians)
- Leila Pereira (Palmeiras)
- Marquinhos Chedid (Bragantino)
- Júlio Heert (AvaÍ)
- Andrés Rueda (Santos)
- Mário Celso Petraglia (Athletico)
- Harlei Menezes (Goiás)
- Julio Casares (São Paulo)
- Alessandro Barcellos (Inter)
- Adson Batista (Atlético-GO)
- Jorge Braga (Botafogo)
- Geraldo Luciano (Fortaleza)
- Jorge Salgado (Vasco)
- Marcus Salum (América-MG)
- Sérgio Coelho (Atlético-MG)
- João Paulo Silva (Ceará)
- Matheus Montenegro (Fluminense)
- Juarez Moraes (Coritiba)
- Marco Antônio Eberlin (Ponte Preta)
- Ricardo Moisés (Guarani)
- Gabriel Lima (Cruzeiro)
Havia a expectativa de que um documento formal seria assinado pela maioria dos clubes da Série A nesta terça-feira. Mas ainda há divergências entre dois grupos. O primeiro tem os clubes paulistas mais o Flamengo. O segundo é o "Forte Futebol", movimento criado por dez clubes da Série A que se identificam como "emergentes" e contam com o Atlético-MG como embaixador .
A divergência diz respeito à divisão dos recursos quando os contratos de TV forem assinados. A proposta da Codajas era de divisão com 40% dos valores fixos, 30% variável por performance esportiva e 30% por audiência. O grupo do Forte Futebol prefere que a divisão seja 50-25-25. Essas diferenças devem ser acertadas nas próximas reuniões.
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Leila Pereira, presidente do Palmeiras, na chegada para reunião de criação de liga — Foto: Vinicius Bueno
As conversas para a criação da liga acontecem há meses. No dia 15 de junho do ano passado, como consequência da crise na CBF gerada pelo afastamento de Rogério Caboclo, clubes foram até a confederação e anunciaram a intenção de formar uma liga.
A movimentação no mercado tem sido intensa desde então. O advogado Flavio Zveiter, que representa a Codajas Sports Kapital (CSK), anunciou a parceria com o BTG Pactual em janeiro e está desde o começo das tratativas mais alinhado com o bloco de Flamengo e clubes paulistas.
Outros grupos, como o consórcio formado por Live Mode e 1190, e o banco de investimentos da XP, que teria parceria da La Liga para estrutura e tecnologia e busca investidores, fizeram propostas para gestão da possível nova liga.
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Marquinhos Chedid, do Bragantino, chega para reunião sobre a liga — Foto: Thiago Ferri
Houve uma reunião no BTG em fevereiro , já tentando aproximar os blocos divergentes. Na ocasião, estiveram no encontro dirigentes de Flamengo, Palmeiras, Corinthians, São Paulo, Santos, Red Bull Bragantino, Cruzeiro, Vasco, Fluminense, Internacional, Grêmio e Atlético-MG.
Este último atuou como uma espécie de embaixador do "Forte Futebol", movimento criado também em fevereiro com dez clubes que se apresentam como emergentes – América-MG, Atlético-GO, Athletico, Avaí, Ceará, Coritiba, Cuiabá, Fortaleza, Goiás e Juventude.
Correção: esta reportagem dizia inicialmente que o América-MG assinou a criação da liga. Mas a diretoria do clube informou que isso não ocorreu. A atualização da matéria foi feita às 12h59.