Plata tenta ser o primeiro equatoriano de sucesso do Flamengo; pênalti marcou passagem de "Elegante"

O Flamengo apresenta na tarde desta segunda-feira o atacante Gonzalo Plata, último dos quatro reforços contratados na janela do segundo semestre. Plata é apenas o quarto equatoriano a vestir vermelho e preto desde a fundação do time de futebol do clube, em 1912.

O Flamengo tem grandes ídolos nascidos em Argentina, Uruguai e Paraguai, além de jogadores importantes que vieram de Chile, Paraguai, Peru e Bolívia. Os equatorianos, porém, tiveram passagens curtíssimas e sem sucesso.

Erazo recebe cartão amarelo ao cometer pênalti desnecessário em Pedro Ken na final do Carioca de 2014 — Foto: Alexandre Cassiano/Agência Globo

O último representante do Equador chegou com muita moral, mas não conseguiu corresponder. O zagueiro Frickson Erazo, à época com 25 anos, desembarcava no Rio com o apelido de "El Elegante", uma referência à técnica e ao jogo limpo que exibia com as camisas do Barcelona de Guayaquil e da seleção equatoriana.

Na estreia, em 2 de fevereiro de 2014, o cartão de visitas não foi nada positivo. Aliás, foi vermelho. Num jogo fácil para o Flamengo , uma goleada por 5 a 2 sobre o Macaé com direito a quatro gols de Hernane, Erazo deixou a elegância de lado e foi expulso quando a partida já estava liquidada, com 4 a 1 no placar (veja o lance no vídeo abaixo) .

Depois de cumprir suspensão na goleada também por 5 a 2 sobre Boavista, Erazo voltou a campo em 8 de fevereiro para o clássico com o Fluminense. Dessa vez, o equatoriano não levou cartões, mas falhou em todos os gols na derrota por 3 a 0.

Na reportagem sobre a partida de "O Globo" do dia seguinte, a atuação ruim de Erazo foi destacada, e o atleta levou a pior nota da partida (veja abaixo) .

Erazo não foi bem no Fla-Flu de 8 de fevereiro de 2014 — Foto: Acervo O Globo

A pá de cal na passagem de Erazo acontece na final do Carioca de 2014, que seria apenas o quinto e ao mesmo tempo o antepenúltimo jogo dele pelo Flamengo . O zagueiro titular Chicão foi expulso aos 14 minutos do segundo tempo, momento em que o duelo com o Vasco estava em 0 a 0. O empate interessava ao Rubro-Negro e, aos 20, o técnico Jayme de Almeida substituiu o meia-atacante Éverton pelo zagueiro equatoriano.

Apenas oito minutos após entrar em campo, Erazo cometeu pênalti grosseiro em Pedro Ken, e Douglas colocou o Vasco em vantagem: 1 a 0. O resultado parcial quebrava um jejum de 26 anos dos vascaínos em decisões contra o Flamengo . Sorte do equatoriano é que Márcio Araújo, aos 44 minutos, voou para pegar rebote de cabeçada de Wallace, empatou o jogo e deu o título aos rubro-negros. (veja um vídeo sobre no topo da matéria)

Além de manter a escrita que perdura até hoje - o Vasco não ganha uma final do Flamengo desde 1988 -, o gol de Márcio Araújo fez Erazo se ajoelhar e chorar muito em campo. O alívio, porém, foi apenas no momento de euforia. As atuações ruins no Carioca fizeram o atleta ser encostado, e ele só voltaria a jogar nas últimas duas rodadas do Brasileiro daquele ano.

Curioso é que, apesar da passagem negativa, Erazo era um bom jogador. No próprio 2014, fez uma Copa do Mundo muito positiva pelo Equador e ficou marcado por anular Benzema em partida contra a França no Maracanã. Também fez bom papel com a camisa do Grêmio. Pela seleção do seu país, o ex-atleta de 1,90m fez 65 partidas entre 2011 e 2018.

Em 1996, o Flamengo buscou no Espoli, então vice-campeão equatoriano, o lateral-direito Wagner Rivera, de 23 anos e contratado após fazer uma boa Copa Libertadores.

Conhecido em seu país como "La Bala" Rivera não por sua velocidade, mas por conta de um disparo que sofreu em uma discussão com um taxista, o ex-jogador teve uma passagem muito ruim pelo Flamengo . O equatoriano disputou apenas 15 partidas pelo clube.

Rivera é o quarto da esquerda para a direita. Com ele estão agachados Caíco, Bebeto, William e Marques — Foto: Reprodução

Félix Guerrero jogou pelo Flamengo um dos cinco amistosos que o time fez em excursão ao Equador entre 2 e 21 de abril de 1966. Ele entrou no segundo tempo do empate por 2 a 2 com o Emelec, pelo Torneio Internacional de Guayaquil. Guerrero foi emprestado por uma equipe local.

Ou seja, com a soma das partidas de Erazo (sete), Rivera (15) e Guerrero (1), o Flamengo não tem nem 30 jogos com equatorianos em campo.

Plata começa a tentar a reescrever a história dos representantes de seu país dentro do Rubro-Negro em setembro de 2024. Ele não pode atuar na quinta-feira contra o Bahia, pela Copa do Brasil, mas já reúne condições legais para estrear no dia 15, contra o Vasco, e quem sabe apagar a má impressão deixada pelo compatriota há 10 anos.

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Fonte: Globo Esporte