Jorge Jesus está no Flamengo há pouco mais de dois meses e já teve tempo para implantar uma cultura diferente no clube. Não só dentro de campo, mas também fora dele: tem até regra de comportamento durante as refeições.
“Quando estamos à mesa, é sagrada. Foi sempre aquilo que meus pais deixaram muito claro, seja no centro de treinamento, seja na tua casa, seja na minha. Não tem chapéu na cabeça. Quando estão em casa respeitam o que é uma mesa, aqui também têm de respeitar”, disse o treinador ao site oficial da Libertadores.
“Nós criamos um regulamento. Para mim é igual, não é só para eles. Eu também não posso usar o celular na refeição, não posso chegar tarde, pago multas dobradas em relação a eles. Porque tu estás numa concentração, jantando, almoçando, naquela hora não precisa do celular ali. Sinais, acho que isso é o mínimo. Não faço também sem ter uma opinião deles, como é óbvio”, explicou.
O português, inclusive, disse não ter tido nenhum problema com relação às novas regras.
“O Brasil tem sido uma surpresa. Tu não sabes, mas nós na Europa temos a ideia - eu não tanto, porque já trabalhei com quase 700 jogadores brasileiros - de que o jogador brasileiro não gosta de trabalhar. Que o jogador brasileiro não é bom profissional. Eu vim encontrar no Flamengo tudo ao contrário disso”, elogiou.
Jesus elogia Arrascaeta
Entre esses ótimos profissionais encontrados por Jorge Jesus está Giorgian de Arrascaeta. O uruguaio foi muito elogiado pelo comandante, que viu um potencial diferente no meia.
“Se precisar, chega às 8h da manhã e vai embora às 10h da noite para fazer toda a recuperação. Grande profissional. Tem um talento que surpreende. É um jogador que pensa antecipadamente no que vai fazer ou pensa mais rápido que os outros”, afirmou Jesus.
“O segundo ou terceiro jogo que ele fez comigo foi contra o Goiás (pelo Brasileirão ), e ele jogou demais. Fez três gols e esteve nos outros gols todos. Se jogar todos os jogos assim, é jogador de todas as galáxias”, declarou.
O ex-treinador do Benfica até comparou o uruguaio ao atleta a quem definiu como o melhor sul-americano com quem trabalhou.
“Pablo Aimar”, define Jesus. “Pablo Aimar via as coisas à frente. Eu tenho um jogador um pouco parecido na minha equipe, que é o Arrascaeta, como ele. Antes de chegar a bola, o Aimar já sabia o que fazer com ela. O Pablo Aimar jogava de costas, como se pudesse ver. Quando tinha a bola, ele era um pensador de jogo acima do normal”, recordou.