Chefe de arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol, Leonardo Gaciba falou com a ESPN sobre as polêmicas de procedimento do árbitro de vídeo, o VAR.
Neste Campeonato Brasileiro, o uso do VAR tem sido bastante criticado, principalmente na demora dos procedimentos da arbitragem. No domingo, em Itaquera, o Flamengo teve um gol validado pelo VAR depois de muito tempo, mas a decisão provou-se correta, já que Gabigol não estava em posição de impedimento.
“Não é nem comunicação, tem o vídeo. Todo mundo tem à disposição, nós temos o vídeo gravado do que aconteceu. O processo do que aconteceu dentro da cabine, ele é gravado e enviado para a FIFA. É catalogado na FIFA e na CBF. Nós temos uma ferramenta que nos dá precisão absoluta, não é aquela linha de impedimento normal que tem na transmissão, que pega na linha de fundo para frente e depois bate para ver se está ou não. É um lance muito ajustado. São milímetros, centímetros entre o atacante e o defensor e com ponto de refer~encia difícil, que não é o pé. E o ponto de referência que não é difícil, que é o pé", disse Gaciba.
"Nós precisamos de uma linha vertical, que é a tecnologia que nós usamos, que é projetada no solo para ver exatamente a posição do jogador. A câmera de impedimento tem um ângulo que não favorece para saber onde estava o jogador ou não. Quando se faz a projeção no solo, temos a exata noção de onde ele está. È um processo lento, dá para melhorar, dá. Esse processo de linha vertical nós usamos quatro ou cinco vezes, quando são lances muito ajustados, nos outros a linha horizontal resolve. Esse é um lance que vai demorar um pouquinho a mais. Como ele não acontece com muita frequência, só o tempo para melhorar. O mais importante é que a precisão da decisão foi correta", completou o ex-árbitro.
Depois do empate em Itaquera, o técnico do Flamengo, Jorge Jesus, criticou os procedimentos do VAR e pediu mudanças.
"É legal até o treinador estar falando isso, o Jesus não participou da reunião dos técnicos da Série A que aconteceu no começo do ano, ele ainda não tinha assumido e já teve a oportunidade de ter um encontro com o diretor de árbitros. Hoje em dia já pé mais comum esse contato. Nós fomos ao Maracanã, mostramos muita das coisas que são feitas e deixei como sugestão que antes de todos os inícios de jogos da Série A, nós tenhamos uma reunião com treinadores, capitães, presidentes de clubes da Série A e Série B para que a comissão consiga conversar com eles e mostre o rumo e a linha. Fora isso, sugestões são muito bem-vindas para tornar o futebol brasileiro melhor. Nessa mesma época, no campeonato passado, a CBF tinha 50 erros capitais, e nesse erro temos três. Por si só esse número mostra o quão importante, o quão positivo está sendo o árbitro de vídeo para a arbitragem brasileira", analisou Gaciba.
"O mundo ideal para nós é que o Brasil tivesse fibra ótica para fazer igual na Copa do Mundo na Rússia no qual todos os árbitros de vídeo não se deslocaram para lugar nenhum. Eles ficavam em uma sede em Moscou e ficavam fazendo todos os jogos que iam acontecendo por todo o país, aqui nós temos essa dificuldade. Nós temos que mandar os nossos árbitros de vídeo para os locais e eles comandam dentro de salas instaladas nos locais de jogo. O que acontece? O Brasil é um continente, fica mais difícil esse feedback. A partir do momento em que a gente consiga ter um local de treinamento e de transmissão que fique daqui, poderia aumentar a experiência deles rapidamente. A equipe de árbitro de vídeo poderia fazer um jogo no sábado e outro no domingo, por exemplo, vindo somente ao Rio de Janeiro, por exemplo. Fora isso, teriam oportunidade de estar junto com os companheiros e fazer a análise dos outros jogos da rodada, o olho a olho e o que seria o mundo ideal. Estamos pensando em um projeto, em viabilidades, que caso os árbitros de vídeo achem que o árbitro de vídeo veio para melhorar o futebol, que trouxe mais justiça e que ano que vem ratifiquem a questão, anos que vem podemos conseguir um processo que venha evoluir ainda mais a questão da tecnologia, finalizou.