Depois dos danos causados nos bastidores do Flamengo pela eliminação nas oitavas de final da Copa do Mundo de Clubes, com a crise instaurada há mais de uma semana entre elenco, comissão técnica e diretoria, a volta da equipe à realidade do futebol brasileiro fez com que o universo rubro-negro pudesse retomar sua autoestima habitual. Primeiro de tudo por conta da vasta superioridade apresentada pela equipe na vitória (2 a 0) de ontem, contra o São Paulo, no Maracanã, com um golaço de Luiz Araújo e o estrelado Wallace Yan voltando a balançar as redes. Depois, pela liderança isolada no Campeonato Brasileiro, com 27 pontos.
Se a impressão final deixada nos Estados Unidos foi de que a equipe precisava se reforçar ainda mais para bater de frente com o primeiro escalão do futebol mundial, fato é que o poder de fogo que Filipe Luís tem à sua disposição é mais do que capaz de fazer o Flamengo brigar pelos principais títulos da América do Sul. Tanto é que, para superar um tradicionalíssimo São Paulo, mas que ontem não correspondeu ao seu histórico vencedor ao adotar postura exageradamente defensiva, o treinador se deu ao luxo de abrir mão da presença de Pedro, um dos principais nomes da equipe nos últimos anos — e que seria extremamente útil, por exemplo, ao tricolor, que sofreu com a falta de letalidade ofensiva —, e mesmo assim conquistou a vitória com boa participação de um móvel trio de ataque — destaque especial para Luiz Araújo e Plata.
Ainda assim, é inegável que o contexto da partida de ontem foi uma prova de que nem sempre o Flamengo vai precisar de atacantes com tanta intensidade sem a bola. A estratégia adotada pelo São Paulo, por exemplo, que utilizou um 5-3-2 com três volantes no meio e Oscar como um dos homens mais avançados, fez com que fosse necessária, principalmente no primeiro tempo, a presença de um centroavante de área, mais fixo. Tanto é que, mesmo com Bruno Henrique, Plata, Luiz Araújo e Arrascaeta se posicionando na frente dos cinco defensores tricolores, a equipe paulista não teve muitas dificuldades para se defender.
Soluções táticas
Com Pedro ou um outro jogador dessa característica ali, o rubro-negro poderia, então, prender um dos três zagueiros escalados pelo estreante Hernán Crespo. Ou então ganhar mais poder pelo alto, para possíveis cruzamentos dos laterais, que estiveram posicionados bem abertos, quase como pontas — Wesley, aliás, quase abriu o placar nos acréscimos do primeiro tempo em jogada individual.
Mas também não se pode dizer que os chutes de fora da área, solução encontrada pela equipe para furar o bloqueio são-paulino, não funcionaram. Além do golaço de Luiz Araújo no segundo tempo — o camisa 7 ainda participou do gol da joia Wallace Yan, ao finalizar a bola defendida por Rafael e aproveitada pelo atacante no rebote —, Léo Ortiz levou perigo na etapa inicial ao acertar a trave e depois forçar Rafael a fazer boa defesa.