O modesto Central Córdoba, da Argentina, só havia vencido um de seus oito últimos jogos — perdeu quatro e empatou três. Sofreu dez gols, fez cinco, e ocupa a sexta posição do Grupo A do Apertura. Pois bem: na noite da última quarta-feira veio ao Maracanã e venceu o Flamengo por 2 a 1, em confronto válido pela segunda rodada da fase de grupos da Libertadores.
Quebrou a invencibilidade do time de Filipe Luís e plantou sementes de abacaxi na cabeça dos rubro-negros, que agora questionam as escolhas do treinador. Com a vitória da LDU sobre o Táchira (2 a 0), em Quito, o Flamengo passa ter a obrigação de pontuar em pelo menos um dos dois jogos fora de casa, contra LDU, no Equador, e o próprio Central Córdoba, na Argentina.
Num calendário tão intenso, com disputas equilibradas, cobrar que não haja oscilações no nível de desempenho me parece ingenuidade. Porque não são poucos os casos de equipes que sobem e descem ao longo da temporada sem comprometer a meta. A questão é identificar logo a razão de o time não estar conseguindo transformar a posse de bola em bola na rede.
Muito se criticou o fato de Filipe Luís ter iniciado o confronto no Maracanã sem Wesley, Pulgar e Gerson, três dos responsáveis pelo bom funcionamento do sistema. Como se Varela, Evertton Araújo e Gonzalo Plata já não tivessem status de titular. E como se ele, Filipe Luís, não conhecesse o elenco, estudasse os adversários e tivesse um plano tático para cada confronto.
Essa primeira derrota do Flamengo em 2025 me pareceu, portanto, evento isolado, sem relação direta com a escalação para os 45 minutos iniciais. O pênalti infantil de Léo Pereira e a virtude do adversário na bola alçada na área para cabeçada do paraguaio Florentín, colocaram o time rubro-negro em desvantagem de dois gols ainda no primeiro tempo e potencializaram a estratégia argentina.
O Flamengo não ia para o intervalo derrotado por diferença deste tamanho desde os 4 a 1 da final do Estadual de 2023 (também num 9 de abril), entre o Fluminense de Fernando Diniz e o time de Vítor Pereira — 2 a 0 no primeiro tempo. Ainda assim, quase empatou. Ficou sempre por um triz — como na cabeceada de Bruno Henrique que bateu na trave, já nos acréscimos.
É preciso analisar o todo, e detectar se os adversários já não decuparam os mecanismos do sistema rubro-negro. Isso é mais importante do que buscar culpados para o fiasco do Flamengo no Maracanã.