Na manhã desta sexta-feira (3), as tensões entre o Flamengo e a Libra, que envolve outros clubes do bloco, como o Palmeiras de Leila Pereira, ganharam novos contornos. Dados revelados pelo jornalista Rodrigo Mattos evidenciam que o Rubro-Negro é o único clube a enfrentar perdas significativas em meio a essa disputa.
Libra e a Justiça: um embate político
Enquanto Leila Pereira tenta sustentar um discurso de que o Palmeiras também está abrindo mão de receitas, a realidade se apresenta de forma bem diferente. Os números não corroboram as afirmações da presidente palmeirense. Em todos os cenários analisados, o time paulista não apresenta perdas que justifiquem suas declarações. Assim, a narrativa se revela mais política do que financeira, com o Flamengo arcando com o peso das perdas que sustentam a Libra.
Cenários de perdas para o Flamengo
O Flamengo já havia alertado que o cenário mais favorável à Libra, aprovado pela maioria, resultaria em uma perda superior a R$ 100 milhões, considerando os R$ 300 milhões previstos para 2024. Esses cálculos são baseados na posição final de cada clube no Campeonato Brasileiro de 2024. Mesmo em um formato intermediário, que buscava um meio-termo (cenário 4), o clube ainda enfrentaria uma perda de cerca de R$ 84 milhões em comparação ao ano anterior. Além disso, o cenário 6, que foi proposto pelo próprio Flamengo e se baseia em cadastros de pay-per-view, ainda geraria uma perda de R$ 49 milhões, um percentual alarmante.
Palmeiras: estabilidade disfarçada de sacrifício
Em contraste, o Palmeiras apresenta uma situação estável. Em 2024, o clube faturou R$ 187 milhões, e nos três cenários projetados, os números variam entre R$ 179 milhões e R$ 183 milhões, demonstrando oscilações mínimas. A narrativa de Leila Pereira, que sugere um sacrifício em prol do equilíbrio, desmorona diante dos dados: enquanto o Flamengo sofre uma redução drástica, o Palmeiras se mantém firme.
Quem realmente se beneficia?
Enquanto o Flamengo enfrenta perdas, outros clubes de menor expressão, como Bahia, Vitória e Red Bull Bragantino, são os grandes beneficiados pela fórmula da Libra. Esses clubes veem suas receitas aumentarem em dezenas de milhões, enquanto o Flamengo é limitado a 20,4% dos 30% destinados à audiência. O Santos, por sua vez, apresenta quedas significativas nos cenários baseados em pay-per-view, enquanto o Atlético-MG mantém ganhos estáveis.
Tabela de receitas: um retrato das perdas e ganhos
Flamengo | 300,0 | 197,5 | -102,5 | 215,5 | -84,5 | 250,8 | -49,2 |
Palmeiras | 187,0 | 180,3 | -6,7 | 183,0 | -4,0 | 179,6 | -7,4 |
São Paulo | 163,0 | 160,8 | -2,2 | 166,4 | +3,4 | 162,9 | -0,1 |
Grêmio | 137,0 | 109,3 | -27,7 | 108,7 | -28,3 | 115,9 | -21,1 |
Atlético-MG | 96,0 | 123,5 | +27,5 | 122,8 | +26,8 | 122,7 | +26,7 |
Bahia | 94,0 | 130,7 | +36,7 | 127,1 | +33,1 | 123,9 | +29,9 |
Vitória | 85,0 | 116,3 | +31,3 | 110,2 | +25,2 | 101,7 | +16,7 |
RB Bragantino | 60,0 | 95,5 | +35,5 | 87,3 | +27,3 | 84,3 | +24,3 |
Santos | n/d | 135,2 | n/d | 128,1 | n/d | 107,3 | n/d |
Política e a busca por um meio-termo
Enquanto o Flamengo é rotulado como egoísta, a verdade é que muitos clubes da Libra, com exceção do Volta Redonda, estão jogando uma partida política. O Flamengo chegou a demonstrar abertura para um formato de meio-termo (cenário 4), que misturaria audiência e cadastro de pay-per-view, reduzindo suas perdas. Contudo, a Libra rejeitou essa proposta, preferindo manter regras que desrespeitam o Estatuto, prejudicando o Flamengo de maneira mais severa.
O imbróglio continua na Justiça, e a situação pode acabar asfixiando aqueles que mais necessitam dos recursos financeiros. A luta do Flamengo é não apenas por receitas, mas pela justiça e equidade em um cenário que deveria ser mais equilibrado.