Flamengo enfrenta desafios com a nova Lei do Mandante e queda nas receitas

A Lei do Mandante trouxe uma transformação significativa na dinâmica das transmissões do futebol brasileiro, alterando a forma como os clubes negociam seus direitos de transmissão. Com a nova legislação, cada equipe passou a ter a autonomia de negociar individualmente os jogos em que atua como mandante, resultando em uma fragmentação do mercado que se reflete na criação de blocos como Libra e Liga Forte União, além do surgimento de novas plataformas de transmissão, como Amazon Prime Video, CazéTV e Record.

Avanços e Desafios

Em entrevista ao MundoBola Flamengo, o consultor de marketing e gestão esportiva Amir Somoggi destacou que a Lei do Mandante representa um avanço para o futebol brasileiro, embora também traga novos desafios. "Eu acredito que foi uma evolução. A lei do mandante permite que os clubes tenham mais independência. Antes, dependia de que cada clube, junto, cedesse seus direitos", afirmou Somoggi. Ele ressaltou que a legislação anterior impedia que um clube tomasse decisões que pudessem ser mais vantajosas para si, como a transmissão de jogos internacionais.

O Flamengo, que foi o principal articulador da chamada “MP do Mandante” em 2020, hoje se destaca como um exemplo das complexidades que a nova lei trouxe. O clube decidiu não negociar os direitos de transmissão internacionais e lançou sua própria plataforma, além de se envolver em disputas com a Libra.

Mudanças na Divisão de Receitas

Antes da implementação da Lei do Mandante, a divisão de receitas seguia um modelo igualitário de 40/30/30, que considerava transmissões e desempenho, além do pay-per-view. Nesse contexto, clubes como Flamengo, Corinthians, Palmeiras e Grêmio tinham garantias mínimas de receita, protegendo-os contra oscilações de mercado. Em 2023, o Flamengo arrecadou R$ 275,2 milhões em cotas de TV, sendo R$ 177,3 milhões provenientes do pay-per-view, R$ 40,6 milhões pelo quarto lugar no Brasileirão, R$ 25,4 milhões pela quantidade de jogos exibidos e R$ 31,9 milhões da cota fixa igualitária.

O Desafio da Fragmentação

Embora a Lei do Mandante tenha proporcionado maior autonomia, a fragmentação dos contratos representa um desafio significativo, especialmente para patrocinadores e marcas que investem em clubes como o Flamengo. Somoggi observou que "a fragmentação é, realmente, um grande desafio, porque, por exemplo, tanto na questão do patrocínio como na questão dos direitos, hoje, jovens, especialmente, não veem mais TV aberta." Ele enfatizou que as marcas precisam se adaptar a novas formas de ativação digital, uma vez que a visibilidade em massa se torna mais difícil de alcançar.

Impacto no Flamengo e Projeções Futuras

Apesar das oportunidades criadas pela Lei do Mandante, o Flamengo enfrenta problemas relacionados ao modelo de negociação adotado pela gestão de Rodolfo Landim. A divisão de receitas estabelecida pela Libra, que não inclui pay-per-view e não garante mínimos, resulta em uma perda projetada de R$ 100 milhões para o clube. A comparação entre as receitas de 2023 e as projeções para 2025 revela uma queda significativa para o Flamengo, que passaria de R$ 275 milhões para R$ 198 milhões, enquanto outros clubes, como Palmeiras e São Paulo, teriam aumento em suas receitas.

Um Modelo Sustentável para o Futuro

Para o futuro, Amir Somoggi defende a criação de uma liga estruturada que possa investir em branding, internacionalização e novos conteúdos digitais. Ele argumenta que, sem um modelo de liga, clubes como Flamengo e outros grandes do futebol brasileiro não conseguirão competir em um mercado global. "Acredito que o modelo sustentável é um modelo de liga. Porque, por exemplo, mesmo o Real Madrid-Barcelona, Bayern, Liverpool, eles não têm dinheiro para investir em marca, em conteúdos internacionais", concluiu Somoggi, enfatizando a necessidade de uma transformação no futebol brasileiro que vá além das discussões atuais sobre direitos de transmissão.

Fonte: Redação Netfla