Equilíbrio entre Flamengo e Corinthians na 1a final é ilusão de ótica

Quando os finalistas da Copa do Brasil se definiram, a expectativa geral era de que o Flamengo seria favorito sobre o Corinthians até pela forma como se impôs na Libertadores. Depois disso, a evolução corinthiana criou uma avaliação geral de que o confronto teria se tornado mais equilibrado. Ao final do primeiro jogo da decisão, houve análises sérias neste sentido: jogo parelho.

Não, o jogo não foi equilibrado. O Flamengo dominou a partida por 70 ou 80% do seu tempo. Teve mais posse de bola (56% a 44%), mais conclusões a gol (19 a 13), mais chances claras, uma bola na trave. Esteve a maior parte do tempo no campo de ataque em uma partida fora de cara na Neo Química Arena.

O resultado foi um empate sem gols e, portanto, aberto a interpretações não resultadistas. Então por que há essa percepção que se tratou de uma final equilibrada no primeiro jogo?

A resposta mais provável é a expectativa gerada em torno do jogo pela realidade dos dois times. A superioridade técnica do Flamengo, e a imposição no primeiro confronto, gerava uma percepção de que poderia haver um atropelamento. Como isso não ocorreu - fato que o Corinthians jogou bem melhor do que a Libertadores -, isso gerou uma ancoragem em relação à visão da partida.

A estratégia de Vitor Pereira para a partida, diga-se, foi bastante bem pensada. Colocou o seu Corinthians para marcar lá em cima o Flamengo, gerar desconforto. Mas a saída de bola longa de Santos para Pedro, marcado por Fagner, gerava um escape difícil de marcar.

Por meia hora, o Flamengo foi superior, teve a bola, o jogo e as chances. O Corinthians olhava o jogo se desenrolar. Não saiu o gol até por uma falta de inspiração dos homens de frente rubro-negros.

Vitor percebeu a estratégia de Dorival Jr, ajustou Gil em cima de Pedro, tornou-se mais competitivo no meio e foi mais incisivo na parte final do primeiro tempo. Poderia ter feito um gol na falha de Léo Pereira quando Yuri Alberto parou na trava de Thiago Maia.

A volta para o segundo tempo não foi boa para o Corinthians. Renato Augusto já não suportava o ritmo do jogo, Du Queiroz tinha noite ruim e o Flamengo tinha espaços no meio. Não saiu o gol de novo, apesar de chances seguidas como o lance de Gabigol para bela defesa de Cássio - jogada todo bonita desde o lançamento de Léo Pereira para a cabeçada de Everton Ribeiro.

O gol parecia questão de tempo quando Vitor Pereira substituiu Renato Augusto e Roger Guedes por Giuliano e Mateus Vital. Depois, deu sequência com as entradas de Mosquito e Ramiro. O Corinthians retomou a combatividade e passou a disputar mais o jogo.

Dorival Jr. só trocou o pendurado João Gomes por Vidal. No final, tirou Gabigol e Arrascaeta, abaixo de seu rendimento habitual.

É certo que os 15/20min do final da partida foram equilibrados ao contrário do início do tempo. Mas, no final das contas, o Corinthians passou a maior parte de uma final em casa se defendendo por reconhecer no rival um time superior. E, por isso, também permitiu que o título se decida na casa do Flamengo.

O Corinthians pode vencer o Flamengo no Maracanã, no jogo corrido ou nos pênaltis, futebol em 90 minutos é bem aberto. É possível até que jogue melhor. Entender que sua atuação defensiva na Neo química foi um jogo equilibrado é só uma ilusão de ótica.

PS Sobre a reclamação de pênalti feita pelo Corinthians, a bola bate na mão de Léo Pereira quando ele recolhe o braço em uma posição de jogo normal. Sim, é um lance em que se marca pênalti que se marca no Brasil. Exatamente porque há critérios bizarros de marcação de pênaltis no futebol brasileiro. A questão é se queremos perpetua-los ou muda-los

Fonte: Uol