'Dois pesos, duas copas': Domínio brasileiro na Libertadores contrasta com escassez na Sul-Americana

Os principais torneios continentais retornam hoje com os duelos de oitavas de final. Se seis times brasileiros seguem na briga pelo sétimo título seguido do país na Libertadores (Botafogo, Flamengo, Fortaleza, Internacional, Palmeiras e São Paulo), sobraram apenas dois na Sul-Americana (Atlético-MG e Fluminense), sendo que só um foi campeão nesse mesmo período (Athletico-PR, em 2018 e 2021). Diante desse cenário, as atuais edições escancaram uma realidade: a diferença de importância dada às duas competições dentro e fora de campo.

Os torcedores dos maiores clubes do Brasil carregam o sonho de conquistar a “Glória Eterna” na Libertadores. Por contar com as principais equipes da América do Sul, ela possibilita os maiores benefícios esportivos e financeiros, como participações em torneios da Fifa (Intercontinental e Copa do Mundo de Clubes) e premiações robustas. Por outro lado, a Sul-Americana, em segundo plano, nunca conseguiu ser um objeto de desejo, principalmente nos times que já ganharam ou costumam jogar com frequência a Libertadores.

Entre os motivos para essa desvalorização, a diferença de premiação em cada competição é evidente: o campeão da Libertadores de 2025 receberá 24 milhões de dólares (cerca de R$ 130 milhões), o que representa mais que o triplo do valor da “Sula” — 6,5 milhões de dólares (R$ 35 milhões). A título de comparação com o cenário nacional, o campeão da Copa do Brasil fatura R$ 77 milhões, sendo que um time da Série A pode ganhar mais de R$ 100 milhões, caso tenha estreado na primeira fase.

Prêmio de consolação

Para Carlos Eduardo Mansur, colunista do GLOBO e comentarista do Sportv, outro motivo que explica a desvalorização da Sul-Americana é a facilidade com que as equipes se classificam ao torneio por meio do Campeonato Brasileiro. No ano passado, seis times (Atlético-MG, Cruzeiro, Fluminense, Grêmio, Vasco e Vitória) garantiram suas vagas, totalizando 14 brasileiros nas duas competições continentais. Somente Juventude e Bragantino ficaram de mãos vazias após a permanência na Série A.

— A Sul-Americana acaba sendo um “prêmio” por muito pouco. Praticamente, se você não for rebaixado no Brasileiro, estará lá. O fato é que o Brasil manda times que têm urgências importantes no campeonato nacional, precisam fazer pontos para evitar o rebaixamento e não estão estruturados nem em tamanho de elenco nem em capacidade de investimento para disputas internacionais — ressalta Mansur.

Quem também concorda que o número excessivo de brasileiros nos torneios continentais acaba por menosprezar a Sula é o jornalista Conrado Santana, que destaca a relação fria e sarcástica do próprio torcedor com a competição, o que é reflexo do recado que os clubes passam quando não entram com força máxima para priorizar o Brasileiro ou a Copa do Brasil.

— Há quem chame a Sul-Americana de uma espécie de Série B dos torneios sul-americanos. “Meu time está na Libertadores, e o seu?”. Pode rolar um pouco também do famoso salto alto, como se fosse fácil ganhar por ter vários times menos tradicionais.

Nesta edição, seis times do país já foram eliminados. No entanto, Mansur não acredita que o segundo escalão do futebol nacional seja pior do que o de outros países, mas, ao mesmo tempo, considera que os clubes com mais camisa só dão valor à competição com a real possibilidade de conquistar o título:

— Acho que, para clubes com mais camisa, a Sul-Americana só tem real valor caso você chegue a uma fase avançada, com possibilidade de ganhar um título na temporada, se nas outras frentes não estiver indo tão bem.

Fonte: Extra
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