De joia na base do Flamengo a falhas, vaias e recomeço: como Hugo Souza deu a volta por cima e virou herói no Corinthians

Tratado como joia nas categorias de base do rubro-negro, onde acumulou conquistas, incluindo duas Copinhas, Hugo teve a experiência de ser convocado aos 19 anos para a seleção brasileira dois anos antes de fazer sua estreia como profissional. Esteve na lista de Tite, hoje técnico do Flamengo, para amistosos contra Estados Unidos e El Salvador, pouco depois da Copa da Rússia.

Foi o início de uma carreira que parecia destinada ao sucesso. Em 2019, o Flamengo conquistava Brasileirão e Libertadores no mesmo ano, em 2019, com o goleiro Diego Alves sendo uma das estrelas do time. A primeira oportunidade de Hugo, que subiu conhecido como Neneca, veio apenas em setembro de 2020, quando o Flamengo convivia com uma crise de Covid-19 que afastou uma série de jogadores em seu elenco.

Hugou brilhou em empate em 1 a 1 contra o Palmeiras, pelo Brasileirão, e foi eleito melhor da partida. Naquela temporada, marcada por lesões de Diego, Hugo teve várias oportunidades. Disputou 27 partidas e terminou como goleiro titular do rubro-negro no campeonato, que se estendeu até 2021 por conta da pandemia e terminou com mais um título do Flamengo. O início de muitos elogios acabou seguido de críticas, principalmente após falha em tentativa de drible contra o São Paulo, nas quartas de final da Copa do Brasil, em jogo que terminou com derrota rubro-negra por 2 a 1.

No ano seguinte, viveu uma temporada de menos oportunidades. Fez apenas 13 partidas na meta do Flamengo, quando se alternava com Gabriel Batista como opção a Diego. Em 2022, iniciou o ano com muita moral com o novo treinador, Paulo Sousa. Foi titular por boa parte do primeiro semestre, mesmo com a concorrência de Santos, contratado junto ao Athletico. "Há um processo de crescimento de Hugo", elogiou o então treinador, em abril daquele ano. Um mês depois, voltou a viver momento de más apresentações, baixa e vaias. Chegou a ser defendido publicamente pelo elenco.

Com a chegada de Dorival Júnior, Hugo acabou perdendo espaço novamente. Deixou a titularidade na 10ª rodada do Brasileirão, quando Diego Alves reassumiu a meta. Santos terminaria aquele ano como titular, enquanto Hugo, que ainda fez cinco partidas no fim da temporada, completou 31 partidas.

Sem atuar em 2023, foi emprestado em julho ao Chaves, de Portugal. A mudança ao futebol europeu o afastou dos holofotes e da pressão do futebol brasileiro, mesmo que o time português não almejasse grandes voos. Em uma das 27 partidas que fez pelo Chaves, chegou a defender três pênaltis (um deles acabou anulado) em jogo contra o Benfica — que ainda assim, acabou com derrota por a 1 a 0. A atuação acabou relembrada pela empresa portuguesa nesta quarta, depois das três defesas (estas, nas disputas de penalidades) pelo Corinthians.

O time paulista acertou o empréstimo do goleiro junto ao Flamengo até o fim do ano. Por lá, vem solucionando o vácuo deixado pelas saídas de Cássio e Carlos Miguel. Se mantiver o nível, dificilmente não permanecerá no Parque São Jorge. A opção de compra está estipulada em 800 mil euros (cerca de R$ 4,8 milhões, na cotação atual). E essa é sua vontade:

— Meu desejo todo mundo sabe. É ajudar o Corinthians e fazer história aqui dentro. Eu cheguei com a mentalidade de fazer história aqui e é isso que vou buscar — afirmou, na terça-feira.