Como o Flamengo recuperou Arrascaeta e Rafinha em tão pouco tempo

Em 19 dias, o Flamengo recuperou Arrascaeta de uma cirurgia e o colocou para jogar contra o Grêmio no segundo e decisivo jogo da semifinal da Libertadores . O problema no menisco e no ligamento colateral medial do joelho esquerdo teve gravidade ainda maior constatada durante a operação. O prazo era curto demais - normalmente é necessário mais de um mês.

Então, o médico do clube, Márcio Tannure, chamou o jogador, disse que seria possível recuperar para a partida, e o uruguaio aceitou o desafio: "Vamos", respondeu Arrascaeta. Em seguida, iniciou tratamento em até três períodos, inclusive em casa, até a última semana.

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O tempo também era inimigo de Rafinha . A fratura na face sofrida contra o Athletico foi operada no dia seguinte. A velocidade de atendimento em Curitiba foi decisiva. Após ser atendido em um hospital local e fazer exames, o lateral chegou ao Rio na segunda-feira, realizou a cirurgia, teve alta na terça e iniciou tratamento na quinta. Desde que se reapresentou, se colocou à disposição para o jogo decisivo.

A presença de Rafinha como titular dependia de duas coisas: que ele usasse um capacete de proteção, para evitar pancada no local da fratura, ainda não consolidada, e que se sentisse à vontade para realizar todos os movimentos, como correr, cabecear a bola, etc. O jogador testou o equipamento e disse que estava pronto. Faltava apenas um aval final do cirurgião Augusto César, que veio na véspera. Rodinei estava apenas de sobreaviso.

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Arrascaeta só teve a confirmação de que seria titular no domingo, após participar de um coletivo com jogadores da base. A dúvida dos médicos do Flamengo era como ele estaria fisicamente, mas como já havia reagido bem durante um período de recuperação de um problema muscular este ano, a expectativa era positiva. Mesmo assim, inicialmente a ideia era relacionar o jogador e usá-lo apenas caso necessário. O técnico Jorge Jesus foi quem arriscou, com respaldo do departamento médico.

- Sempre acreditei que ele teria condições, porque tinha dado resposta boa na lesão muscular. Mas não para começar jogando. Era a primeira cirurgia do jogador, poderia ter algum bloqueio mental, não havia essa certeza - explicou o médico Marcio Tannure, que depois do processo de recuperação deixou Jesus mais tranquilo para escalar Arrascaeta.

- Mister assume junto comigo o erro e o acerto. Dei a segurança que o atleta estava bem para começar. Ou deixar ir até onde aguentar, ou colocar no decorrer do jogo. O Mister escolheu. Até dois dias atrás não sabia se ia começar ou não. Mister bancou - conta.

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Sobre Rafinha, o médico, que foi carregado pelo atleta após a partida no Maracanã, exaltou a disposição do jogador em estar no compromisso decisivo do jeito que pudesse. E explicou a importãncia de um atendimento veloz e das decisões rápidas sobre o que fazer.

- Cada dia conta. Tem dor, edema, medo, cada dia a mais para melhorar é melhor, ele se sente mais confiante, foi um diferencial. Ele mostrou brios, se é outro seria difícil. Cria um bloqueio mental - analisa Tanure.

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Após três períodos de sessão de fisioterapia, Arrascaeta apresentou melhora clínica para jogar, mas precisava ser testado, o que aconteceu no domingo. Não aparentou desconfiança para exercutar os movimentos de jogo.

- Foi acima da média. Não adiantaria colocar sem ter testado. Seria uma temeridade. Nos dois primeiros dias o resultado foi bom, mas não sabia como reagiria em campo - explicou Marcio Tannure.

Do mesmo modo, não se sabia como Rafinha reagiria com o capacete, por isso houve teste no Ninho do Urubu. Sem a proteção, o risco seria de nova fratura e nova cirurgia.

- Não seria ideal jogar sem capacete. Protege de outro trauma no local. Absorveria o impacto. O perigo era porque a fratura não estava consolidada. Ai era cirurgia de novo.

Fonte: O Globo