Como o Flamengo estancou crise pós-Mundial e se tornou líder do Brasileiro com pacote de reforços em um mês

O Flamengo se preparou para uma janela robusta e já havia planejado um elevado investimento em reforços a partir do oitavo mês de gestão. Antes da abertura do período de transferências, porém, precisou lidar com uma crise de bastidores que só foi amenizada com um pacote de contratações.

No mês que separou a eliminação para o Bayern de Munique no Mundial de Clubes e a liderança retomada no Brasileiro, neste fim de semana, a diretoria tratou de blindar o trabalho do diretor José Boto, exposto em função de uma avaliação geral no clube em relação a renovações e reforços.

Até então o executivo não havia recebido aval do presidente Luiz Eduardo Batista para gastar alto. Os pagamentos de contratações anteriores eram e ainda são parte importante das despesas do futebol. Mas as vendas de Gerson e Wesley foram decisivas para a mudança prevista de rumo no mercado.

Não será necessário pedir suplementação do orçamento pois o clube arrecadou em vendas mais do que gastou com os reforços que chegaram e os que estão chegando nos últimos dias. Fruto dos mais de 70 milhões de euros arrecadados com as saídas de Fabrício Bruno, Alcaraz, e agora Gerson e Wesley, que darão aos cofres do clube quase R$ 500 milhões.

Bap usa poder e muda rumo

Com Boto vulnerável por colocar em prática o plano de reformulação e não ceder a anseios de jogadores como Pedro e Arrascaeta por renovações antes da hora, Bap entrou em cena e usou o poder de sua caneta de presidente para frear as insatisfações e garantir o diretor no cargo.

Ainda que Boto não goze de tanto prestígio entre o elenco e não circule com leveza no vestiário, mostrou firmeza e contou com o escudo de Bap na hora certa, quando o presidente falou à Flamengo TV e deu recado claro que ninguém renovaria antes da hora, já ciente da possível reformulação.

A mensagem se deu em meio à polêmica com Pedro, que apresentava comportamento suspeito nos treinamentos diante da postura da diretoria de não renovar seu contrato e lhe dar aumento generoso. Diferentemente de Gerson, Pedro já tinha salário elevado, e o Flamengo bateu o pé.

Perfil de reforços na mesa

Bap e Boto ainda contaram com Filipe Luís em meio a todo o processo. O treinador insistiu com seus critérios de competitividade e ganhou respaldo do elenco na decisão de não relacionar Pedro. Outras lideranças se somaram aos argumentos do técnico e da diretoria e entenderam o cenário. Alguns torceram o nariz, como Arrascaeta, que também aguarda valorização.

Passada a tormenta, que ainda teve o veto de Bap para a contratação do atacante Mikey Johnston, Boto sentou com o presidente para entender se era para continuar fazendo o que estava previsto - reformulando e reforçando o elenco por características, não nomes - e obteve resposta positiva.

O nome do meia colombiano Jorge Carrascal, que já era alvo, seguiu como uma das negociações e o valor de 12 milhões de euros foi fechado com o Dynamo de Moscou, com metas que podem elevar o montante em mais 2 milhões de euros.

O atacante de ponta pretendido foi Samuel Lino, que custou 22 milhões de euros ao Atlético de Madrid. Saúl veio de graça para a vaga de Gerson, e a venda de Wesley levou a movimento rápido pela compra de Emerson Royal, que custará 9 milhões de euros. No total, mais de R$ 300 milhões em reforços em 2025, levando em conta a chegada de Juninho, além de Jorginho e Danilo, sem custos.

Depois do Mundial de Clubes, o Flamengo é o time que mais venceu e lidera o Brasileiro. Agora, medirá seu elenco na Copa do Brasil e logo mais no mata-mata da Libertadores, para quando os novos reforços serão preparados.

Fonte: O Globo
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