A escalação titular do Flamengo na vitória sobre o Fluminense, por 2 a 0, na abertura da decisão do Campeonato Carioca, neste sábado (1), reforçou o que Vítor Pereira já havia indicado. Com ele, não basta ser um jogador técnico, é preciso ter energia.
Sob seu comando, um atleta mais técnico tem grande chance de perder a posição para outro inferior a ele tecnicamente, mas com mais vigor para marcar e também para ir ao ataque com velocidade. Assim, entre dois jogadores com qualidade semelhante, leva vantagem quem tem mais gás.
Isso ficou evidente com Gabigol, Everton Ribeiro, Filipe Luís e Vidal no banco de reservas diante do Flu.
Cebolinha, Matheus França, Ayrton Lucas e Thiago Maia, que começaram jogando, têm mais fôlego para executar o "perde e pressiona" exaltado por VP do que os colegas deixados na reserva.
Além disso, é inegável que Ayrton Lucas, principal destaque do rubro-negro no jogo, Cebolinha e Matheus França também são atlamente técnicos. Ou seja, possuem uma combinação entre qualidade técnica e energia que provavelmente sempre vai os deixar em visibilidade diante de VP.
O treinador português cobra força na marcação mesmo de quem tem prioridades ofensivas. As estatísticas relativas aos desarmes do Flamengo no Carioca ajudam a explicar as escolhas do técnico. De acordo com o site Footstats, os jogadores com mais desarmes pelo time na competição são Matheus França, Cebolinha, Ayrton Lucas, Thiago Maia e Gerson, todos titulares no sábado, além de Matheuzinho, que se recupera de uma fratura na perna esquerda. Cada um desarmou os adversários 10 vezes no campeonato.
Gabigol, por exemplo, perde na comparação com Cebolinha e França. Gabriel tem média de 0,40 desarmes por jogo contra 0,91 de França e 0,83 de Cebolinha.
VP explicou assim a decisão de deixar Gabigol no banco na abertura da decisão do estadual: "Entendemos que, até pelo adversário, precisávamos de verticalidade, e o Gabi também esteve alguns dias de fora. Eu entendi que o Cebeolinha e o Matheus França são jogadores que, até determinado momento, seriam importantes".
Também como o treinador já havia demonstrado, sua busca por vigor físico não faz com que veteranos habilidosos sejam carta fora do baralho em seu elenco. VP mostrou isso ao colocar Gabigol, Everton Ribeiro, Vidal e Filipe Luís antes da metade do segundo tempo. O Flamengo passou a ficar mais com a bola, graças a passes de maior qualidade. Em seguida, Pedro fez 2 a 0.
Ou seja, o português explorou com sucesso as opções que têm no grupo. No primeiro tempo, teve um time com mais fôlego, sem deixar de ser técnico. Apesar de um começo ruim, no qual o Flu poderia ter feito pelo menos dois gols, deu certo. Aos poucos, o rubro-negro acertou a marcação e tirou os espaços do adversário.
A partir de pouco antes da metade da etapa final, Pereira apostou na qualidade de Everton Ribeiro nos passes para controlar o jogo. A estratégia também funcionou.
Importante lembrar que o goleiro Santos, autor de importantes defesas, e a falta de pontaria do Fluminense ajudaram VP a ter sucesso. A equipe de Fernando Diniz errou 12 de 16 finalizações, segundo o Footstats.
Seria injusto esquecer que o Fluminense reclama da não expulsão de Léo Pereira após falta em Arias. E de, pouco depois, o árbitro Wagner Nascimento Magalhães dar cartão vermelho para Samuel Xavier em lance menos grave, na minha opinião, com Ayrton Lucas.
Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF