No ano passado, chamou atenção o fato de a média de idade dos treinadores do Campeonato Brasileiro ser de 49 anos e meio. Afinal, desde 2010 o número não ficava abaixo dos 50 anos. E a competição de 2018 começa com uma marca ainda mais baixa: na área técnica, estarão 20 treinadores com média de 48 anos e sete meses, queda de um ano em relação a 2017. O movimento de renovação é claro. Ao todo, iniciam o torneio 11 técnicos com menos de 50 anos, ou seja, 55% do total.
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O que não o torna tão natural. Aos jovens, aplica-se algo além da habitual instabilidade do cargo no Brasil. Soma-se a desconfiança, a falta de um currículo com títulos para servir como escudo protetor. Um exemplo é Thiago Larghi, de 37 anos, que vai fazer seu primeiro Campeonato Brasileiro. Após iniciar o ano como auxiliar técnico do Atlético-MG, ganhou uma chance como interino após a queda de Oswaldo de Oliveira, em fevereiro. Desde então, permanece como interino. O clube não oficializou sua efetivação. O discurso fala em avaliar com calma o desempenho do time. Na prática, a avaliação é de resultados.
O Flamengo vive situação similar. Maurício Barbieri, 36, comandou o time na estreia, contra o Vitória, na condição de caçula do torneio. Enquanto isso, o clube sonda outros nomes, mas também cogita efetivá-lo. O que parece nitidamente condicionado aos resultados do time.
Outro estreante em Brasileiros, Odair Hellmann, 41, técnico do Internacional, tem status de treinador efetivado. Mesmo assim, convive com pressão desde a eliminação no Campeonato Gaúcho, diante do Grêmio.
DIVERSIDADE DE ESTILOS
A questão é que a presença de novas cabeças pode trazer, também, novas ideias de jogo. Barbieri é adepto de um futebol de posse de bola, construção desde a defesa, e tentará implantar seu modelo no tempo que a diretoria do Flamengo lhe conceder.
Fernando Diniz, 44, é quem surge como promessa de um jogo que rompa mais paradigmas. Seu jogo ofensivo e de posse de bola costuma envolver até os goleiros na montagem do modelo de jogo. Procura evitar bolas longas e é adepto de um jogo atraente sob o ponto de vista estético.
Há garantia de diversidade. Jair Ventura, de 39 anos, ex-Botafogo e agora no Santos, usou no Rio um jogo de marcação forte e contragolpes rápidos. Agora, parece disposto a flexibilizar suas ideias em nome da identidade histórica do clube paulista. Já Fábio Carille, de 44 anos, tem se caracterizado por manter a escola recente instaurada no Corinthians: eficiência sem tanta dependência da posse de bola.
Entre os jovens, outra atração é Rogério Micale, de 49 anos. Técnico de estilo ofensivo, tenta executar seu primeiro trabalho de longo prazo num clube de Série A desde a conquista da até então inédita medalha de ouro olímpica do futebol brasileiro, em 2016, nos Jogos do Rio. Ele vai dirigir o Paraná Clube.