A vida é feita de ciclos. E o futebol, logicamente, também. Houve um tempo em que os treinadores brasileiros se espalhavam pelo mundo. Foram nossos compatriotas que “iniciaram” o esporte no Oriente Médio. Estiveram presentes em vários países africanos, no Japão e também na Europa. Nos anos 1979 e 1980, dominaram o futebol de Portugal. Sim, Portugal. Não é ironia.

Mais tarde, alcançaram os clubes mais midiáticos do mundo. Luxemburgo esteve no Real Madrid e Felipão, no Chelsea . Scolari também comandou a seleção portuguesa no vice da Euro de 2004 e quando o país chegou à semifinal na Copa do Mundo de 2006.

Este ciclo acabou. Ou diminuiu muito. Nos últimos anos, vivemos um movimento inverso. Nossos clubes têm aberto espaço para estrangeiros – a maioria portugueses e argentinos. E eles ajudaram muito a renovar o futebol jogado por aqui. Agora, até a seleção brasileira está a cargo de um europeu, o italiano Carlo Ancelotti.

Há poucos técnicos brasileiros trabalhando fora do país hoje, isto mesmo entre nossos vizinhos sul-americanos. Thiago Nunes acabou de ser anunciado na LDU , do Equador, após passagens por Universidad Católica , do Chile, e Sporting Cristal , do Peru – que há pouco tempo contratou Paulo Autuori.

Recentemente, Antonio Carlos Zago dirigiu os dois grandes de La Paz ( Bolívar e The Strongest ) e, por um curto período, a seleção boliviana. Pouco, muito pouco.

Não vou aqui entrar nos motivos por trás de tudo isso. Mas “tudo muda o tempo todo no mundo”, e agora um técnico brasileiro chama a atenção. É Filipe Luís, do Flamengo . Que seu trabalho é muito qualificado, a gente já sabia há alguns meses. Mas agora quem está sabendo é o resto do mundo.

O futebol praticado pelo time rubro-negro chama a atenção na mídia Mundial de Clubes . O sistema de jogo corajoso de Filipe Luís ganha destaque. Suas substituições foram mortais ao Chelsea – cujo técnico Enzo Maresca acabou muito criticado por jornais ingleses.

O Mundial de Clubes está colocando Filipe Luís na vitrine internacional como treinador. Essa nova função vai se somar à imagem que ele já deixou nas muitas temporadas em que atuou no Velho Continente como lateral-esquerdo. Ele está longe de ser um desconhecido por lá. Pelo contrário. Sempre foi um profissional respeitado pelo trabalho duro e consistente que entregou em campo, especialmente pelo Atletico de Madrid .

Filipe é jovem, tem toda uma carreira pela frente, e seu estilo de jogo é ambicioso, ofensivo, dominante. Um perfil que se encaixa perfeitamente no mercado europeu. Dificilmente alguém faz o salto direto para os maiores clubes de lá. Mas é perfeitamente viável que um time médio sirva de vitrine antes do passo maior.

Os outros técnicos dos times brasileiros também estão se valorizando, mas Abel Ferreira e Renato Paiva já são portugueses. E Renato Gaúcho (ou Portaluppi) vive um outro momento de carreira, além de ter um perfil diferente. É Filipe Luís quem pode liderar um movimento inverso na diáspora dos treinadores entre o “velho” e o “novo” mundo. O tempo dirá.

Onde assistir ao Mundial de Clubes?

O Mundial de Clubes terá transmissão ao vivo pela CazéTV, disponível sem custo adicional no Disney+ .