Zagueiro multicampeão na década de 90, Gélson Baresi guarda grande carinho por Flamengo e Cruzeiro , que se enfrentam neste sábado, pela 20ª rodada do Campeonato Brasileiro .
O defensor formado no clube da Gávea passou por quase todas as seleções de base do Brasil - foi campeão mundial sub-20 em 93 - e subiu aos profissionais com apenas 17 anos.
Ele foi titular na final do Brasileirão de 92 vencida pelo Flamengo em cima do Botafogo. Nesta época, Gélson ganhou um apelido de Baresi de um supervisor do clube.
"Eu fui pego de surpresa. Pelas minha características de gostar de sair jogando e não dar chutão. A equipe de juniores às vezes jogava com três zagueiros e eu era líbero. E o melhor da posição no mundo era o Franco Baresi, do Milan . O supervisor fez a comparação e usaram essa situação na minha estreia no profissional contra o Botafogo", disse, ao ESPN.com.br .
"No começo eu queria retirar porque já era um responsabilidade enorme representar o Flamengo com apenas 17 anos. Imagina carregar também o nome de um jogador consagrado mundialmente? Mas o Baresi pegou mesmo. Muitos não conhecem meu nome Gélson. Graças a Deus, minha carreira foi boa e ficou pelo lado positivo. Se não tivesse dado certo, iria para o lado negativo", explicou.
Gélson Baresi era o caçula de uma garotada que marcou época na base na Gávea e fez muito sucesso no futebol.
"O Flamengo teve uma geração de ouro em 81 e teria outra em 90. Era a turma de Djalminha, Nélio, Paulo Nunes, Júnior Baiano e Marcelinho Carioca. Quase todos eles foram campeões da Copa São Paulo em 90, da Copa do Brasil de 91 e do Brasileiro de 92. Era uma turma vencedora e de muita qualidade", elogiou.
"Infelizmente, nenhum deles mostrou todo seu talento no clube. Foram feitas vendas muito prematuras e dispensaram uma geração que poderia fazer uma história parecida com a da turma do Zico. Foi uma má gestão do Flamengo", analisou.
Em pouco tempo, o time rubro-negro se desfez de quase todos os jogadores. Gélson Baresi foi um dos últimos a deixar o Rio de Janeiro. Desde janeiro de 1995, ele tinha despertado o interesse do Cruzeiro, mas preferiu ficar no Flamengo, que contratou Romário, Edmundo e o técnico Vanderlei Luxemburgo para comemorar seu centenário.
A situação mudou depois que o time da Gávea perdeu a final do Carioca de 95 para o Fluminense - com o famoso gol de barriga de Renato Gaúcho.
"Nós viajamos para o Japão e o Cruzeiro ainda me queria. Eu vi que o ambiente havia mudado com muitas contrações e estaria perdendo a identidade do Flamengo. O DNA. Os jogadores que se identificassem dentro do perfil do clube. Recebi uma que agradou ao Flamengo e a mim".
"Todos que saíram para times diferentes foram campeões. Eu e o Fabinho vencemos a Copa do Brasil e a Libertadores no Cruzeiro. Paulo Nunes venceu a Libertadores no Grêmio e no Palmeiras. Júnior Baiano e Marquinhos também faturaram a Libertadores no Palmeiras. Marcelinho virou ídolo do Corinthians e faturou tudo. Djalminha jogou demais no Palmeiras", recordou.
Na equipe celeste, Gélson Baresi jogou até o final de 97 e empilhou taças.
"Vivi momentos maravilhosos no Cruzeiro em dois anos e três meses já tinha sete títulos conquistados. Peguei um grupo maravilhoso e um clube com interesse em crescer e se tornar ainda maior. Fico orgulhoso de ter feito parte desse processo todo. Clube cresceu muito a nível estrutural e teve grandes títulos depois", afirmou.
Tentou Sampaoli
Após sair do Cruzeiro, ele passou por Coritiba, Fluminense, Atlético Mineiro, Vitória de Setúbal antes de se aposentar no Paraná, em 2004. Desde então, passou a trabalhar como agente Fifa e intermediador de atletas e treinadores.
Gélson trabalha em parceria com empresas na América do Sul e tentou colocar o técnico Jorge Sampaoli nos adversários deste sábado.
"No Flamengo, tínhamos tentado no período de eleição, o Landim com Wallim Vasconcelos, estivemos reunidos. Caso eles ganhassem tudo estaria encaminhado entre as partes, mas eles perderam não deu. Falamos com o pessoal do Bandeira , mas não houve acordo salarial. O Sampaoli a gente tentava desde a época da Patrícia Amorim, quando ele venceu a Sul-Americana e eliminou o Flamengo. A gente entendia que o futebol brasileiro iria evoluir com esse intercâmbio de técnicos estrangeiros com métodos de treinamento diferentes. Iria acrescentar muito no nosso futebol", analisou.
"Tentamos levar o Sampaoli no Cruzeiro no período do Marcelo Oliveira, que tinha grande rejeição da torcida à época. Estava uma indecisão se ele iria sair ou não, tivemos um processo de conversas, mas o Marcelo permaneceu", contou.
Análise do jogo
Gélson acredita que o jogo deste sábado será um duelo de extremos no Brasileiro.
“O Flamengo está numa ascensão muito grande, é um ótimo trabalho do Jorge Jesus, que foi meu treinador no Vitória de Setúbal, em Portugal, em 2000. Voltaram a criar uma sinergia grande com o torcedor e fica difícil vencer o Flamengo. Tem jogadores com consistência muito boa na defesa e qualidade nas laterais. O diferencial é que são três goleadores: Gabigol, Bruno Henrique e Arrascaeta. Se mantiver assim, será um grande candidato ao título”, disse Baresi.
“Já o Cruzeiro vive um momento oposto com problemas de gestão. Isso influencia dentro de campo porque pode atrasar salários e tudo mais. O Cruzeiro está em um momento oposto em termos da relação jogadores, torcida e diretoria. É uma torcida muito exigente porque sempre conquista títulos. Está em uma fase de saída do Mano, que estava há muito tempo, e o Rogério, que tem estilo de jogo e personalidades diferentes. O elenco está há muito tempo no clube. É uma situação muito delicada na tabela e nunca caiu para a Série b do Brasileiro e esse fantasma assombra. É muito mais difícil jogar para não ser rebaixado neste momento”, finalizou.