Camisa ao vento em despedida faz Andreas lembrar Felipe no Flamengo de 2004; compare lances e cenários

Felipe é reverenciado por companheiros após marcar golaço e atirar a camisa do Flamengo ao chão — Foto: Acervo O Globo
1 de 4 Felipe é reverenciado por companheiros após marcar golaço e atirar a camisa do Flamengo ao chão — Foto: Acervo O Globo

Felipe é reverenciado por companheiros após marcar golaço e atirar a camisa do Flamengo ao chão — Foto: Acervo O Globo

O gol solitário da vitória do Flamengo sobre o Tolima e o desabafo de Andreas Pereira, que arremessou a camisa para o alto, fizeram torcedores mais antigos se transportarem para o ano de 2004, quando Felipe, o Maestro, fez algo parecido em seu último jogo de vermelho e preto.

O contexto é bem diferente. O Flamengo de hoje deu passo importante na Libertadores rumo às quartas de final da Libertadores, enquanto o de quase 20 anos atrás se livrava do rebaixamento no Brasileiro. Os gestos, os golaços e as iminentes despedidas aproximam Andreas de Felipe, mas os sentimentos são diferentes.

Andreas evita confirmar saída e diz amar o Flamengo

Ciente de que a possibilidade de seguir no Flamengo é irrisória, Andreas evitou falar como ex-rubro-negro. Reiterou o desejo de permanecer e garantiu que, mesmo em caso de retorno à Europa, voltará a vestir a camisa do clube carioca.

- Eu amo o clube, eu amo o Flamengo , eu sou Flamengo . Com certeza não é uma despedida.

Mesmo marcado por boa parte da torcida após o grave erro na decisão da Libertadores, Andreas em nenhum momento escondeu a identificação criada com o rubro-negro. Se tiver que sair, a despedida é a contragosto. E o golaço da provável despedida se dá num momento de franca ascensão no clube.

Até agora são 53 jogos e oito gols marcados com a camisa do Flamengo .

Felipe nos braços da torcida até a despedida com comemoração controversa

Se Andreas sofreu com a fúria da torcida por conta do erro contra o Palmeiras na decisão continental, o craque Felipe, de raízes vascaínas, era amado pela maior parte dos rubro-negros em 2004. No ano em questão, fizera um Carioca histórico. Como ponta-direita, posição "inventada" por Abel Braga, colecionou atuações memoráveis que renderam exageradas - diga-se de passagem - comparações com Garrincha.

Toda a identificação com o Vasco foi sendo esquecida pelos rubro-negros com dribles, improviso, gols e assistências atuando numa faixa de campo nunca antes explorada. Depois de um primeiro semestre vitorioso e de encantamento em âmbito estadual contra o maior rival e em jogos decisivos com o Fluminense, o Flamengo entrou no Brasileiro com uma expectativa de lutar por coisas grandes e quase acabou rebaixado. É bom destacar que no meio dessas vitórias houve o vexame na final da Copa do Brasil com o Santo André.

O futebol no Brasileiro não foi o mesmo do Carioca, a crise financeira trouxe insatisfação, e a contratação de Dimba num momento em que o time sofria com salários atrasados escancarou um racha no Flamengo .

O genial Felipe já não encantava mais, e o Flamengo , aos trancos e barrancos, lutava contra o rebaixamento.

Chegou à rodada final com missão factível, e o time deu um show. Goleou o Cruzeiro sem piedade. A torcida fazia a festa no lotado Raulino de Oliveira, em Volta Redonda. Quem imaginaria que o irregular Flamengo faria cinco no rival mineiro? Imagine 6 a 2 e com um golaço de cobertura?

Rebaixamento com o ídolo Julio Cesar seria muito negativo para o Flamengo — Foto: Acervo O Globo
2 de 4 Rebaixamento com o ídolo Julio Cesar seria muito negativo para o Flamengo — Foto: Acervo O Globo

Rebaixamento com o ídolo Julio Cesar seria muito negativo para o Flamengo — Foto: Acervo O Globo

Foi isso que Felipe fez já nos acréscimos do jogo. Encobriu Doni, fechou o placar e arremessou a camisa ao chão, gesto que gerou anticlímax em rubro-negros presentes ao estádio. Já mais calmo, evitou se despedir, mas o fim da passagem estava decretado.

- Apesar de tudo, acho que fico muito grato pelo Flamengo porque fui muito feliz aqui. De repente posso permanecer, de repente não, mas foi muito gostoso poder jogar no Flamengo - afirmou.

Em 2005, Felipe transferiu-se para o Fluminense. Na apresentação como reforço tricolor, até se confundiu e disse que seria uma honra defender o Flamengo , algo que nunca mais fez profissionalmente.

Anos depois, há quem sustente que o gesto de Felipe não foi uma resposta à diretoria do Flamengo , com quem tinha rusgas, ou contra a torcida. Pessoas próximas ao elenco garantem que ele jogou a camisa para o alto daquela forma a fim de brincar com Marcelo Salles, o Fera, preparador físico daquele time e que dizia que Marco Antônio, lateral-esquerdo do elenco do Brasil tricampeão do mundo em 70 e seu pai, era melhor do que o camisa 10 rubro-negro

A verdade é que, em diferentes cenários, tanto em expectativas do clube de 2004 a 2022 quanto em popularidade em relação aos atletas, Felipe e Andreas Pereira se aproximaram. Se Andreas Pereira alcançará o retorno ao Flamengo que tanto almeja só o tempo dirá. Felipe, no curto período de Gávea e mesmo com o DNA vascaíno, conseguiu ser inesquecível para os flamenguistas que o viram.

Banner Premiere Brasileirão — Foto: Reprodução
3 de 4 Banner Premiere Brasileirão — Foto: Reprodução

Banner Premiere Brasileirão — Foto: Reprodução

Assista: tudo sobre o Flamengo no ge, na Globo e no sportv

4 de 4

Fonte: Globo Esporte