Bruno Spindel encerra ciclo no Flamengo após 13 anos e revela bastidores de crises e tentativas por Jorge Jesus

Homem de confiança de Eduardo Bandeira de Mello e Rodolfo Landim, últimos presidentes do Flamengo, Bruno Spindel foi desligado do cargo de diretor executivo justamente por quem o levou ao clube: Luiz Eduardo Baptista. A saída ocorreu apenas oito meses após Bap assumir a presidência, período em que o então “homem forte” do futebol rubro-negro começou a perder espaço gradualmente.

Spindel chegou ao Flamengo no fim de 2012 para atuar no marketing, onde trabalhou com Bap na renovação do contrato com a Adidas. Permaneceu na área até 2018, quando foi nomeado CEO por Bandeira de Mello, cargo que manteve até janeiro de 2019, com a chegada de Landim. Na ocasião, passou o bastão para Reinaldo Belotti e, em junho do mesmo ano, foi oficializado como diretor de futebol.

Foram quase 13 anos de serviços prestados, sendo boa parte deles como uma das figuras mais influentes do departamento de futebol. Nesse período, conquistou 13 títulos como diretor executivo. Em entrevista ao ge , Spindel fez um balanço dos bastidores e das polêmicas que marcaram sua passagem pelo clube.

O ex-dirigente classificou o episódio da agressão do preparador Pablo Fernández ao atacante Pedro como a crise mais delicada de toda sua gestão, reconhecendo que o caso teve impacto direto no desempenho esportivo do time, que encerrou 2023 sem títulos.

– Acho que a crise mais difícil foi a agressão ao Pedro. Foi muito complicado tomar as decisões, dar apoio total ao jogador e reorganizar o ambiente para voltar ao trabalho. É claro que teve consequências. O time vinha em ótima fase, com uma atuação impecável contra o Grêmio e após quebrar o tabu com o Atlético-MG. A crise tirou o trabalho dos trilhos – relatou.

Ao ser questionado sobre a manutenção de Jorge Sampaoli no cargo, completou:

– Era uma decisão muito complexa. O ocorrido impactou a performance esportiva, sem dúvida. Estávamos na briga pelo Brasileiro e acreditávamos que poderíamos conquistar os três torneios. É difícil dizer se faria diferente, mas teve consequência, sim. A saída do Paulo Sousa também foi complicada, mas conseguimos reagir e conquistamos a Libertadores e a Copa do Brasil.

Spindel também revelou, pela primeira vez, quantas vezes o Flamengo tentou repatriar Jorge Jesus, que deixou o clube em 2020.

– Acho que umas três (risos). Tentamos muito o Jorge. Tivemos encontros, jantares, mas havia muita incerteza no Benfica. Se ele continuasse nas competições, era impossível vir. Tentamos novamente após o fim do contrato de Dorival, mas sempre havia impedimentos contratuais. Quando trouxemos o Sampaoli, ele já tinha proposta pesada da Arábia Saudita. Mas, sim, tentamos em três ocasiões – disse.

Durante a gestão de Bap, Spindel perdeu protagonismo no departamento de futebol. Apesar do bom relacionamento com o presidente, passou os últimos meses atuando apenas na transição para José Boto, novo diretor.

– As relações foram boas. Meu papel foi fornecer informações do passado, sobre atletas e estrutura, mais do que participar das decisões. Procurei garantir uma transição sem ruídos, de forma profissional e leal ao clube. Agora estou de baterias recarregadas, pronto para o próximo desafio – concluiu.

Fonte: S1Live