Bruno Spindel, uma figura de destaque na gestão do Flamengo, foi desligado do cargo de diretor executivo, uma decisão que ocorreu apenas oito meses após Luiz Eduardo Baptista assumir a presidência do clube. Spindel, que foi um dos principais responsáveis pela estruturação do futebol rubro-negro, viu seu espaço diminuir gradativamente sob a nova administração.
Trajetória no Flamengo
Spindel ingressou no Flamengo no final de 2012, inicialmente no setor de marketing, onde trabalhou ao lado de Bap para renovar o contrato com a Adidas. Em 2018, foi escolhido por Eduardo Bandeira de Mello para ser CEO, cargo que ocupou até janeiro de 2019, quando Rodolfo Landim assumiu a presidência. Desde então, Spindel passou a ser o diretor de futebol, função que exerceu até seu desligamento. Durante sua gestão, conquistou 13 títulos, consolidando-se como uma das figuras mais influentes do clube.
Reflexões sobre crises e decisões
Em uma conversa de mais de uma hora, Spindel abordou diversos temas que marcaram sua passagem pelo Flamengo. Um dos episódios mais desafiadores foi a agressão do preparador físico Pablo Fernández em Pedro, que ele definiu como a crise mais difícil de ser contornada. “Acho que a crise mais difícil foi a agressão ao Pedro. Foi muito difícil de tomar as decisões, dar apoio total ao Pedro, aparar todas as arestas para voltar ao trabalho”, afirmou Spindel, reconhecendo que a situação teve consequências esportivas significativas, culminando em um ano sem títulos para o Flamengo.
Sobre a permanência do técnico Jorge Sampaoli, Spindel admitiu que a decisão foi complexa e que o ocorrido teve impacto na performance da equipe. “Estávamos brigando para ser campeão brasileiro, desempenhando muito bem, acreditávamos que daria para brigar e até sair campeão nas três competições”, disse.
Tentativas de trazer Jorge Jesus de volta
Spindel também revelou que o Flamengo tentou trazer Jorge Jesus de volta ao clube em três ocasiões desde sua saída em 2020. “Acho que umas três (risos). A gente tentou muito o Jorge (Jesus). Encontramos com ele, jantamos com ele, mas havia uma situação muito incerta do Jorge no Benfica”, explicou, ressaltando que a situação profissional do treinador impediu seu retorno.
Mudanças na estrutura do futebol
Durante os oito meses em que trabalhou sob a presidência de Bap, Spindel perdeu protagonismo no departamento de futebol. Ele destacou que seu papel foi mais de fornecer informações para uma transição tranquila do novo diretor, José Boto. “Fui importante para que se fizesse uma transição sem qualquer tipo de descontinuidade”, afirmou.
Profissionalização e críticas ao departamento de futebol
Spindel abordou também a questão da profissionalização do departamento de futebol, afirmando que sempre foi uma área totalmente profissional. “A área de transição gerou receitas importantes com jogadores como Yuri César, Jean Lucas, Natan e Rodrigo Muniz”, disse, defendendo que a estrutura sempre foi bem organizada e que as críticas à falta de profissionalismo podem ter surgido de uma comunicação ineficaz.
Contratações e decisões difíceis
O ex-diretor também comentou sobre o processo de contratações, citando exemplos como Pablo Marí e Gerson, que chegaram ao Flamengo após análises detalhadas do scout. “Nenhum atleta chegou sem aprovação do scout. Todos os analistas assistiam, no mínimo, 15 jogos inteiros”, destacou.
Legado e futuro
Ao refletir sobre seu ciclo no Flamengo, Spindel expressou orgulho pelo legado deixado, ressaltando que, ao sair, o elenco valia R$ 1,5 bilhão, um crescimento significativo em relação ao início de sua gestão. “Coloquei o Flamengo acima de tudo para garantir uma transição suave”, concluiu, demonstrando gratidão pela confiança depositada em seu trabalho.
Com a saída de Spindel, o Flamengo se prepara para novos desafios, buscando manter sua trajetória de sucesso e conquistas no futebol brasileiro e internacional.