Com a volta de Jorge Jesus mais longe e a renovação de Marcelo Gallardo no River Plate, o Flamengo continua avaliando opções para o cargo de treinador em 2022. O clube fez consultas por dois argentinos: Jorge Sampaoli e Eduardo Berizzo . Enquanto o primeiro tem situação estável no Olympique de Marselha, o segundo, nome menos conhecido pelos brasileiros, está sem clube após uma passagem ruim pela seleção do Paraguai.
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Berizzo é um ex-zagueiro com passagens pelos gramados da Argentina e da Espanha, mercados em teve experiências como técnico. O argentino de 52 anos é um dos vários aprendizes do revolucionário Marcelo Bielsa (hoje no Leeds) espalhados pelo futebol. Os dois trabalharam juntos na seleção do Chile em 2007, quando Berizzo foi auxiliar-técnico.
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Apesar da experiência com um professor inventivo, o argentino é mais tradicional no tipo de jogo que gosta de apresentar, embora tenha herdado do mestre o detalhismo e a pessoalidade no trato com os atletas. Um adepto do 4-2-3-1 moderno, com dois pontas, um meia ofensivo e dois volantes que alternam funções, Berizzo preza por times capazes de executar mais de uma proposta em campo.
Suas equipes costumam tentar roubar a bola rápido, adiantando a linha de defesa e pressionando o oponente na maioria das partidas. Contra adversários mais complicados, o treinador tende a segurar suas linhas em seu campo, adaptando-se ao jogo e às aberturas. Foi assim que venceu duas vezes o Barcelona de Messi, Neymar e Suárez com o modesto Celta de Vigo.
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No ataque, é um técnico que gosta de verticalizar o jogo. Na Espanha, notabilizou-se pela posse de bola ofensiva, uma troca de passes intensa buscando oportunidades para que os pontas, o meia ou o atacante penetrem nos espaços entre as linhas dos rivais. A proposta funcionou bem no Celta, clube que o treinador argentino levou a duas semifinais de Copa do Rei (numa delas, eliminando o Real Madrid) e uma de Liga Europa, entre 2014 e 2017.
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Por outro lado, é uma ideia que demanda organização e comprometimento do time treinado por Berizzo, especialmente dos defensores, que acabam sendo mais exigidos na saída de bola. No Athletic de Bilbao, onde teve o menor aproveitamento da carreira (31.11% em 2018/19), a equipe ficou marcada pela forma fácil com que se desorganizava em campo. Na época, o técnico reforçou ter fé no seu estilo:
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— Acredito no que faço. Precisamos revisar e corrigir o que fazemos de errado, mas sempre terei fé no meu estilo de jogo. O futebol acaba te recompensando. Deve-se apostar no seu próprio estilo, no que sabe e eu não acredito que ganharemos se jogarmos de outra forma [...] Ter a posse de bola significa que você terá de usá-la de forma inteligente.
Além de Bilbao e Celta, Berizzo teve rápidas passagens pelo Estudiantes, no início da carreira, e pelo Sevilla, após a saída de Sampaoli. Seu segundo clube foi o O'Higgins, do Chile, onde foi campeão do Apertura de 2013 e da Supercopa do Chile de 2014, seus únicos títulos até hoje na carreira.
Na vida pessoal, lutou contra e venceu um câncer de próstata entre 2017 e 2018, descoberto pouco antes de deixar o Sevilla. Ainda na época em que era jogador, ficou marcado por uma suposta entrevista a um jornal mexicano na qual teria feito xingamentos homofóbicos a atletas do futebol francês. Na época, ele negou as palavras e disse que a entrevista nunca aconteceu.
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Sua última experiência como treinador acabou em outubro. Em sua primeira oportunidade numa seleção, Berizzo assumiu o Paraguai para o ciclo até o Mundial do Qatar, em 2022. Chegou às quartas de final da Copa América de 2019, ano em que foi contratado, e provocou um dos desafios mais complicados para o campeão Brasil naquela campanha — o Paraguai foi eliminado nos pênaltis. Mas a campanha iregular na segunda metade das Eliminatórias, longe da classificação, e uma goleada por 4 a 0 para a Bolívia colocaram um ponto final no trabalho.