Ano Novo, vida nova. O 2025 de Alcaraz começa como uma oportunidade de tirar das costas o peso de um rótulo nada amigável no retrospecto recente do Flamengo : ser a contratação mais cara da história do clube.
Desde que o Rubro-Negro se reestruturou financeiramente na gestão de Eduardo Bandeira de Mello e passou a aumentar o investimento no mercado, o "peso dos milhões" já atrapalhou outros jogadores no clube. Veja abaixo:
Contratado no meio de 2017 por 6 milhões de euros (R$ 22 milhões na cotação da época) junto ao Al Ahli, dos Emirados Árabes, o meia chegou ao Flamengo como a maior contratação do clube até então. Ele fez história com a camisa rubro-negra e por isso muitos torcedores podem não se lembrar que o seu início foi bem discreto.
Depois de um início promissor, com destaque num clássico contra o Vasco, Everton Ribeiro não conseguiu fugir das oscilações e chegou a ser alvo de críticas da torcida por não corresponder à grande expectativa em cima de quem já tinha sido eleito duas vezes o craque do Brasileirão. Tanto que terminou o ano vendo do banco de reservas do Maracanã o Flamengo perder o título da Sul-Americana para o Independiente, da Argentina.
O próprio Everton admitiu que ficou devendo em seu primeiro semestre no clube, com sete gols e seis assistências em 40 jogos. E se inspirou no seu passado no judô para dar o Ippon da volta por cima . Em 2018, passou a brilhar em jogos decisivos e a ser protagonista. Dali em diante, conquistou muitos títulos e a torcida e se transformou em um dos grandes ídolos rubro-negros.
O atacante chegou ao Flamengo comprado por 10 milhões de euros (R$ 44 milhões na cotação da época) do CSKA, da Rússia, no meio de 2018. Coincidência ou não, foi justamente quando tomou de Everton Ribeiro o rótulo de contratação mais cara do clube, e o meia se firmou.
Vitinho também sentiu o peso dos milhões até ter o seu valor superado. No primeiro semestre com a camisa rubro-negra, fez apenas três gols e deu cinco assistências em 28 partidas. Em 2019, ele comemorou quando o rótulo passou para Arrascaeta . Mas o atacante ainda demorou a engrenar.
Foi só em 2021 que Vitinho enfim deslanchou e viveu sua melhor temporada no Flamengo . De 12º jogador do time, virou titular nas ausências dos convocados Arrascaeta e Everton Ribeiro e terminou o ano como o grande garçom rubro-negro. Ao todo, foram 29 participações em gols (14 bolas na rede e 15 assistências) em 63 jogos.
Outro grande ídolo da torcida que pouca gente lembra do início difícil que teve no clube. Contratado no início de 2019 por 18 milhões de euros (R$ 79,5 milhões) junto ao Cruzeiro e ao Defensor, do Uruguai, Arrascaeta virou reserva do time comandado por Abel Braga. E para piorar, falhou no gol da derrota para o Fluminense que fez o Rubro-Negro ser eliminado na semifinal da Taça Guanabara (veja no vídeo abaixo) .
O meia uruguaio chegou a ouvir vaias da torcida em alguns momentos, mas começou a se redimir na Taça Rio, quando fez o gol do empate em 1 a 1 com o Vasco nos acréscimos e levou a disputa para os pênaltis, onde o Flamengo saiu campeão. Arrascaeta passou a ser titular depois disso, mas só passou a ter grande destaque com Jorge Jesus no segundo semestre. Ele terminou o ano com 18 gols e 19 assistências em 52 partidas.
Dali em diante passou a conquistar vários títulos e caiu nas graças da torcida como um dos maiores ídolos da história do clube. O Flamengo posteriormente comprou mais partes dos direitos econômicos de Arrascaeta por cerca de R$ 10 milhões, e o meia soube lidar bem com o fardo psicológico de ser a maior contratação do Flamengo até perder o rótulo para Pedro em 2021.
O centroavante chegou ao Flamengo em 2020 e viveu de cara um ano mágico: de janeiro a dezembro, foi o artilheiro do time com 21 gols e voltou a ser convocado para a seleção brasileira. Só que ele naquela altura ainda estava emprestado pela Fiorentina, da Itália. O Rubro-Negro só o comprou por 14 milhões de euros (R$ 88 milhões na cotação da época) na virada para 2021.
Pedro então passou a ser o jogador mais caro da história do clube. Coincidência ou não, a temporada seguinte foi sua pior em números com a camisa rubro-negra: "apenas" 18 gols em 46 jogos. Com Renato Gaúcho, o centroavante chegou a viver o maior jejum da carreira, após passar nove partidas em branco, e ainda viu uma lesão no joelho direito lhe atrapalhar na reta final de 2021. Viu do banco a perda do título da Libertadores para o Palmeiras.
O ano de 2022 também não começou legal para Pedro, que viveu novamente um grande jejum de 13 jogos e teve poucas oportunidades no primeiro semestre sob o comando de Paulo Sousa (o que levou sua mãe às lágrimas). O artilheiro só começou a dar a volta por cima com a chegada de Dorival Júnior e terminou a temporada com 29 gols em 59 partidas. Decisivo na Libertadores, foi eleito o Rei da América e se consagrou como ídolo do clube.
Pedro continuou como a contratação mais cara do Flamengo até perder o rótulo no último semestre para Alcaraz, meia argentino que custou US$ 20 milhões (R$ 110,6 milhões) para tirá-lo do Southampton, da Inglaterra. Apesar de uma estreia animadora contra o Corinthians, ele não se firmou e terminou 2024 com dois gols e duas assistências em 18 jogos.
Quando Alcaraz se reapresentar daqui a uma semana no Ninho do Urubu, para dar início à nova temporada, e subir na balança, a torcida espera que o meia esteja mais leve e sem o peso dos milhões nas costas para corresponder à grande expectativa em 2025.
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