Walter Junio da Silva Clementino, conhecido como Walter Minhoca, carrega consigo uma pequena mágoa em sua carreira, que, apesar de relativamente bem-sucedida, é marcada por um estigma. O ex-jogador, que vestiu as camisas de clubes como Cruzeiro, Flamengo, América-MG, São Caetano, Guarani, Marítimo-POR e Daejeon, da Coreia do Sul, é frequentemente lembrado por alguns torcedores como um dos piores camisas 10 que já passaram pelo Flamengo.
O Flamengo de 2006
Em 2006, Walter Minhoca foi apresentado como reforço de um Flamengo que conquistou o Campeonato Carioca e a Copa do Brasil, além de terminar o Campeonato Brasileiro na quinta colocação. Contudo, a equipe é frequentemente lembrada por seus jogadores menos populares, que vestiram camisas icônicas, como a 10, que um dia pertenceu ao ídolo Zico. Minhoca teve uma participação discreta naquela temporada, atuando em apenas 19 jogos, sem marcar gols, e deixou o clube após enfrentar quatro meses de salários atrasados. “Trabalhar e não receber é muito difícil. E peguei uma época em que fiquei quatro meses com salário atrasado”, desabafou.
Comparações e reflexões
A passagem de Minhoca pela Gávea ainda é um tema de comparação entre torcedores, que frequentemente contrastam o Flamengo de sua época com o clube atual, que se destaca financeiramente e pela presença de jogadores renomados. “Algumas pessoas me mandam essas comparações, essa zoeira, e confesso que peguei um Flamengo que não tem como comparar com o de hoje, em todos os sentidos: estrutura, salários, atletas, comissão técnica”, afirmou. Ele reconhece que, apesar de não ter sido o Flamengo idealizado pela torcida, não concorda com a ideia de que sua passagem foi a pior. “Se fosse o pior, não teria ganhado nada”, completou.
A ascensão no Ipatinga
Walter Minhoca foi um dos três reforços contratados pelo Flamengo do Ipatinga em 2006, um clube que vivia seu auge. No ano anterior, o Ipatinga conquistou o título mineiro em cima do Cruzeiro, que contava com jogadores renomados como Fábio, Edu Dracena e Fred. Minhoca, que era o camisa 10, chamou a atenção do Flamengo após ser vice-campeão mineiro em 2006. Junto com ele, o meio-campista Léo Medeiros e o atacante Diego Silva também se transferiram para o Rio de Janeiro.
Reflexões sobre a carreira
Atualmente com 43 anos, Minhoca admite que a falta de maturidade foi um fator que contribuiu para sua saída precoce do Flamengo, mesmo tendo a confiança do técnico Ney Franco. “Sempre costumo falar que vivi o céu e o inferno. Joguei como titular, foram 14 ou 15 rodadas pelo Brasileiro, depois dois meses de salário atrasado, automaticamente o meu futebol começou a cair”, refletiu. Ele reconhece que essa situação não foi exclusiva do Flamengo, pois em outros clubes onde passou, a falta de pagamento afetou seu desempenho. “Eu nunca tive psicológico para isso, era uma coisa que poderia ter trabalhado um pouco melhor”, lamentou.
O Flamengo atual e o espaço de Minhoca
Quando questionado se teria espaço no atual elenco do Flamengo, Minhoca é categórico. Em 2006, ele competia por posição com Renato Augusto, que estava recém-promovido das categorias de base e figurava nas convocações da seleção brasileira sub-20. “Acho que seria bem difícil estar no grupo hoje. Na função que fazia, o que me vem à cabeça hoje é o Arrascaeta. Não teria espaço”, analisou. Ele acredita que, assim como na época em que competia com Renato Augusto, hoje não haveria vaga para ele.
Uma nova fase como treinador
Atualmente, Minhoca assumiu o comando técnico do União Luziense, que ocupa a quinta colocação no Grupo A da terceira divisão do Campeonato Mineiro, com três empates e uma derrota. Ele revela que nunca havia pensado em ser treinador e que não possui formação específica para isso. “Nunca tive a pretensão de ser treinador, nunca fiz curso, nunca me preparei para isso. O conhecimento que tenho é dos anos que tive como jogador”, explicou. Apesar de não ter planos de longo prazo na nova função, ele se mostra otimista. “Pela evolução que a equipe vem tendo ao longo do campeonato, tenho certeza de que vai dar para alcançar a classificação e depois brigar pelo acesso”, afirmou.
A dualidade de torcer
Walter Minhoca foi revelado pelo Cruzeiro e passou muitos anos no clube, mas nunca escondeu seu amor pelo rival Atlético-MG. Mesmo após a aposentadoria, ele confessa que o sentimento por ambos os clubes é semelhante. “Nunca menti em relação a isso. Desde quando cheguei ao Cruzeiro com meus 16 anos, falei que minha família toda era atleticana”, revelou. Ele admite que, em jogos contra o Atlético-MG, sentia a pressão de ter que se destacar, pois acreditava que a única forma de um dia jogar pelo rival seria se destacando no Cruzeiro. “Acho que torço meio a meio. Eu passei tanto tempo no Cruzeiro que cheguei a chorar quando o clube foi rebaixado. Da mesma forma que quando o Atlético-MG ganhou uma Libertadores chorei também. É uma loucura, tem hora que nem eu me entendo”, concluiu.
Mais sobre Walter Minhoca
- Nome: Walter Junio da Silva Clementino
- Apelido: Walter Minhoca
- Idade: 43 anos
- Profissão: técnico de futebol | ex-jogador profissional
- Carreira: Cruzeiro, Ipatinga, Caxias, América-MG, Flamengo, Marítimo (Portugal), Al-Qadisiyah (Arábia Saudita), Daejeon Hana Citizen (Coreia do Sul), Botafogo-SP, Guarani, São Caetano, Betim-MG, ABC, CRB, Trindade, Serranense, Atlético de Muriaé e Villa Nova-MG.
- Títulos: Campeonato Mineiro (2005) e Campeonato Alagoano (2013).