Você sabia? Flamengo tentou tirar Reinaldo do Atlético-MG; ídolo alvinegro queria sair

Em junho de 1983, o maior ídolo da história do Flamengo se despedia do clube pela primeira vez: Zico foi vendido para a Udinese, da Itália, por 2 bilhões de cruzeiros, ou US$ 4 milhões (R$ 55 milhões em números atuais). Como o Rubro-Negro reporia a saída do seu camisa 10, tricampeão brasileiro, campeão da Libertadores e do Mundial?

— Desde que o Zico foi vendido que eu venho repetindo: preciso de um goleador... Com o Zico era muito fácil: ele ia lá e decidia. Venderam o Zico? Tudo bem. Mas agora preciso de um jogador que saiba decidir um jogo.

O apelo acima foi feito por Carlos Alberto Torres, então técnico do Flamengo, em julho de 1983, após empate sem gols com o Fluminense, no Maracanã, pelo Carioca. Campeão brasileiro em maio daquele ano, o Rubro-Negro sentia falta de Zico no início do Estadual.

Foi nesta época que Reinaldo, atacante do Atlético-MG, entrou na mira do Flamengo e queria se transferir para o Rio de Janeiro. O treinador rubro-negro chegou a citar o nome do ídolo atleticano em entrevista, indicando ser um dos primeiros nomes na sua lista.

O clube mineiro, no entanto, fez jogo duro. A transferência poderia alimentar uma rivalidade que nasceu forte nos anos 80, com o Flamengo superando o Atlético-MG em dois confrontos decisivos: na final do Brasileirão de 1980 e na primeira fase da Libertadores de 1981, derrotas que até hoje os alvinegros remoem.

Na decisão do campeonato nacional de 1980, Reinaldo foi o protagonista do Atlético-MG. No jogo de ida, no Mineirão, o atacante fez o gol da vitória atleticana por 1 a 0. Na volta, no Maracanã, o Flamengo venceu por 3 a 2 — Reinaldo fez os dois gols dos visitantes, e Nunes (2) e Zico garantiram a vitória do título rubro-negro.

Reinaldo e Zico em Atlético-MG x Flamengo, na década de 1980 — Foto: Divulgação

Chamado de "Rei" pelos atleticanos, Reinaldo é um dos maiores ídolos da história do clube. Revelado em 1973, destacou-se rapidamente por sua habilidade, inteligência tática e faro de gol, tornando-se o maior artilheiro da história do Atlético-MG, com 255 gols em 475 jogos.

Depois de 10 anos de destaque em Belo Horizonte, Reinaldo queria novos ares. Insatisfeito no Atlético-MG, pediu para ser negociado. O interesse do Flamengo o agradou e ele demonstrou impaciência com a diretoria alvinegra em entrevistas da época. Perguntado sobre a possibilidade de se transferir para o Rubro-Negro, o atacante desconversou em conversa com a reportagem da Globo:

— Depende do acerto da diretoria. Aqui ou lá, estou aí. Qualquer lugar... Eu e o Atlético não estamos em condições de ficar recusando proposta nenhuma — disse Reinaldo em 1983 (veja no vídeo que abre a matéria) .

— Na gestão do presidente Elias Kalil, julguei que tinha dado minha contribuição para tornar o Atlético um time ainda mais glorioso. Estava na hora de sair. Queria ir embora: apareceu à possibilidade de jogar no Flamengo. O próprio Kalil concordou, achou que eu estava certo. Prometeu que aceitaria minha venda, caso surgisse proposta — recordou o jogador posteriormente em entrevista à Placar.

Mas Kalil não contribuiu. Em 28 de junho de 1983, o jornal "Última Hora" publicou que o presidente do Atlético-MG dificultava a negociação e queria receber 530 milhões de cruzeiros por Reinaldo. O vice-presidente de futebol do Flamengo, Paulo Dantas, admitia pagar 300 milhões de cruzeiros, sendo parte deste valor coberta pela liberação de Vitor, meia rubro-negro que interessava aos mineiros.

No dia 1º de julho, o periódico noticiou com mais otimismo a negociação, informando que o presidente Kalil viria ao Rio de Janeiro tratar da venda de Reinaldo para o Flamengo. Diretor de futebol do Atlético-MG, Ivo Melo fixou o passe do atacante em 400 milhões de cruzeiros, valor mais próximo ao que o clube carioca considerava investir.

Jornal "Última Hora" noticia interesse do Flamengo em Reinaldo, do Atlético-MG — Foto: Arquivo/Biblioteca Nacional

As notícias seguintes, no entanto, não deram conta do encontro entre as diretorias. Elias Kalil disse, em entrevista no dia 18 de julho de 83, que o Flamengo não teria dinheiro para comprar o passe de Reinaldo. As negociações esfriaram.

— Irei ao Rio apenas para tomar um uisquezinho. Para tratar da venda do Reinaldo, não. O Paris Saint-German já chegou a nos oferecer US$ 1 milhão e nós não quisemos nem conversa — ironizou o dirigente atleticano.

Jornal "Última Hora" noticia interesse do Flamengo em Reinaldo, do Atlético-MG — Foto: Arquivo/Biblioteca Nacional

A insatisfação de Reinaldo aumentou com o jogo duro feito por Kalil e as recusas do presidente em vendê-lo: "Confesso que desanimei. Entrei em baixo estral", disse ele à Placar. Se o Atlético-MG não cedeu à proposta de um rival nacional, acabou vendo seu ídolo perder valor nos anos seguintes e se transferir para o maior rival: em 1986, o atacante foi jogar no Cruzeiro.

O Flamengo tentou repor a saída de Zico com nomes de impacto, mas não conseguiu trazer um substituto à altura de forma imediata. O clube acabou apostando em jogadores que já estavam no elenco para dividir a responsabilidade criativa e ofensiva que antes era centralizada no camisa 10. Puxado da base, Gilmar Popoca criou expectativa de ser o "novo Zico", mas não se concretizou. Antes da venda do seu ídolo, o Rubro-Negro ainda buscou Bebeto no Vitória. A aposta no jovem atacante se consolidou a partir do ano seguinte.

A possível ida de Reinaldo para o Flamengo não seria a primeira de um ídolo alvinegro para o Rio. Em 1973, Dadá Maravilha , campeão brasileiro pelo Atlético-MG em 1971, trocou o Alvinegro pelo Rubro-Negro. Depois de 36 gols em 76 partidas, o atacante voltou ao time de Belo Horizonte. Anos depois, Nunes fez o caminho inverso. Tricampeão brasileiro e campeão da Libertadores e do Mundial pelo Fla, o atacante se transferiu para o Atlético em 1986.

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Fonte: Globo Esporte
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