Embalado no Brasileirão após mais uma vitória, desta vez sobre o Atlético-MG , o Flamengo se blinda nos bastidores após a turbulência atravessada com a demissão do médico José Luiz Runco , que foi desligado após o vazamento de mensagem criticando as condições físicas de Nicolás De La Cruz .

Compatriota do meia, Matías Viña criticou a maneira como o caso foi tratado publicamente, o que gerou desconforto nos bastidores rubro-negros e até com os representantes do jogador.

“Não estamos com ele (Runco). Obviamente, não foi boa notícia de que saiu daqui de dentro. Mas, já foi, já foi demitido, não queremos falar do cara por que, obviamente, não sei se tratou do tema da melhor maneira. São coisas que não têm que ser tratadas na imprensa. Respeito todo mundo que está aqui, o trabalho de vocês, mas são coisas que é da porta para dentro. Ele tem muito tempo de futebol, mas não tratou do tema da melhor maneira”, disse o lateral após a partida do último domingo (27), na vitória por 1 a 0 sobre o Atlético-MG, respondendo sobre como está De La Cruz.

“Ele está bem (Nico). Nós estamos tratando de estar próximos dele. Agora está com a família. Eu não estou há tanto tempo no futebol e sei que tem coisas que não se manifesta imprensa. Mas, faz parte, agora é estar com ele, o Flamengo falou o que tinha para falar, e mais nada”.

O caso envolvendo Runco e De La Cruz caiu como uma bomba nos bastidores. Inicialmente, o presidente Luiz Eduardo Baptista, o Bap, não considerou o caso para demissão e tinha a intenção de manter o profissional.

Só que a guerra política que o clube vive desde a eleição no fim do ano pesou contra Runco. A mensagem publicada em um grupo onde estão presentes diversos aliados do antigo presidente Rodolfo Landim não caiu bem com a cúpula da atual diretoria rubro-negra, que pressionaram que Bap tomasse uma decisão.

“Prezado João. Boa tarde. Vou tentar passar a situação do De La Cruz. Jogador comprado em outra gestão, sem a menor condição, pois apresenta uma lesão crônica e irreparável no joelho direito, e uma lesão também no joelho esquerdo. Como somos bípedes, temos dificuldades de equilíbrio e equilíbrio muscular se algum membro já estiver afetado. Estamos tentando fazer o possível para que ele possa participar, mas é muito complicado. E, quanto a venda, só se houver algum clube que tenha interesse por outro motivo e não para jogar futebol competitivo. Atenciosamente”, escreveu o médico, no grupo que tem 71 membros.

Como publicou o ESPN.com.br , os líderes do elenco se incomodaram bastante com a exposição do caso de De La Cruz a pessoas de fora do ambiente do futebol do clube. A primeira reação foi de questionar a veracidade da mensagem, mas, após o vazamento de terça, a situação se agravou.

O meia Giorgian De Arrascaeta logo publicou foto ao lado do compatriota em sua conta no Instagram. “ Se trata de cuidar dos nossos. Simples assim ”, publicou o uruguaio em imagem com o companheiro.

Arrascaeta é só um dos diversos jogadores do elenco incomodados com a gestão médica do departamento, comandada desde o início de 2025 por Runco. Estafes de ao menos oito atletas confirmaram à reportagem a relação conturbada entre os médicos e os jogadores nos últimos meses.

Neste cenário, o presidente acabou cedendo e demitiu Runco. Só que, conforme apurou a ESPN , o médico foi apenas uma "gasolina na fogueira" na visão de alguns aliados de Bap. A fogueira, no caso a situação física de De La Cruz, continuará a ser um assunto que causará dor de cabeça no Ninho do Urubu. O atleta vem tendo dificuldade em ter uma sequência de jogos e não há uma boa expectativa para que esse cenário mude.

Há um entendimento que vai além de Runco e que se estende à cúpula rubro-negra: que o departamento médico da gestão passada, comandado por Márcio Tannure, aprovou o atleta sem os exames corretos, já que De La Cruz convivia com o mesmo problema no River Plate. O Flamengo pagou, à vista, mais de R$ 100 milhões pela contratação do atleta, que ainda não conseguiu retornar em campo aquilo que se esperava.

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