Três meses foram suficientes para Jorge Jesus mostrar o que pode fazer em campo, mas nos bastidores do clube o treinador, de 65 anos, ainda surpreende quem convive com ele.
Veja abaixo 10 curiosidades sobre o português, que faz nesta quarta-feira a partida mais importante desde que assumiu o comando do Flamengo:
Intensidade nos treinamentos
- Na quarta-feira da segunda partida contra o Internacional, em Porto Alegre, pelas quartas de final da Libertadores, Jorge Jesus surpreendeu o time ao mandar todo mundo a campo no CT de Viamão. Atividades em dias de jogo não são nada comuns no Brasil. E o treino foi longo, físico, tático e de bolas paradas. Depois desse dia, repetiu treinamentos em dias de jogo, mas nenhum deles com tanta intensidade.
Jorge Jesus, técnico do Flamengo — Foto: André Durão
Análises em repetição
- O treinador e sua comissão não se cansam de rever as partidas do time. O processo começa logo após os jogos. Em viagens, é comum vê-lo assistindo já no avião. Em alguns momentos, os jogadores costumam ser acionados ainda dentro da aeronave. Já teve atleta que levantou-se para ir ao banheiro e só conseguiu completar a missão após "pagar pedágio" de instrução com o treinador.
Homem de preto
- Jesus vestiu somente preto por praticamente uma década em sinal de luto pela morte da mãe, Maria Elisa, em 1994, em decorrência de um câncer. O look chamava a atenção de curiosos que não tinham ideia do motivo. Em entrevista à publicação portuguesa "Nova Gente", certa vez, explicou: "Eu queria-a sentir, achava que era uma forma de a sentir. Minha mãe era uma santa".
Pimba
- No quesito musical, Jesus diz que não tem um estilo preferido, mas que gosta de ouvir músicas do tipo "pimba". Na tradução, cantigas folclóricas e românticas que têm o cantor Tony Carreira como um dos principais expoentes. Quem conta a história é o jornalista e comentarista português Tomás Cunha, da Eleven Sports.
Português na ponta da língua
- Durante o auge da carreira, no Benfica, Jorge Jesus chamou a atenção de gigantes europeus. O treinador teve propostas do Atlético de Madri, do Valencia e até do Milan, ao qual admite que não recusaria com a cabeça que tem atualmente. Na ocasião, porém, entendia não ter motivos para deixar Portugal. À boca pequena, há quem diga que o motivo é o Mister não ter fluência em outro idioma.
Desapego na Arábia
- Jorge Jesus teve início no Al Hilal igualmente arrasador ao que tem no Flamengo. Era líder com folga do campeonato local pelo time atual de Gustavo Cuéllar e o treinador mais bem pago da nova leva de investimentos do país. A fase era tão boa que os sheiks o chamaram para troca do contrato que duraria um ano por um mais longo. O português de pronto recusou, disse que não aceitava e fez as malas. O fim do Al Hilal não foi bom sem o treinador e a equipe acabou perdendo o título. No Flamengo, o vínculo também é de um ano.
Jorge Jesus Al Hilal — Foto: Al Hilal / Divulgação
Cigano nos tempos de jogador
- Quando jogador, Jesus era um andarilho da bola. Defendeu 14 clubes em Portugal em 18 anos de carreira e divide com outros dois compatriotas o posto de jogador que mais camisas vestiu no país. Meio-campista, defendeu apenas um dos três grandes: o Sporting, clube do coração de seu pai. Como treinador, a lista não é menor. O Flamengo é o décimo quarto clube do Mister em duas décadas de profissão.
Zico nas retinas
- Amante do futebol brasileiro, Jorge Jesus engrossas a lista de fãs incondicionais da Seleção da Copa de 82, na Espanha. Aos 28 anos, ainda jogador em Portugal, se encantou com o time de Telê Santana e, especialmente, com Zico. O maior ídolo rubro-negro foi o jogador que "mais ficou marcado em sua retina", disse Jesus ao programa "11", de Portugal. A identificação com o Flamengo não é de hoje.
Peixes e chicletes
- Jesus mora sozinho no Rio e nos raros momentos em que não está trabalhando, costuma sair para comer em restaurantes. No cardápio, peixes e nada de "bebidas brancas" (destilados como vodca, gin e derivados), como falam em Portugal. À beira do gramado, o torcedor rubro-negro já se cansou de ver: ele masca chicletes. Em sua terra natal diziam que chegava a gastar duas caixas de gomas de mascar por partida.
'50 Cent'
- O famoso rapper americano, autor do refrão "I do know what you heard about me", entre outros, já tirou o treinador do sério. Quem conta a história é o ex-jogador português Jorge Manuel Rebelo Fernandes, conhecido como Silas por lá e atualmente no Sporting. Jesus era técnico do Belenenses. "Lembro-me de uma vez estarmos a treinar no Estádio do Restelo e ao mesmo tempo o conhecido "50 Cent" estar a ensaiar para um concerto que ia dar no mesmo estádio um ou dois dias depois. Portanto, estávamos nós a treinar em 3/4 do campo e no fundo, no topo norte, estava o palco e o "50 Cent". O Mister queria fazer-se ouvir, mas com o barulho que eles faziam era impossível; Então, o Mister começa aos gritos com o “50 Cent” para que ele parasse de ensaiar... Foi mais ou menos assim: "Oooohhh para essa merda", e o “50 Cent”, que não percebia nada do que ele lhe estava a dizer, continuava a cantar... e o Jorge Jesus continuava a gritar. Foi realmente muito engraçado".
Jorge Jesus nos tempos de Sporting — Foto: Reprodução/Twitter