O segundo confronto que mais demorou a acontecer nesta edição de Brasileirão é certamente o que mais entregou bom nível e entretenimento se somados os dois turnos. Flamengo e Internacional já tinham feito uma ótima partida há 32 dias em Porto Alegre. E na tarde deste domingo, na capital carioca, não foi diferente. Cada equipe foi superior em um tempo de jogo.
O rubro-negro produziu mais ao longo de toda a partida. Fez uma 1ª etapa de manual impulsionado pela ótima marcação no campo de ataque e pelo entrosamento entre Gerson e Wesley pela direita. Mas viu o Inter se superar com as adaptações táticas feitas por Roger Machado após o intervalo e quase cedeu o empate. O 3x2 acabou sendo justo com a história do duelo.
Escalações
Filipe Luís escalou De la Cruz como titular pela primeira vez desde a lesão do uruguaio em outubro. Pulgar foi o desfalque. Plata e Bruno Henrique iniciaram a partida pelo centro do ataque. Gabigol ficou no banco. Já Roger Machado contou com o retorno de Thiago Maia. Bruno Henrique voltou a ser suplente. Borré desfalcou o ataque. Enner Valência foi titular.
O jogo
A ótima partida protagonizada por flamenguistas e colorados no 1x1 de 30 de outubro estava bem viva na cabeça de quem gosta do futebol bem praticado. E uma das equipes não decepcionou na 1ª etapa, a rubro-negra, que brindou o grande público presente no Maracanã com muita imposição e apetite para tomar conta das ações. O Inter foi dominado de uma forma há algum tempo não vista.
Teve três boas chegadas ao ataque nos 48 minutos iniciais, todas elas explorando as ultrapassagens de Bernabei e a qualidade de Alan Patrick para acioná-lo pela esquerda. Apenas uma se transformou em chance de gol, na finalização de Bruno Tabata defendida por Rossi, mas não foi esse o padrão da etapa inicial.
A começar pelas constantes pressões feitas pelo Flamengo na saída de bola vermelha. Michael e Plata cuidavam dos zagueiros. Bruno Henrique vigiava os movimentos de Fernando por trás desta primeira pressão. Alex Sandro ''saltava'' alguns metros para impedir a ação de Bruno Gomes. De la Cruz fazia o mesmo para inibir Thiago Maia pelo meio. Gérson cuidava de Bernabei.
Sem ter um goleiro tão confiável para o jogo com os pés, o Inter acabou forçando muitos passes longos, quase todos endereçados ao ponta Wesley pela esquerda, mas o seu xará, o lateral rubro-negro, ganhou todos os duelos de ''primeira'' e ''segunda'' bola. Léo Ortiz o auxiliou bem. Evertton Araújo era importante para oferecer suporte e controlar a bola no momento seguinte.
A partir daí o Flamengo se colocava no campo de ataque com movimentos intensos e coordenados. Muita agressividade diante de uma marcação longe do ideal por parte dos gaúchos. Gérson e Wesley se entendiam muito bem pela direita. Tabelavam, revezavam a zona de ataque. Michael e Alex Sandro faziam o mesmo pela esquerda. Plata e Bruno Henrique mexiam-se incessantemente por dentro.
Rochet já havia feito duas ótimas intervenções em finalizações de Bruno Henrique e Gérson, mas não pôde fazer nada na linda cabeçada de Léo Ortiz. As cobranças de escanteio de De la Cruz pela esquerda foram outra arma importante para levar perigo. Alex Sandro já assustara assim.
Sem conseguir trocar passes no campo de ataque com regularidade ou subir a marcação de forma eficaz, o Colorado foi cada vez mais sendo envolvido. Levou o segundo gol em mais uma ótima jogada de Gérson, desta vez em rebote de falta da entrada da área. Michael completou para as redes o cruzamento de Alex Sandro.
O terceiro gol do Flamengo veio antes do intervalo. Na reta final da 1ª etapa, recuou o bloco de marcação e atraiu mais vezes o Inter. Conseguiu explorar o espaço para contragolpear em nova associação de cinema entre Gérson e Wesley pela direita. O lateral, impecável no ataque e na defesa, cruzou para Michael marcar mais um.
Faltou competitividade ao Inter quando o jogo começou a fugir daquilo que deixa a equipe de Roger confortável em campo. Vitão e Rogel não achavam a melhor forma de combater Bruno Henrique e Plata. Fernando, atrasado em alguns lances, tentava auxiliá-los, mas se distanciava de um batido Thiago Maia.
Bernabei e Bruno Gomes tiveram muitos problemas para deter o jogo pelo lados. Tabata e Wesley não conseguiram ajudá-los como necessário. De quebra, Enner Valência perdeu todos os duelos para Léo Ortiz e Léo Pereira nas tentativas desafogo do Inter até o intervalo. Apesar do cenário, o Colorado voltou sem substituições para a 2ª etapa.
Como já havia acontecido no final do 1º tempo, o Inter conseguiu fazer com que o jogo se desenvolvesse mais tempo dentro do campo do Flamengo. Se expôs a ataques como o que gerou o terceiro gol do Mais Querido, mas pôde conectar suas peças com maior regularidade. Conseguiu diminuir logo aos nove minutos, com Wesley, em lindo chute da entrada da área.
A nova realidade do jogo proporcionou ao Inter subir o bloco de marcação, algo que também sabe fazer muito bem. Forçou alguns erros do Flamengo e chegou ao segundo gol em lance de origem polêmica. O árbitro Rodrigo José trombou com Plata no meio-campo e impediu o equatoriano de chegar em um passe. Bernabei cruzou para Enner Valência ganhar de Léo Pereira e marcar.
Além da mudança de contexto tático no jogo, o Inter voltou para a 2ª etapa com Fernando compondo uma linha de cinco com os zagueiros e laterais. Uma ação contra o ataque em massa que o Flamengo fazia à última linha colorada. O volante foi sacado já na metade final do tempo complementar para a entrada de Bruno Henrique.
Rômulo, Gabriel Carvalho e Clayton já haviam ido a campo. Roger perdeu Vitão lesionado e optou por tirar Thiago Maia e Bruno Tabata. Depois foi a vez de Wanderson substituir Wesley. Mesmo com a melhora colorada, não é possível dizer que o Flamengo deixou de produzir no 2º tempo.
Plata cresceu com espaços para atacar e Rochet trabalhou bem em alguns lances. Pegou chutes promissores do equatoriano. Alcaraz entrou mal no lugar de De la Cruz. Fabricio Bruno foi ao gramado na vaga de Léo Pereira. Gabigol e Varela entraram depois dos 40 minutos. O apagado Bruno Henrique foi sacado, assim como Plata.
O Inter manteve a luta na busca pelo empate. Enner Valência se transformou totalmente de um tempo ao outro. Infernizou os zagueiros. O Flamengo sofreu demais para deter os gaúchos também nas bolas paradas aéreas. Rogel e Bruno Henrique chegaram muito perto de empatar em jogadas assim nos últimos minutos, mas a oitava vitória do Mais Querido em 13 jogos com Filipe Luís se confirmou.